Rádio Acesa FM VR

domingo, 23 de junho de 2013


Sul Fluminense e Costa Verde
Cerca de 33 mil pessoas participaram esta semana de manifestações realizadas nas principais cidades da região. As primeiras aconteceram em Barra Mansa, onde 5 mil pessoas participaram do ato de forma pacífica, e em Valença, que reuniu ao menos 1,5 mil pessoas. Volta Redonda teve o maior protesto da região: 15 mil pessoas foram às ruas na última quinta-feira. No mesmo dia, 3 mil manifestantes promoveram um ato em Resende, que chegou a parar a Rodovia Presidente Dutra. Aproximadamente 5 mil moradores de Angra também se manifestaram na quinta-feira.
Na sexta-feira, foi a vez de Barra do Piraí e Pinheiral aderirem aos protestos. Duas mil pessoas se mobilizaram em Barra do Piraí e Pinheiral reuniu mil pessoas.
Para o sociólogo Gilberto Caldas, a postura da população foi muito positiva e classificada por ele até como surpreendente, "devido à índole pacífica dos brasileiros, diferente de outros países vizinhos como: Uruguai, Argentina e Chile".
Caldas disse que a explosão do movimento se deu principalmente pelos avanços na tecnologia da informação e pelo sentimento de impunidade passado a população.
- As emissoras deram destaque aos bastidores do serviço público. Todos os casos de corrupção que vieram à tona foram descobertos pela mídia, mas não foram punidos com o rigor que os órgãos responsáveis deveriam. Isso provocou uma indignação na população - avaliou.
Além disso, o sociólogo aponta que a população não tem recebido a necessária atenção e assistência.
- Ficou claro com esses protestos que a classe que está no poder não administra para o povo, mas trabalham em situação de proveito próprio. Eles acabaram criando uma casta própria, e o povo está vendo tudo isso, criando frustração - afirmou.
Caldas apontou os gastos com o dinheiro público nas Copas da Confederação e do Mundo, aliadas a declaração do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, como combustíveis para desencadear as manifestações.
- No mês passado o Joaquim Barbosa deu uma declaração que nenhum partido representa o povo, e disse que o Executivo estava comprando o Legislativo, e isso apertou o gatilho. Fora isso, teve a intervenção da Fifa com imposições que feriram a constituição e atingiu a cultura brasileira - comentou.
- No Rio não podia se vender cerveja, mas nas Copas vão poder. Na Bahia, eles impediram a venda de acarajé próximo aos estádios. Também no Rio, tiraram o direito das cadeiras cativas do Maracanã, mudaram os hábitos do povo brasileiro e isso também trouxe revolta. A paixão nacional também despertou o ódio - acrescentou.
Ainda na opinião de Gilberto Caldas, após todas essas manifestações vai haver mudanças, mas de forma gradual.
- São milhões, e esse povo vai mudar alguma coisa. Mas é uma mudança multifacetária, em setores como Moradia, Saúde, Transporte Público, entre outros - disse.


Prefeitos afirmam que estão dispostos a ouvirem pedidos
Os prefeitos da região afirmaram ser favoráveis à mobilização e garantiram estar abertos a discussões. Segundo o prefeito Jonas Marins (PCdoB), nenhuma reivindicação ainda foi repassada a ele, antes ou depois das ações.
- Formalmente não recebi nenhuma reinvindicação, porém imagino que eu nem precisaria receber. O momento que estamos vivendo é de reflexões do papel do gestor público. A população quer mobilidade urbana, melhoria na Saúde, Educação, no Transporte Público, então é isso que nós vamos buscar - afirmou.
Ele destacou que já existem em Barra Mansa alguns projetos para diminuir o valor da passagem, umas das principais reinvindicações dos manifestantes.
- Vamos rediscutir o preço da passagem e a melhoria na qualidade do transporte público. Temos que apertar mais elas (empresas de ônibus), cobrando isso, sob pena, até, de perder a concessão se não formos atendidos - falou.
O prefeito definiu o momento como um "dever de casa" dos governantes que devem buscar a mudança pedida nas ruas e correr atrás das melhorias.
Ele se disse solidário aos manifestantes e ficou muito feliz pela iniciativa da população de Barra Mansa.
- Eu sou solidário a eles, mesmo porque venho de um partido de lutas sociais. Eu achei a participação de Barra Mansa espetacular, inclusive, no quesito paz e segurança - comentou, acrescentando que queria estar presente no protesto, mas por orientações nas redes sociais, de não haver presença política no movimento, ele respeitou.
O comunista ainda frisou que se houver à procura do diálogo, ele estará aberto e preparado para ouvir e buscar o debate.

