Bloco "Que Horas Passa O Vicentina? faz a ressaca do Carnaval 2020
O Que Horas Passa O Vicentina? tem estilo "concentra mas não sai" e convidou neste ano duas agremiações para participações especiais no evento: o Bloco Carnavalesco Tamborim de Ouro, da Vila Araújo, projeto social onde meninos e meninas, de várias idades, aprendem a tocar instrumentos de percussão, com destaque para uma ala formada só por meninas tocando tamborim e o Bloco Recreativo de Embalo da Grande Alegria, o Bloco do Brega, com sua bateria show, que promete não deixar ninguém parado.
No seu "minuto de barulho" o bloco prestará uma homenagem ao historiador Claudionor Rosa, padrinho da agremiação, morto em Março do ano passado.
E como essa é a festa mais democrática do planeta, com ou sem o tradicional abadá, tendo trabalhado ou não no Carnaval, todos que comparecerem e seguirem as regras do bloco, que são: alegria, bom humor, camaradagem e respeito, serão bem-vindos e serão considerados integrantes do Que Horas Passa O Vicentina?
Bloco Que Horas Passa O Vicentina?
Como surgiu, sua história e seu objetivo.
Em 1962 o garçom Isaías Pereira da Silva, o Batata, um apaixonado pelo Carnaval resolveu inovar. Por força da sua profissão, Batata trabalhava os quatro dias da festa de Momo e não aproveitava um dia sequer. Foi então que ele resolveu criar um bloco que desfilasse na quarta-feira de Cinzas, quando ele já estaria livre das suas funções de garçom. A adesão foi rápida e em massa de profissionais de diversas áreas que também não podiam brincar o Carnaval. Surgiu então o Bloco de Carnaval Bacalhau do Batata, que tradicionalmente desfila até hoje pelas ladeiras históricas de Olinda, em Pernambuco.
Do amor pela folia de Momo, surgiu o pós Carnaval de Resende.
Em 2013, com o intuito de proporcionar um pouco de diversão para aqueles que não podiam aproveitar o Carnaval, o empresário Bruno Ferreira que também trabalhava durante a folia, resolveu criar um bloco, o Suvaco da Ponte, que sairia no sábado após a quarta-feira de cinzas. Dessa ideia originou-se o Pós Carnaval de Resende.
Com o fim do bloco Suvaco da Ponte, o Pós Carnaval de Resende, desde 2016 é realizado pelo bloco Que Horas Passa O Vicentina?
Como nasceu o Que Horas Passa O Vicentina?
O historiador e profundo conhecedor da história da música brasileira e dos carnavais, Claudionor Rosa, assim definiu o Bloco Que Horas Passa O Vicentina?:
- “Iniciativa oportuna, popular e muito bem bolada. Coisa do Chocolate."
O jornalista e radialista Mauro Campos - o Chocolate, morador do bairro Cidade Alegria, sempre ouvia dos motoristas de ônibus, nas suas idas para o trabalho, que não tinha uma viagem sequer que alguém não os perguntasse sobre o horário do ônibus que ia para o bairro Vicentina. Numa dessas viagens, no trajeto Cidade Alegria - Campos Elíseos e num feriado nacional, o assunto no interior do coletivo era justamente isso: a quantidade de vezes, que os motoristas eram indagados sobre o horário do “Vicentina.” Foi quando, de repente, uma senhora deu sinal para o ônibus no momento em que ele já estava passando pelo ponto onde ela estava. O motorista deu uma freada brusca no veículo. Era feriado e a coitada estava cheia de bolsas. Ela, já de idade, veio esbaforida em direção ao coletivo. O motorista, em tom de brincadeira disse:
- “Só falta ela vir perguntar que hora passa o Vicentina.”
Ele abriu a porta e a senhora, então, perguntou:
- “Moço... Que horas passa o Vicentina?”
O riso foi geral! Pronto! Nasceu ali e dali a ideia de se criar um novo bloco de Carnaval, com todos os ingredientes que um bloco deveria ter: alegria, bom humor, respeito e camaradagem.
Nasceu, então, o Bloco Que Horas Passa O Vicentina?
Ah, só um detalhe: onde a senhora estava não passava o Vicentina...
Um bloco de Carnaval com função social
O Que Horas Passa O Vicentina? possui um estilo diferente dos outros blocos. O evento, geralmente realizado no bairro de Campos Elíseos, em Resende, é feito no estilo “concentra mas não sai”, ou seja, seus integrantes não desfilam pelas ruas, como tradicionalmente acontece nos outros blocos.
Ao invés de um minuto de silêncio para homenagear aqueles que ajudaram na criação ou na existência do bloco e que infelizmente já morreram, o Que Horas Passa O Vicentina? faz “um minuto de barulho”. E neste ano o grande homenageado será o historiador e padrinho do bloco, Claudionor Rosa, que morreu em Março do ano passado.
- Claudionor foi o primeiro a sacar que o bloco era zoação com alguma coisa. E não um bloco de protesto contra a empresa de ônibus que atua em Resende, como muitos acreditavam e acharam no início - segundo Mauro Campos - o Chocolate, o fundador do bloco.
Esse “minuto de barulho” acontece no momento da apresentação de uma das baterias das agremiações convidadas para o pós Carnaval.
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