Internet pode gerar distúrbio
Uso exagerado da rede de computadores leva a riscos como dificuldade de memorização
Segundo especialistas, o primeiro problema provocado para quem fica muito tempo navegando na internet é o ‘Efeito Google’: tendência do cérebro a não armazenar informações por saber que o site abriga todas as respostas. De acordo com Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Ambulatório de Dependência de Internet da Universidade de São Paulo (USP), estudos apontam decréscimo da memória recente nos seres humanos em função do uso das ferramentas de busca na rede.
“Ao navegar na internet, há muitas
coisas que chamam a atenção: links, anúncios, figuras etc. Isso gera
excesso de carga cognitiva no cérebro e dificulta que retenha
informações de forma cadenciada”, explica. Outro caso comum é a
‘Depressão de Facebook’, em que as pessoas sentem frustração por não
desfrutar de vidas tão “perfeitas” quanto a dos amigos na web.
“O acesso diário a conteúdos que
hiper valorizam situações de bem-estar e sucesso geram insatisfação”,
afirma Nabuco. “É preciso senso crítico ao observar as postagens, pois
os usuários costumam esconder traços do cotidiano ou da personalidade
que não são motivos de orgulho”, orienta o especialista Cristiano de
Abreu.
O outro problema provocado é a “Náusea
Digital”, que por sua vez, define a sensação de vertigem que certos
indivíduos sentem ao olhar para determinadas interfaces. O novo sistema
operacional móvel da Apple, por exemplo, registrou reclamações de
consumidores que vomitaram após interagir por muito tempo com o
aparelho. “Chamamos isso de ‘experiência de fluxo’, quando o usuário perde a noção do tempo e acaba olhando para o mesmo ponto durante muitas horas a fio, acarretando o enjoo”, descreve o coordenador da USP. Por fim, poucos escapam de um dos mais comuns de todos: a “Síndrome do toque fantasma”, quando o cérebro dá a impressão de estar recebendo uma chamada.
Síndrome do fantasma faz usuário ouvir celular tocar
Sobre a Síndrome do toque fantasma”, o coordenador do Ambulatório de Dependência de Internet da Universidade de São Paulo (USP), Cristiano Nabuco de Abreu, revela mais detalhes a respeito do problema.
“O acúmulo de todas as plataformas no telefone produz uma relação tão intensa com o aparelho que promove impressões como estas, como a de ouvir o telefone tocar”, afirma o psicólogo.
Se você já sentiu isso, fique de olho: é o primeiro sintoma da obsessão provocada pelo uso intenso da internet.
O problema de não largar o dia inteiro o computador e celulares também pode afetar as crianças.
De acordo com Cristiano de Abreu, a exposição precoce a aparelhos digitais na infância gera intensa discussão entre médicos e educadores.
Uma parte acredita que, com a prática constante, a criançada saberia lidar desde cedo com um grande fluxo de informação e teria mais condições de administra-lo. O especialista da USP, porém, não compartilha dessa mesma opinião. “O acesso à informação não significa acumular conhecimento. E o aprendizado tende a se fixar com mais qualidade por meio da leitura de materiais impressos”, justifica o coordenador.
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