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Números monstram o aumento da violência com o uso da arma de fogo no Brasil

Números monstram o aumento da violência com o uso da arma de fogo no Brasil

Números monstram o aumento da violência com o uso da arma de fogo no Brasil
A violência armada e a ausência de políticas públicas eficientes no Brasil na área de segurança pública são problemas complexos, com múltiplas dimensões. Uma dessas dimensões passa pelos dados de segurança. Ainda lidamos com pouca transparência com os dados públicos. Falta acesso livre a esses dados e por conta desse cenário a população é pouco informada sobre o que de fato acontece nas cidades.

Dados recentes da Bahia ilustram bem o desafio que precisamos enfrentar.

O governo da Bahia apresentou em maio dados que apontam a redução das mortes violentas e dos chamados crimes letais intencionais — aqui entram tipificações como homicídios dolosos, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios. Era uma reunião do programa Bahia Pela Paz e dois números ganharam destaque no material divulgado em seguida: a queda, segundo o governo, de 10% nos crimes letais intencionais na comparação com 2024, e a queda de 9,2% nas mortes violentas, também na comparação com o ano passado.

Em agendas, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem celebrado o que entende como “redução da criminalidade”, usando como base parte dos números gerados por sua gestão.

Faz parte da política balançar o copo d’água para que o observador possa vê-lo meio cheio — caso o dono do copo seja governo —, ou meio vazio — caso seja oposição. Mas na vida real, fatos são fatos: aumento de casos de gripe gera reforço na campanha de vacinação. Na economia agrícola, dificuldades na safra encarecem o preço ao consumidor.

Na segurança pública deveria ser assim: precisão na produção de dados e transparência na divulgação deles.

Dá para dizer assim de pronto que a criminalidade caiu na Bahia? Depende. No mesmo estado em que, segundo o governo, houve queda nas mortes violentas, os dados do Fogo Cruzado mostram que ao menos 34 adolescentes foram baleados em Salvador e região metropolitana em 2025. Isso é 42% a mais do que o mesmo período do ano passado. Maio, o mesmo mês daquela reunião do governo, teve 10 adolescentes baleados. É o maior número de adolescentes baleados em um único mês desde que o Fogo Cruzado chegou à Bahia, em julho de 2022.

Esses dados surgem dentro do contexto de um cenário de mudança no perfil da violência; neste ano foram muito mais baleados em ações policiais e disputas entre facções.

Não foi nem de 24 horas a distância entre uma entrevista de Jerônimo destacando redução de homicídios e a morte de uma adolescente de 15 anos no momento em que havia uma ação policial no bairro Nova Brasília de Valéria, em Salvador.

Trabalhar a redução da violência em grandes regiões metropolitanas do país é tarefa árdua, caminho longo. Por isso, soa equivocado celebrar índices isolados quando a violência segue batendo às portas.

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