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Mulheres são empreendedoras solitárias no Estado do Rio, aponta pesquisa

Mulheres são empreendedoras solitárias no Estado do Rio, aponta pesquisa

Secretaria de Estado da Mulher realiza levantamento para mapear oportunidades e aprimorar políticas
Mulheres são empreendedoras solitárias no Estado do Rio, aponta pesquisa
Um levantamento preliminar sobre o empreendedorismo feminino no estado do Rio de Janeiro aponta que quase metade dos negócios comandados por mulheres (48%) não tem CNPJ, e apenas 13% empregam outras pessoas. Entre as mais de 1.700 mulheres que já responderam o questionário, 45% têm ensino superior completo, 60% se declararam negras e 72% têm 40 anos ou mais, sendo que a maioria está na faixa de 40 a 50 anos. Completando o perfil, 77% têm filhos, 46% afirmaram estar casadas e metade delas são a principal ou única fonte de renda da família. Os dados fazem parte de uma pesquisa da Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ), que está em andamento e pretende traçar o perfil e as necessidades de empreendedoras de todas as regiões do estado.

- A pesquisa já aponta que empreender é uma tarefa solitária para a maioria das nossas mulheres. Cerca de 86% tocam sozinhas seu negócio, desempenhando todas as funções. Ao fim desse levantamento, teremos um mapeamento de oportunidades e desafios para construirmos uma política pública avançada, inovadora, que seja exemplo para o Brasil. Inovamos com o Conselho Estadual do Empreendedorismo Feminino, formado por 33 mulheres de diferentes setores, lançado em março, e queremos caminhar ainda mais nessa pauta – disse a secretária estadual da Mulher, Heloisa Aguiar.

O questionário está disponível para acesso no site da secretaria até 31 de maio (www.secmulher.rj.gov.br), com 30 perguntas que vão ajudar a gerar um diagnóstico aprofundado e atualizado do empreendedorismo feminino no estado do Rio de Janeiro, fundamental para embasar e aprimorar políticas públicas eficazes para impactar a realidade dessa parcela da população.

O estudo abrange questões de gênero, raça, renda, entre outros recortes que possibilitam identificar os principais desafios e oportunidades do empreendedorismo feminino para  permanência no mercado, incluindo a gestão financeira, capacitação profissional, entre outros. A designer de sobrancelhas e cílios Raiza Miranda, de 23 anos, já respondeu o questionário da pesquisa.

- Eu comecei nesse ramo porque gostava de fazer maquiagem, cílios e sobrancelhas em mim e nas minhas amigas. Há seis meses, decidi abrir um salão pequeno no Mercado Popular de Nilópolis e estou fazendo curso de maquiagem para expandir os serviços. Meu sonho é ensinar o que aprendi e abrir um salão legal em outro lugar - conta Raiza.

De acordo com a superintendente de Autonomia Econômica da SEM-RJ, Karol Mendez, uma equipe também está percorrendo diversos municípios para conversar com as empreendedoras, com objetivo de ampliar e tornar diverso esse estudo, abrangendo muitas realidades vivenciadas pelas entrevistadas. No último dia 17 de abril, foi a vez de ouvir as mulheres donas de negócios em Nilópolis e Mesquita, na Baixada Fluminense.

- Já estivemos em municípios da Baixada e, na próxima sexta (17), nossa equipe vai ouvir empreendedoras de Mangaratiba, Angra e Paraty. Queremos identificar as principais demandas, quem são essas mulheres e, assim, entender o que o Estado pode fazer para fortalecê-las em seus empreendimentos – explica Karol Mendez.

Para algumas mulheres, o empreendedorismo não é apenas um meio de gerar renda. Ele surge também como um "bote salva vidas". Foi assim para Marli Ribeiro Barbosa, de 64 anos. Após um grave quadro depressivo, ela foi encaminhada à Casa da Mulher Nilopolitana e encontrou na técnica de fuxico uma forma de alento e renda.

- Quando se está frágil e encontramos acolhimento, enxergamos nosso potencial, e podemos fazer muitas coisas bonitas como o artesanato que produzo aqui. Hoje, eu vendo meus trabalhos e ensino tudo que aprendi a outras mulheres que chegam também em situação de vulnerabilidade - diz Marli.

A trancista Jenifer Cristina, de 21 anos, tem o empreendedorismo no DNA da família, uma vez que a avó e a mãe se capacitaram e atuam em seus negócios. Ela conta que fez um curso profissionalizante que lhe conferiu mais confiança para lidar com as pessoas, além de garantir seu primeiro emprego:

- Eu tinha depressão e crises de ansiedade e, com o trabalho, pude me curar e ter minha autonomia financeira. Hoje, formo outras trancistas. É muito gratificante compartilhar e inspirar outras mulheres.

Dados do estado do RJ

- 52,8% da população fluminense é de mulheres, percentual superior à média nacional (51,5%) e da Região Sudeste (51,8%). São 8.477.499 mulheres (900 mil a mais que homens) vivendo nos 92 municípios fluminenses (censo IBGE).

- 941 mil empreendedoras (9,1% do total do país), ficando atrás apenas de Minas Gerais com mais de 980 mil (9,5%) e São Paulo com mais de 2,4 milhões (23,9%). (Sebrae, com base da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE, no 3º trimestre do ano passado).

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