Rádio Acesa FM VR: Ministério Público pede apuração sobre superfaturamento de cloroquina pelo Exército

sábado, 20 de junho de 2020

Ministério Público pede apuração sobre superfaturamento de cloroquina pelo Exército

Segundo procurador, há indícios de aumento em seis vezes no preço pago; Bolsonaro deve ser investigado
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) pediu a abertura de uma investigação sobre a compra, sem licitação, de matéria-prima para medicamentos à base de cloroquina pelo Comando do Exército. Conforme a representação, os produtos foram comprados com um preço seis vezes maior.

A informação foi divulgada pelo jornal O Globo, nesta quinta-feira (18). O procurador que assina o pedido, Lucas Furtado, indica que a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve ser apurada.

Ainda segundo a representação, é preciso considerar a alta do dólar frente ao real – de cerca de 40% – e o aumento mundial do preço dos insumos em razão da pandemia do novo coronavírus. Mesmo assim, ele afirma considerar que a variação não é suficiente para justificar a multiplicação do preço por seis.

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"Embora o possível aumento do custo dos insumos, do transporte e do dólar possa ter influenciado o aumento do preço, ainda assim adquirir o produto por um valor seis vezes maior numa compra sem licitação, a meu ver, representa um forte indício de eventual superfaturamento, situação que merece ser devidamente apurada pelo controle externo da administração pública", pontua o procurador no documento.

Outro pedido de explicação do MPTCU foi o aumento em 84 vezes na produção de medicamentos à base de cloroquina pelo Exército, entre março e abril deste ano. O procurador ressaltou que, além dos indícios de compras superfaturadas, o país desperdiça dinheiro público ao gastar com a produção de um medicamento sem aval científico para tratar a covid-19.

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Questionado sobre o pedido de investigação pelo Brasil de Fato, o Comando do Exército informou que a produção do medicamento atende a demandas dos Ministérios da Saúde e da Defesa e, portanto, "não cabe ao Exército Brasileiro emitir comentários sobre decisões de outros órgãos".

O governo e a cloroquina

O Ministério da Saúde de Jair Bolsonaro incluiu a cloroquina como essencial no combate ao coronavírus, embora não haja evidências científicas de que o medicamento não oferece riscos e é eficaz no tratamento da covid.

Depois, mesmo admitindo que a droga pode agravar casos de infectados pelo vírus, o governo ampliou o uso para casos "precoces" – ou seja, em pacientes com sintomas leves ou moderados.

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Em 15 junho, outra recomendação sem base científica foi editada pelo Ministério da Saúde: o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina nos tratamentos da covid-19 em crianças e gestantes. Médicos contestaram a medida.

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