Uma pesquisa nacional com 970 nutricionistas que atuam no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) revelou dados preocupantes sobre as condições de implementação da política pública. O estudo, realizado pelo Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ) em parceria com o Conselho Federal de Nutrição (CFN), a Federação Nacional dos Nutricionistas (FNN) e a Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), com apoio de outras organizações parceiras, aponta que 83% das nutricionistas consideram insuficiente o número de profissionais no programa e que 47% afirmam não haver condições necessárias para o cumprimento das diretrizes nutricionais estabelecidas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Outro dado relevante mostra que 44,8% das nutricionistas avaliam como insuficientes os recursos financeiros destinados à alimentação escolar, dificultando a oferta de refeições saudáveis ao longo de todo o ano letivo. Embora a maioria das profissionais (68,6%) concorde totalmente com a restrição a ultraprocessados, grande parte ressalta os obstáculos práticos para sua implementação, como orçamento reduzido, infraestrutura precária e a baixa aceitação dos cardápios por parte de alunos e famílias.
A pesquisa também acende um alerta sobre interferências externas no PNAE: 47,5% das nutricionistas relataram ter presenciado influências políticas ou econômicas que prejudicaram decisões relacionadas à alimentação escolar.
No campo da agricultura familiar, apesar de 91,8% das entidades executoras adquirirem alimentos por meio de chamadas públicas, mais de um quarto (26,3%) ainda não atinge o percentual mínimo de 30% previsto em lei.
Para a presidenta do CFN, Erika Carvalho, os resultados reforçam a necessidade de fortalecer a presença de nutricionistas no programa e garantir condições adequadas de trabalho: “O PNAE é uma das políticas públicas mais importantes do país e referência internacional. No entanto, sem investimentos em infraestrutura adequada e número insuficiente de nutricionistas, o programa fica ameaçado. É urgente assegurar condições reais de implementação para que estudantes tenham acesso a refeições saudáveis, seguras e adequadas”, afirma.
A presença de nutricionistas é fundamental para a efetividade do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), considerado a principal política pública de alimentação e nutrição do país. É esse profissional que garante a qualidade técnica das refeições, o cumprimento das diretrizes nutricionais e a promoção de hábitos alimentares saudáveis para milhões de estudantes. Investir em melhores condições de trabalho e na ampliação da atuação de nutricionistas no PNAE é assegurar que o programa cumpra plenamente sua missão social e educativa.
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