Fantástico e incrível. Duas palavras que o goleiro Tim Krul
repetiu diversas vezes durante sua passagem pela zona mista de
entrevistas da
Arena Fonte Nova, depois de sair do banco nos instantes finais da
prorrogação para defender dois pênaltis contra a Costa Rica e
classificar a Holanda para a semifinal da Copa do Mundo. A substituição
ousada de Van Gaal se justificava pela pouca experiência do titular
Cillessen, com apenas 13 partidas pela Laranja Mecânica, que se irritou
ao saber da troca. Ainda assim pegou muitos de surpresa. Afinal, o
reserva, de 26 anos, não tinha histórico de defender penalidades antes
de se tornar gigante na tarde de sábado na Fonte Nova.
Nas
últimas quatro temporadas da Premier League, o Campeonato Inglês, Krul
esteve em 20 cobranças de pênalti pelo Newcastle. Salvou uma do craque
Lampard, mas ao todo foram apenas duas defesas. Porém, durante os
treinamentos ganhou a confiança do treinador da Holanda, que elogiou a
envergadura do goleiro, de 1,93m. E ele agradeceu.
- O técnico tinha mais uma substituição, e pensava em me
usar, ele tinha dito. Fico muito orgulhoso por ele acreditar em mim e tomar uma
decisão difícil como essa faltando apenas dois minutos. E foi incrível. Durante
os treinos, ele (Van Gaal) sabe das minhas qualidades. Consegui salvar, foram
dois pênaltis. Agora estamos na semifinal. Será um grande jogo com a Argentina - afirmou o camisa 23, projetando a semifinal de
quarta-feira, em São Paulo.
Questionado se era o melhor momento da sua carreira, Krul
deu um breve sorriso e foi simples e direto:
- Claro, é uma Copa do Mundo.
Krul é titular
absoluto do Newcastle desde 2010. Na seleção holandesa, passou pelas categorias de base, mas
só fez cinco jogos como titular. Eleito pelos torcedores o melhor jogador do
clube em 2013, o goleiro já é ídolo, apesar da pouca idade, e teve atuações
destacadas pela imprensa inglesa. Durante os treinamentos da Laranja Mecânica, ele sabia que poderia
ser acionado a qualquer momento em caso de decisão por pênaltis. Por isso,
estuda cobradores com afinco.
- Eu assisto aos cobradores de pênaltis, os goleiros
precisam fazer isso, espero a bola para sair. Durante os treinamentos, soube
que essa poderia ser uma opção do técnico. Tem que existir um plano - afirmou
o herói da classificação holandesa para a semifinal.
Martins Indi atesta a qualidade de Krul:
- Sempre treinamos cobranças nos treinos, e ele pega muito.
Questionado se acredita que poderia tomar a vaga de
Cillessen, Krul fez que não com a cabeça, e exaltou o atual dono da posição.
- É difícil (a substituição), mas ele fez uma fantástica
defesa a um minuto do final, se não fosse ele poderíamos ser eliminados.
Precisamos de todos os jogadores. Temos mais dois times.
Até então colocado de lado pela imprensa de seu país e
também por jornalistas ingleses, Krul vivia à sombra, fato comum a um goleiro
reserva, posição em que uma substituição – ainda mais como foi diante da Costa
Rica – é pouco comum. Os holofotes, porém, não deixaram o jogador cego de
vaidade. A mesma segurança que demonstrou na disputa por pênaltis,
Krul mostrou com as palavras: calmo, com olhar direto nos olhos de quem o questionava,
o goleiro manteve os pés no chão. Mas teve que admitir:
- É um sonho que vira realidade.
Desavença com Van Persie
Após
defender o pênalti de Umaña, Krul sumiu debaixo dos companheiros na
comemoração. Depois do momento mais intenso da vibração, só então Van
Persie chegou para um cumprimento gelado ao goleiro. O herói da
classificação holandesa é um antigo desafeto do atacante e um dos
principais nomes da geração atual da Holanda.
No jogo
entre Arsenal e Newcastle em dezembro de 2012, os dois se estranharam
em campo. O atacante ficou à frente do goleiro numa reposição de bola, e
depois ambos trocaram ofensas. O clima chegou a esquentar, e o árbitro e
os demais jogadores precisaram intervir para evitar uma possível
agressão.
Pelo visto, o clima entre os dois segue ruim mesmo do mesmo lado do jogo.
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