Rádio Acesa FM VR: Feminicídio foi tema de debate em programa de rádio no bairro Açude, em Volta Redonda, RJ

domingo, 10 de março de 2019

Feminicídio foi tema de debate em programa de rádio no bairro Açude, em Volta Redonda, RJ

No último sábado, esteve presente na Rádio Acesa FM, no programa “Entre Nós”, a discente em Serviço Social e diretora de Igualdade Racial do SEPE, Angélica Santos e, Douglas Pereira, bacharel em Serviço Social e ativista comunitário. O programa propôs o tema para o debate; a diversidade de violências sofridas pelas mulheres, o feminicídio e seu crescente índice na região.

Para Angélica, a violência contra a mulher é uma manifestação das relações de poder entre os gêneros. Quando a mulher sofre algum tipo de violência a tendência é a sociedade a culpa-la, justificando e assim fortalecendo novos casos. A lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio é um avanço, temos que romper com silêncio, denunciar e cobrar que de fato a lei seja cumprida.

Uma ouvinte que não quis se identificar, ligou para o programa e revelou que em 2014, sofreu uma tentativa de homicídio. À época não existia o feminicídio, crime de violência contra o ser do sexo feminino. A lei foi sancionada, no dia 9 de março de 2015, pela ex-presidente Dilma Rousseff.

“Eu vivia um relacionamento abusivo, onde ele impunha vários limites, me vigiava no trabalho, não aceitava eu conversar com outro homem, até que eu resolvi dar um basta, ele falou que seu saísse de casa me mataria, mas eu não acreditei, quando voltei pra buscar as minhas coisas, ele me seguiu e me acertou quatro tiros. Graças a Deus, estou viva, mas ainda tenho uma bala alojada no pulmão.”[sic]

A violência contra a mulher é multifacetária, podendo ocorrer em diferentes formas, sendo ela física, moral, sexual e psicológica. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) a violência psicológica é considerada a forma mais presente de agressão a mulher, e implica em “qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação”.

Esse tipo de abuso é subjetivo e por isso leva tempo para ser identificado, na maioria das vezes a vítima não percebe os golpes que vão aumentando gradualmente. Os agressores confundem as mulheres convencendo-as que estão sempre erradas e culpadas, e assim elas se perdem da realidade, tornando-se dependentes de um relacionamento abusivo.

De acordo com com pesquisa realizada pelo Instituto DataFolha, a cada minuto 9 mulheres foram vítimas de algum tipo de agressão no país, levando em consideração os dados citados, pode-se afirmar que 536 mulheres foram vítimas de agressão física a cada hora em 2018.

Segue os dados das múltiplas violências sofridas por mulheres no ano de 2018:

536 mulheres foram vítimas de agressão física a cada hora;

21,8% (12,5 milhões) foram vítimas de ofensa verbal, como insulto, humilhação ou xingamento;

8,9% (4,6 milhões) foram tocadas ou agredidas fisicamente por motivos sexuais, o que representa 9 por minuto em 2018;

3,9% (1,7 milhão) foram ameaçadas com faca ou arma de fogo;

3,6% (1,6 milhão) sofreram espancamento ou tentativa de estrangulamento, ou seja, 3 por minuto;

Jovens de 16 a 24 anos (42,6%) e negras (28,45) são as principais vítimas de violência.


Assédio

22 milhões das brasileiras com 16 anos ou mais relatam ter sofrido algum tipo de assédio nos últimos 12 meses;

32,1% (19 milhões) ouviram comentários desrespeitosos quando estavam andando na rua;

11,5% (6 milhões) receberam cantadas ou comentários desrespeitosos no ambiente de trabalho;

7,8% (3,9 milhões) foram assediadas fisicamente em transporte público como no ônibus, metrô;

6,2% (3 milhões) foram abordadas de maneira agressiva durante balada, isto é, alguém tocou seu corpo;

5,0% (2,3 milhões) foram agarradas ou beijadas sem o seu consentimento.

Relação com o agressor

76,4% das mulheres que sofreram violência afirmam que o agressor era alguém conhecido;

23,8% cônjuge/companheiro/namorado;


21,1% vizinho*;

15,2% ex-cônjuge/ex-companheiro/ex-namorado.

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