Alta do dólar ameaça férias de julho, o pão e o cimento
Valorização da moeda em maio encarece viagem no meio do ano e mexe com os preços
Pablo Vallejos
Rio - A alta do dólar, que só em maio chegou a
4,5%, ameaça as férias de julho, o preço do pão francês e até do cimento
que o brasileiro usa na reforma da casa. Pressionadas pela valorização
da divisa, as agências de turismo criam promoções relâmpago e alertam: é
preciso optar por pacotes promocionais e quem vai para fora do país
deve levar dinheiro em espécie. Ontem, o dólar fechou cotado em R$2,12,
com queda de 0,88%.
Para quem acaba de voltar de roteiro
internacional e abusou do cartão de crédito, a dor de cabeça pode ser
maior ao receber a fatura deste mês. Afinal, vale a cotação da data de
emissão do boleto, que deve ocorrer com o dólar em alta.
O
corretor Ronaldo Collares se programou para viagem aos Estados Unidos,
em julho. O segredo, ele sugere, é garantir o dólar antes que suba mais
Foto: João Laet / Agência O Dia
Já quem fechou a programação para o
exterior precisa de um cuidado maior. “As companhias aéreas e as
agências tentam fazer promoções para compensar a alta da moeda”, afirma
Fernanda Guimarães, sócia da agência de viagem Check-in Turismo, no
Centro.
Como os gastos em viagens são inevitáveis, ela
diz que pode acontecer dos brasileiros reduzirem os dias lá fora e
controlarem mais os gastos. Tendo em vista que o Imposto Sobre Operações
Financeiras (IOF) no exterior é de 6,38% e ao usar um cartão pré-pago
ou cheque de viagem paga-se 0,38% de taxa, Fernanda avisa: “É melhor
levar o dinheiro vivo”.
O corretor de imóveis Ronaldo Collares seguirá a
dica:levará metade do valor em cartão pré-pago e o resto em espécie.
“Vou ficar 9 dias nos Estados Unidos, em julho, e já comprei o dólar
para evitar que pague mais se a moeda continuar subindo”, conta.
Se isso acontecer, a alta afetará a ida até
padaria, diz Marcello Bolzan, especialista em Economia Internacional.
Segundo ele, quando o dólar sobe, o pão tende a encarecer, por conta da
alta do trigo. O mesmo ocorre com o cimento, que tem parte dos insumos
importados. A carne, forte na exportação, pode ficar mais barata. TENHA PRESSA
Quem pensa em viajar no meio ou no fim do ano
precisa comprar dólar e o pacote agora, segundo George Irmes, presidente
da Associação Brasileira das Agências de Viagens do Rio. “Vale até
parcelar, além de garantir o câmbio, que é convidativo, por enquanto”,
diz.</CW> ITENS AFETADOS
Dois dos itens prediletos do brasileiro são
afetados pela valorização: o pão francês e a carne. Gilberto Braga,
professor de Finanças do Ibmec, detalha: “Enquanto o trigo para fazer o
pão é comprado na Argentina, a carne pode ser mais exportada com dólar
alto”. O especialista explica que, quando a moeda norte-americana sobe, é
ruim para a inflação, mas bom para a exportação do país. “Essas
alterações não são garantidas a curto prazo”, afirma. O cimento também
tende aumentar. CONSULTE ANTES
O especialista Marcello Bolzan lembra: “compras
pela web ou de aplicativos móveis consideram a cotação do dia em que
foram feitas”.
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