Neto também apoia o movimento
Segundo o prefeito Antônio Francisco Neto (PMDB), até o momento nenhum tipo de contato foi feito pelos manifestantes, mas também ressaltou que está disponível para conversar com os manifestantes.
- Nós não recebemos nada. Eu só vi um panfleto com colocações sobre a Rodovia do Contorno e o Bilhete Único - disse, aproveitando para informar que as obras da rodovia já foram retomadas.
Neto afirmou ainda que a Suser (Superintendência de Serviços Rodoviários) fará uma apresentação nos próximos dias para informar à população sobre o que está sendo feito para iniciar o processo do Bilhete Único, e garantiu: "Estamos seguindo rigorosamente o cronograma do Bilhete Único. Em julho teremos uma audiência pública e até dezembro deveremos ter o bilhete implantado no município".
Sobre as manifestações, Neto foi categórico ao afirmar ser a favor do movimento.
- Eu acho que é uma nova fase desse país. Faz parte da democracia. É um movimento muito justo e tem todo o nosso apoio - declarou.


Conceição Rabha diz que reivindicações são justas
Em Angra dos Reis, a prefeita Conceição Rabha, através de uma rede social, disse que as reivindicações e a participação da população e da juventude nos movimentos são justas e legítimas.
Ela exaltou o fato de que, em Angra, a manifestação ocorreu sem incidentes de violência ou vandalismo.
- Quero parabenizar a população angrense. Aqui deram exemplo de civilidade e cidadania. Uma manifestação genuína, sem incidentes de vandalismo, com muitos jovens, e que serve de alerta a todas as autoridades - disse a prefeita. E completou: "O Brasil está dizendo chega de impunidade. Temos em todo o país e aqui mesmo em nossa cidade, queixas sobre a impunidade. Isso tem que acabar".
Conceição criticou as cenas de vandalismos e depredação presenciadas em várias cidades do país e disse que este tipo de manifestação de uma minoria deve ser repreendida por todos, pois representa ‘risco à democracia'.

Rechuan é o único que já foi procurado por manifestantes

Único a ser procurado até agora por líderes do movimento, o prefeito de Resende, José Rechuan (PP), disse que o debate entre o Poder Público e a população é bom.
Rechuan disse que na pauta de reinvindicações dos manifestantes o foco é o transporte público.
- Eles pediram a diminuição do valor da passagem; o controle da gratuidade, sobretudo dos alunos das redes municipal e estadual; melhoria do transporte público, com faixas exclusivas para os ônibus; e a diminuição do tempo de deslocamento dentro do município - falou, reforçando que, antes mesmo dos protestos, já existia um projeto de mudança viária na cidade que beneficiará a mobilidade urbana.
O prefeito lembrou que, com a medida do governo federal de diminuir os impostos aliada aos esforços do município, é possível diminuir o valor da passagem.
Ainda de acordo com Rechuan, as manifestações realizadas de forma pacífica são ótimas.
- Elas são ótimas se realizadas de forma pacífica, e sempre trazem resultados como foram as "Diretas Já" e o "Fora Collor". Nós repudiamos as ações violentas contra o patrimônio público e privado e a temos consciência de que esse grupo que prática isso não tem nada a ver com o protesto - declarou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua mensagem. Entre em contato com a nossa redação através do WhatsApp (24) 9 9914-5825