De acordo com o Inquérito
Policial Militar, major Edson dos Santos, ex-comandante da UPP da
Rocinha, é inocente no caso do pedreiro que desapareceu em julho de 2013
Rio - O Inquérito Policial Militar (IPM)
‘absolveu’ o major Edson dos Santos da acusação de ter cometido crime
militar no caso do desaparecimento e morte do pedreiro Amarildo de
Souza, de 48 anos, em 14 de julho do ano passado. O oficial era suspeito
de ter participado de ação montada para duas testemunhas mentirem em
depoimento e sustentarem que a vítima fora assassinada pelo tráfico de
drogas. Para a PM, no entanto, só o terceiro sargento José Augusto
Lacerda, o soldado Newland Júnior e o soldado Bruno Athanázio foram os
responsáveis pelo crime de corrupção a testemunhas. Eles serão avaliados
ainda por Processo Administrativo Disciplinar (PAD).
O inquérito determinou ainda que o
homem de confiança do major Edson, o soldado Rodrigo Avelar, infiltrado
na operação Paz Armada, que prendeu Amarildo, seja investigado pelo
desaparecimento de cinco fuzis. Ex-comandante da Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP) da Rocinha, local onde a vítima foi capturada, o
oficial está preso, com outros 12 PMs, acusados de envolvimento no
crime. Na 35ª Vara Criminal, o oficial responde por tortura, ocultação
de cadáver, formação de quadrilha e fraude processual, por ter agido em
conjunto com os subordinados para subornar testemunhas. Do total, 25 são
réus na Justiça comum
Major Édson era acusado de forjar testemunhas para culpar tráfico
Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
A solução do inquérito, chancelada
pelo comandante da PM, José Luís Castro, e o corregedor, Sidney Camargo,
ainda vai passar pelo crivo do Ministério Público que atua junto à
Auditoria de Justiça Militar. Na própria PM não houve consenso sobre a
‘absolvição’ do major Edson. No documento, publicado no Boletim Interno
da corporação, o encarregado do inquérito, major Fábio de Sá Romeu,
entendeu que o major Edson participou com outros policiais do crime
contra a Administração da Justiça Militar.
Durante as investigações, o encarregado também
foi ofendido pelo terceiro sargento Jeferson Kleber Ferreira, do
Batalhão de Operações Especiais (Bope), que terá que se defender da
acusação. De acordo com a assessoria de imprensa da PM, parte do
procedimento administrativo, que define se um policial vai ser excluído
da corporação, ainda será concluído. Com relação aos oficiais, o
processo administrativo é feito na estrutura da Secretaria de Segurança.
Porém, a demissão depende de processo que tramita na Seção Criminal, do
Tribunal de Justiça. Cinco fuzis desaparecidos
Peça-chave no esquema montado na operação Paz
Armada, que tinha objetivo de combater o tráfico de drogas na Rocinha, o
soldado Rodrigo Avelar vai ter que dar explicações sobre o
desaparecimento de cinco fuzis, que estariam em poder de traficantes. A
abertura de sindicância foi feita no Inquérito Policial Militar.
Avelar não vai ser punido por falso testemunho.
É que ele prestou depoimento na 15ª DP (Gávea) alegando ter recebido
ligação do traficante identificado como Thiago da Silva Mendes Neris, o
Catatau, avisando que Amarildo teria sido morto pelo tráfico de drogas.
Ele modificou o depoimento na 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar
(DPJM), alegando que não sabia de quem havia recebido a ligação.
Na realidade, Avelar havia falado pelo telefone
com Marlon Campos Reis, que estava ao lado do soldado Douglas Vital:
ambos também estavam lotados na UPP da Rocinha. Pressões ao encarregado do inquérito
Não faltaram pressões sobre o encarregado do
Inquérito Policial Militar, major Fábio de Sá Romeu, segundo o que foi
publicado no Boletim da corporação. Segundo o documento publicado ontem,
durante as investigações, o primeiro sargento Marco Antônio Pires do
Carmo descreveu que em 10 de dezembro de 2013, um Peugeot 206, cuja
placa não foi anotada, com dois homens, rondou a casa do major.
Além disso, durante a apuração, o terceiro
sargento Jeferson Kleber Ferreira, do Batalhão de Operação Especiais,
teria feito comentários impróprios sobre o trabalho de investigação do
caso Amarildo, em 5 de novembro do ano passado. A conduta do militar
será avaliada disciplinarmente. A PM já determinou que ele apresente sua
defesa.
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