Rádio Acesa FM VR: Cresce em 58% o número de mortes em operações policiais no Rio

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Cresce em 58% o número de mortes em operações policiais no Rio

Um levantamento da rede de observatórios da Segurança, no Rio de Janeiro, aponta um aumento de 57,9% no número de mortes em operações policiais, no mês de abril, em comparação com o mesmo período do ano passado.

A organização, que reúne especialistas em políticas públicas, analisou a atuação da polícia do Rio desde o início da pandemia do novo coronavírus. De acordo com o estudo, em março, quando foram confirmados os primeiros casos da doença no estado, as operações policiais foram reduzidas, já que boa parte dos agentes foi deslocada para ações relacionadas ao controle da epidemia.

Já no mês de abril, apesar do avanço da Covid-19 no estado, as incursões em favelas foram retomadas, e intensificadas, representando um aumento de 27,9% das operações, em relação ao mesmo período de 2019.

"O que a gente está verificando é uma escalada assustadora, inexplicável e inaceitável. Não é possível que a polícia não consiga encontrar uma nova forma de agir nesse momento da pandemia, em que todas as políticas de segurança estão mudando", argumenta a cientista social Sílvia Ramos.

No fim da tarde desta quarta-feira (20), uma operação da Polícia Militar interrompeu a ação de voluntários em uma comunidade da zona oeste do Rio. A Frente Cidade de Deus distribuía 200 cestas básicas à população quando foi surpreendida pela entrada de viaturas blindadas da PM e o início de um intenso tiroteio.

"A gente estava fazendo distribuição de cestas básicas para comunidade, quando a polícia entrou violentamente, não respeitando crianças, moradores, pessoas que estão passando necessidade, porque o Estado só entra para fazer isso, entendeu? Só para levar bala", conta uma voluntária, cuja identidade será preservada.

Com a troca de tiros, os ativistas da Frente CDD precisaram se abrigar na casa de moradores da região. "Tiro, muito tiro. Os policiais já chegaram atirando, acertaram o menino e acabou que o menino foi a óbito", lembra outra integrante do grupo.

A vítima era João Vítor Gomes da Rocha, de 18 anos, que segundo relatos dos voluntários, foi socorrido pelos policiais e levado para o Hospital Lourenço Jorge, mas não resistiu. A mãe do rapaz afirma que ele era inocente. "Eles dizem que é confronto, mas não tem confronto nenhum. São eles que entram dentro da comunidade atirando".

Em nota, a Polícia Militar informou que a operação foi realizada para apurar denúncias sobre o tráfico de drogas na Cidade de Deus. Pelas redes sociais, a corporação afirmou que o jovem morto era criminoso e estava armado.

O conselheiro tutelar Jota Marques, porém, contesta a versão. Pela internet, o ativista escreveu: "Apontaram armas para nós enquanto tentávamos entrar no carro. Somos todos da Cidade de Deus, educadores, trabalhadores locais, artistas. A gente não tem direito de entregar comida, a gente não tem direito a cuidar dos nossos. A gente não tem direito a nada".

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