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terça-feira, 5 de março de 2013

Inea vai parar obra da Aços Longos
   
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Inea vai embargar obra da usina de aços longos por causa de investimento de R$ 2,28 milhões que não foi feito
Interdição: Inea vai embargar obra da usina de aços longos por causa de investimento de R$ 2,28 milhões que não foi feito

Volta Redonda

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) deve entregar amanhã (5) à CSN um documento chamado Auto de Constatação, determinando que a empresa paralise as obras da Usina de Aços Longos que está sendo construída dentro das instalações da siderúrgica, em Volta Redonda. Motivo: de acordo com o Inea, a CSN teria deixado de cumprir uma das condicionantes relacionadas à concessão da licença ambiental para a realização da obra, que estabelecia um investimento de R$ 2,28 milhões.

Ainda de acordo com o Inea, as condicionantes foram estabelecidas durante a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (Rima), e a CSN já teria sido notificada para realizar o investimento.  Como o prazo se esgotou e o investimento não foi realizado, o Inea vai embargar a obra.

Procurada, a CSN informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.

A usina

De acordo com informações obtidas pelo DIÁRIO DO VALE em visita à obra, em setembro do ano passado, a usina de aços longos deve começar a operar no fim de agosto do ano que vem, e as contratações devem se intensificar a partir de junho. A CSN já iniciou o processo de seleção das 630 pessoas que vão trabalhar na fábrica.

A unidade de aços longos será uma usina completa, com quase meio quilômetro de extensão, ocupando uma área de 89,4 mil metros quadrados (mais ou menos o equivalente a nove campos de futebol), dos quais 46,38 mil metros quadrados são de área construída.

A obra é a maior em andamento no Médio Paraíba Fluminense, e só fica atrás da obra de construção da usina nuclear Angra 3, na  Costa Verde, em quantidade de mão de obra.

A fábrica vai produzir 400 mil toneladas de vergalhão e 100 mil toneladas de fio-máquina por ano. O investimento na unidade foi orçado inicialmente em US$ 350 milhões (cerca de R$ 700 milhões), mas esse número está sendo revisto. Apesar de ser muito grande, a usina será silenciosa e dotada de modernas soluções para evitar a poluição do ar.

O ruído emitido pela usina, para uma pessoa que estiver á beira da cerca da CSN, na Vila Santa Cecília, será de 50 decibéis - mais ou menos equivalente ao ruído de um aparelho de ar condicionado.

Para que isso seja possível, a usina será totalmente revestida com um "sanduíche" de placas de aço com uma espécie de recheio de fibra de vidro, que fornece isolamento térmico e acústico, evitando que calor e ruído "vazem" da unidade para o ambiente. O forno elétrico a arco da unidade, por exemplo, vai ser enclausurado numa "dog house" (em tradução literal, "casa de cachorro"), que vai isolar o equipamento, garantindo que não haja passagem de barulho para o meio ambiente.

Além de silenciosa, a unidade será limpa. Uma série de equipamentos antipoluição, principalmente os chamados despoeiradores, que aspiram as partículas sólidas e evitam que elas sejam lançadas no ar. Haverá despoeiradores em todas as unidades onde possa haver lançamento de partículas, e mesmo esses equipamentos antipoluição serão dotados de isolamento acústico.

Ainda no que diz respeito ao aspecto ambiental, a CSN Aços Longos vai reutilizar 97% da água usada no processo de fabricação de aço. Os 3% restantes representam perdas por evaporação.

A geladeira que ‘vira' prego

A usina de aços longos será do tipo semi-integrada, (onde não há a produção de gusa) e vai usar, como principal matéria-prima, os metálicos, mais conhecidos como sucata. O aço dos automóveis, geladeiras, máquinas de lavar e outros produtos vai ser comprado dos ferros-velhos, derretido e transformado em vergalhões - usados principalmente na construção civil - e fios-máquina, que são a matéria-prima para uma grande variedade de produtos:  telas, arame, parafusos e o prego do título. As informações foram obtidas pelo DIÁRIO DO VALE em visita à obra, em setembro do ano passado.

Para alimentar a usina de aços longos, a CSN planeja comprar 40 mil toneladas de sucata por mês. Numa conta aproximada, isso equivale a comprar uma tonelada por minuto.

A Companhia prevê adquirir sucata na região, no Grande Rio e em outros estados para suprir suas necessidades.

Além da sucata, a CSN Aços Longos também vai usar gusa sólido como matéria-prima. Esse material será obtido na própria Usina Presidente Vargas.

Demanda

A decisão de produzir aços longos foi tomada pela CSN devido ao grande crescimento da demanda por esses produtos no mercado brasileiro. Esse  mercado tem crescido a taxas de 7% ao ano nos últimos quatro anos.

O aumento de demanda tem sido impulsionado, principalmente, pelo crescimento da construção civil. Os vergalhões - 80% da produção projetada da CSN Aços Longos - estão entre os materiais de construção mais usados.

A CSN Aços Longos não vai produzir perfis (as vigas de aço) nem trilhos, por motivos técnicos. Fabricar esses produtos exige a compra de outros tipos de laminador de aços longos.

No entanto, nada impede que a Companhia decida investir também nesse tipo de produto, caso o crescimento da demanda justifique.

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