“Se os CIEPS tivessem sido mantidos, o Rio de Janeiro seria um excelente exemplo de segurança”, afirma Educafro, de Frei David.
Os números são preocupantes e vão de encontro com o Censo Escolar divulgado no ano de 2017, a pesquisa mostrou que entre 2010 e 2017 foram fechadas 231 escolas. O desmonte da educação reflete diretamente nas famílias mais pobres do Estado.
Segundo a Secretaria de Educação do estado, foram construídos e colocados em funcionamento cerca de 500 Cieps. 307 continuam sob a gestão da rede estadual. O restante foi repassado para os municípios ou destinados a outras atividades. Municípios que muitas das vezes não tem condições de manter a estrutura em funcionamento. Do total de escolas ligadas ao governo estadual, apenas 150 seguem com o horário integral, o que corresponde a menos da metade da rede de Cieps.
É inaceitável a situação de abandono em que se encontram os CIEPs, no Estado do Rio de Janeiro. Eu mesmo sou filho de um CIEP. Enquanto meus pais trabalhavam para nos trazer o sustento, eu estava no colégio e eles podiam ficar de cabeça tranquila, pois não havia o risco de eu estar vulnerável à violência que assolava a comunidade na qual morávamos.
Já se foram 34 anos desde a inauguração do primeiro CIEP, mas o grande projeto educacional idealizado por Darcy Ribeiro, foi abandonado pelo governo de Moreira Franco e, até hoje o projeto foi deixado de lado pelo governo estadual. Os colégios já não recebem mais o apoio necessário, há prédios depredados, totalmente esquecidos pelo Estado, largados oportunamente à ação de vândalos e de usuários de substâncias toxicológicas. Vemos um cenário desolador!
O projeto inicial se perdeu ao longo dos anos, pois não houve compromisso de continuidade do plano idealizado na década de 80 por Darcy Ribeiro, durante o governo de Leonel Brizola. Nós que tivemos a oportunidade de estudar em um CIEP, vivemos ali anos maravilhosos. É uma tristeza muito grande vê-los nessas condições, pois o que era para trazer dignidade e cidadania para crianças e jovens, infelizmente está destruído.
Nossa sociedade está adoecida. Certamente, se o projeto fosse pensado como política de Estado e não apenas como plano de um único governo, a realidade do Rio de Janeiro seria outra. Poderíamos não estar imersos na violência, principalmente dentro dos territórios populares. Precisamos voltar a dar prioridade a educação em nosso estado, com ênfase à educação em tempo integral, dessa maneira crianças e adolescentes vão estar menos vulneráveis à violência e vão receber a formação ideal para transformar o nosso Rio de Janeiro em um lugar muito melhor de se viver, sem violência e sem desigualdade!
* Douglas Pereira é graduado em Serviço Social e Ativista Comunitário.
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