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Instituto Butantan avança em vacina contra gripe aviária

Instituto Butantan avança em vacina contra gripe aviária

“Esse vírus é um potencial agente pandêmico’, comenta Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, sobre o vírus H5N8. Testes em humanos começam após aval final da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
 
Instituto Butantan avança em vacina contra gripe aviária
Apesar do risco atual da gripe aviária ser baixo para humanos, a vigilância é essencial, pois a transmissão entre mamíferos aumenta o alerta para uma possível adaptação do vírus – Foto: FZEA/USP Imagens
O Instituto Butantan prepara-se para testar em humanos a primeira vacina brasileira contra a gripe
Esper Kallás – Foto: Arquivo pessoal
aviária (H5N8). Com autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os ensaios clínicos aguardam apenas o aval final da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) para ter início. A vacina influenza monovalente A (H5N8) será aplicada em duas doses, com intervalo de 21 dias, inicialmente em adultos de 18 a 59 anos. Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP e diretor do Instituto Butantan, conta que o vírus influenza H5N8 representa uma ameaça global. Originário de aves aquáticas, esse patógeno tem potencial para sofrer mutações e se adaptar à transmissão entre humanos, assim como ocorreu com a gripe espanhola (H1N1) em 1918, que matou cerca de 50 milhões de pessoas.

Nos últimos anos, o vírus H5N8 se espalhou pelas Américas, infectando não apenas aves, mas também mamíferos, incluindo casos pontuais em humanos nos EUA. A preocupação é que, com novas mutações, ele possa se tornar altamente transmissível entre pessoas.

Desenvolvimento

Desde o início de 2023, o Butantan trabalha no desenvolvimento da vacina, seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e alinhando-se a estratégias internacionais, como as adotadas pelos Estados Unidos. Os ensaios pré-clínicos, incluindo testes de produção e toxicidade, apresentaram resultados positivos, garantindo segurança para avançar à fase clínica. Kallás comenta: “Acho que conseguiremos dados preliminares ainda neste ano, porque a nossa ideia, que a gente vem discutindo com o Ministério da Saúde, é de depois de demonstrar que a vacina tem os dados iniciais de segurança e consegue induzir uma resposta imune, o Ministério fazer uma encomenda de destaque estratégico para manter isso já pronto, caso esse vírus comece a ser transmitido de pessoa a pessoa. Tanto é que o Ministério da Saúde recebeu esse projeto do Butantan, concedeu o mérito científico para ele e está fazendo uma injeção de recursos para financiar também esse estudo”, acrescenta.

Enquanto a vacina é testada, o vírus H5N8 já foi detectado em aves silvestres no Brasil, incluindo casos no Parque Ibirapuera (SP) e surtos controlados no Rio Grande do Sul. Apesar do risco atual ser baixo para humanos, a vigilância é essencial, pois a transmissão entre mamíferos aumenta o alerta para uma possível adaptação do vírus. Kallás alerta que esse vírus H5 já passou por várias etapas de adaptação, no entanto, ainda está faltando a etapa de adaptação dele conseguir ser transmitido de uma pessoa para outra. “Então ele é um potencial agente pandêmico.”

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