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Distribuição de especialistas no Brasil ainda é desafio para o SUS, diz Anadem

Distribuição de especialistas no Brasil ainda é desafio para o SUS, diz Anadem

Sistema precisa de gestão estratégica na formação de especialistas, além de infraestrutura e valorização dos médicos, para garantir assistência especializada à população
Distribuição de especialistas no Brasil ainda é desafio para o SUS, diz Anadem
Ampliar o número de médicos especialistas nas regiões mais necessitadas e, dessa forma, reduzir o tempo de espera no atendimento público é a missão do programa do Ministério da Saúde “Agora Tem Especialistas”, criado a partir de medida provisória sancionada, neste mês, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A solução apresentada pela pasta aos dois desafios é permitir que estabelecimentos privados ofereçam atendimento especializado aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em troca de redução em tributos federais. Entretanto, embora a lei seja fundamental, sem investimento direcionado ao aprimoramento da estrutura da rede pública, o sistema continuará defasado, alerta a Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem).

A má distribuição dos médicos pelo território nacional, especialmente os especialistas, é um problema antigo. Dos cerca de 600 mil profissionais em atuação, 59,9% são especialistas e 40,1% são generalistas, de acordo com a edição de 2025 da Demografia Médica no Brasil. A Região Sudeste conta com a maior concentração de especialistas (55,4%), enquanto a Região Norte (5,9%) tem a menor.

Médicos da Família e Comunidade, por exemplo, são especialidades constantemente apontadas por gestores públicos como deficitárias quanto ao número de profissionais disponíveis para contratação, de acordo com a edição de 2025 da Demografia Médica no Brasil. Esses profissionais são os principais responsáveis pelo acompanhamento a longo prazo de pacientes e pela prevenção de mortes evitáveis – em 2023, foram mais de 800 mil casos de óbitos, segundo dados obtidos pelo DataSUS. Apesar disso, a área corresponde a apenas 3,3% do total de especialistas disponíveis em todo o país.

Diante desse cenário, o presidente da Anadem, Raul Canal, recomenda incentivos sólidos e estratégicos na formação de especialistas, além de infraestrutura e salários adequados ao exercício da profissão em cidades longe dos grandes núcleos urbanos. “Desafogar a rede pública com incentivos à rede privada é uma iniciativa bem-orientada, mas ainda haverá desequilíbrio na disponibilização de medicina especializada dentro do próprio SUS”, afirma.

O especialista em direito médico chama a atenção também para a demora do Executivo em incluir a medicina de família e comunidade na Estratégia Nacional de Formação de Especialistas para a Saúde. “A Constituição garante que saúde é um dever do Estado, mas, só em 2023, o governo federal editou uma medida provisória que engloba a especialidade na Estratégia”, reforça.

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