Vale lembrar que esse dado é apenas de pessoas que não têm o registro do pai em suas certidões, se analisarmos pais divorciados que após se separarem simplesmente “esquecem” que colocaram pessoas no mundo, o número é bem maior.
Atualmente, um novo termo tem ganhado destaque nas relações sociais: o de paternidade responsável, isso porque engana-se quem pensa que apenas a criança ou o adolescente sem um pai presente sofrerá o dano da ausência.
Na verdade todo o Estado é afetado pelas consequências do abandono, tendo em vista que a irresponsabilidade paterna, somada às questões econômicas, têm gerado milhares de crianças em condições de rua.
Rodrigo da Cunha Pereira, presidente nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família - IBDFAM enfatiza: “A paternidade responsável tornou-se norma jurídica, traduzida em regras e princípios constitucionais. É um desdobramento dos princípios da dignidade humana, da responsabilidade e da afetividade. Na verdade, ela está contida nestes outros princípios norteadores e a eles se mistura e entrelaça. Merece ser considerada como um princípio destacado e autônomo em razão da importância que a paternidade/ maternidade tem na vida das pessoas”.
Em um mundo ideal, as pessoas seriam geradas, amadas e cuidadas por seus genitores, mas vale lembrar, que as crianças sentem falta do afeto e da segurança de ter com quem contar, por vezes essa função pode ser muito bem desempenhada por pais adotivos ou parentes próximos que exerçam o papel de responsabilidade financeira e afetiva.
Os impactos do abandono paterno na sociedade e no psicológico das crianças é levado para o resto das suas vidas, antes de recorrer à justiça, muitos filhos procuram se aproximar de seus pais, mas por serem renegados e por vezes humilhados, não encontram outra solução e acabam nos tribunais para buscarem de alguma forma o reparo que a falta da presença do pai pode lhes causar.
O mais triste é que nenhuma indenização tem o poder de recompor o afeto negado aos filhos.
A única forma de diminuirmos esse número de abandono que traz tanto sofrimento as pessoas é através da responsabilidade, tendo em vista que nenhuma criança jamais pediu para nascer é de consciência de cada sujeito se prevenir em suas relações sexuais e se mesmo com a prevenção houver uma gravidez, é dever do homem estar presente como responsável na educação, criação e sustento da criança e não abandonar todas essas funções para a mulher (o que infelizmente ocorre em muitas das vezes).
Para termos uma sociedade mais consciente também é preciso parar de apontar o dedo para os outros e enxergar melhor o nosso próprio umbigo, será que nós, “exemplos de pais”, que registramos os nossos filhos, demos educação e os vimos crescer de perto estamos presentes o necessário para criarmos seres humanos responsáveis por seus próprios atos e que serão pais exemplares no futuro?
Deixo essa reflexão e desejo que os próximos dias dos pais sejam melhores em uma sociedade mais consciente e responsável, de qualquer forma:
Feliz dia dos pais!
Referenciais bibliográfico: Assessoria de Comunicação do IBDFAM. Paternidade responsável: mais de 5,5 milhões de crianças brasileiras não têm o nome do pai na certidão de nascimento. Disponível em: https://www.ibdfam.org.br/noticias/7024/Paternidade+respons%C3%A1vel:+mais+de+5,5+milh%C3%B5es+de+crian%C3%A7as+brasileiras+n%C3%A3o+t%C3%AAm+o+nome+do+pai+na+certid%C3%A3o+de+nascimento. Acesso em: 20 de jun. de 2020.
Documentário: Todos nós cinco milhões. Direção: Alexandre Mortágua. Produção: Guilherme Fiorin. Local: Brasil, 2019.
Douglas Pereira é formado em Serviço Social.
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