Embora existam planos e ações voltadas à questão do letramento digital, projetos como cursos de informática para idosos são poucos
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A educação digital, não só para os idosos, é um meio de melhorar a relação humana com a tecnologia – Foto: 123RF |
“Esse aumento, que aparece nos dados do IBGE, é reflexo ainda de um passado da pandemia. Principalmente em relação aos idosos, nós tivemos um aumento de conectividade e busca de informações e de contatos sociais por meio das redes. Então é um reflexo de um momento em que as pessoas ficaram isoladas. Para além dessa questão do isolamento, muitas pessoas perceberam que era importante fazer esse investimento”, explica Meire. Segundo ela, com o aumento da institucionalização das tecnologias para realizar tarefas básicas como marcar exames médicos nos aplicativos do SUS, chamar carros de aplicativo ou fazer transações bancárias, “você precisa estar incluso digitalmente”.
Integração tecnológica para idosos
Para além dos usos da tecnologia é necessário pensar no processo de integração da terceira idade com a tecnologia. “Conforme nós vamos envelhecendo, nosso processamento de informação vai se modificando. Quando você vai apresentar para uma pessoa mais velha uma informação absolutamente nova, que ela nunca viu na vida, é importante que você apresente com um processo onde ela vai fazendo associações com outras informações já recebidas ou com questões já vividas, e, mais importante ainda, que tenha um aspecto de necessidade cotidiana”, comenta Meire.
A professora, que coordena o programa USP 60+ na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, diz que no começo dos cursos voltados ao letramento digital se utilizavam computadores. Hoje, o foco é no letramento digital por meio de celulares e tablets, principalmente considerando as aplicações diárias que essas tecnologias podem ocupar nas nossas vidas.
Meire ainda salienta que o letramento digital no Brasil é baixo em todas as idades. Mesmo sendo um país com o uso massivo de celulares, os brasileiros em geral não se encontram na condição de letrados digitais. Embora existam planos e ações voltadas à questão do letramento digital, projetos como cursos de informática para idosos são poucos. “As políticas, elas teriam que ir em um caminho principalmente de privacidade e de proteção. A universidade tem feito, tem cumprido bem este papel de trabalhar os processos educativos nas chamadas universidades da terceira idade, como os projetos que nós temos dentro da USP. No entanto, na história governamental, é preciso um investimento nesse tipo de política que nós ainda não temos.”
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Meire Cachioni – Foto: Reprodução/ResearchGate |
Para além dos usos da tecnologia é necessário pensar no processo de integração da terceira idade com a tecnologia. “Conforme nós vamos envelhecendo, nosso processamento de informação vai se modificando. Quando você vai apresentar para uma pessoa mais velha uma informação absolutamente nova, que ela nunca viu na vida, é importante que você apresente com um processo onde ela vai fazendo associações com outras informações já recebidas ou com questões já vividas, e, mais importante ainda, que tenha um aspecto de necessidade cotidiana”, comenta Meire.
A professora, que coordena o programa USP 60+ na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, diz que no começo dos cursos voltados ao letramento digital se utilizavam computadores. Hoje, o foco é no letramento digital por meio de celulares e tablets, principalmente considerando as aplicações diárias que essas tecnologias podem ocupar nas nossas vidas.
Meire ainda salienta que o letramento digital no Brasil é baixo em todas as idades. Mesmo sendo um país com o uso massivo de celulares, os brasileiros em geral não se encontram na condição de letrados digitais. Embora existam planos e ações voltadas à questão do letramento digital, projetos como cursos de informática para idosos são poucos. “As políticas, elas teriam que ir em um caminho principalmente de privacidade e de proteção. A universidade tem feito, tem cumprido bem este papel de trabalhar os processos educativos nas chamadas universidades da terceira idade, como os projetos que nós temos dentro da USP. No entanto, na história governamental, é preciso um investimento nesse tipo de política que nós ainda não temos.”
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Daniel Abs – Foto: ResearchGate GmbH |
O psicólogo também comenta que a educação digital, não só para os idosos, é um meio de melhorar a relação humana com a tecnologia, promovendo uma maior consciência sobre as relações sociais e sobre perigos enfrentados nas redes, como fake news, compartilhamento de dados pessoais, golpes digitais etc. “Agora os idosos se concentram nos smartphones e nos tablets. A partir daí é que eles vão avançando para tecnologias mais avançadas. Mas se você não tem conhecimento básico de buscas e das redes sociais, você não consegue avançar. Por isso que é tão importante esse processo inicial”, completa Meire Cachioni.
*Sob supervisão de Paulo Capuzzo
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