Rádio Acesa FM VR: Vitimas da Greve da CSN em 1988 serão homenageadas no 9 de Novembro

sábado, 6 de novembro de 2021

Vitimas da Greve da CSN em 1988 serão homenageadas no 9 de Novembro

Acervo: Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense
Acontece no próximo dia 9 de novembro, terça-feira, o evento que homenageará as vitimas da greve de 1988 na CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).

O dia começará com panfletagem nas entradas da CSN com a presença de caminhão de som na Passagem Superior a partir dás 6h.

13h30 - Inicio das atividades culturais, com exposição em banquinha do projeto Solidariedade Militante de Resende, onde haverá troca 1 quilo de alimento não perecível por um livro.

14h - Apresentações culturais.

17h - Ato político com falas políticas até às 17h30.

17h30 - momento da memória com homenagem aos trabalhadores assassinados Wiliam, Valmir e Barroso, com a colocação das coroas de flores e flores enviadas pelas organizações participantes.

Durante o momento da homenagem, o cantor e compositor Ziza estará se apresentando com a música de sua autoria em homenagem aos trabalhadores.

18h30 - Culto Ecumênico com a presença do Pastor Claudio representando a religião Evangélica, Josy Leal representando as religiões de Matriz Africana e aguardando a confirmação do nome que representará a religião Católica.

19h15 - Apresentação do Documentário 1988 uma Greve Corações e Mentes.

A Greve de 1988, também conhecida no meio sindical como Massacre de Volta Redonda, foi um movimento levado a cabo pelos trabalhadores da estatal que exigiam do governo Sarney reajuste salarial com base no índice de inflação divulgado pelo DIEESE, estabilidade no emprego, jornada de trabalho de 40 horas semanais, readmissão dos demitidos em 1987, isonomia salarial, instauração de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) eleita pelos trabalhadores, reconhecimento dos representantes sindicais, fim da perseguição à atividade sindical e divulgação do Sistema de Cargos e Salários da empresa.

A decisão de greve partiu da assembleia realizada no dia 4 de novembro daquele ano. A diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda promoveu a ocupação da empresa para paralisar as atividades. Em 7 de novembro começou a paralisação e, após um confronto com a Polícia Militar, os trabalhadores tomaram o controle da empresa. A direção da CSN solicitou na Justiça a reintegração de posse e a intervenção do Exército como forma de solucionar rapidamente a questão.

No dia 9 de novembro, o Exército e a PM começaram a dispersar a população no bairro de Vila Santa Cecília e invadiu a empresa, procurando retomá-la. Em meio à ação militar, três operários foram mortos pelas forças de segurança: Carlos Augusto Barroso (19 anos), Walmir Freitas Monteiro (27 anos) e William Fernandes Leite (22 anos). Barroso morreu de traumatismo craniano como resultado de uma coronhada que levou enquanto estava caído no chão. Já Walmir e William foram baleados. Segundo o advogado trabalhista Vanderlei Barcelos, à época diretor de base do Sindicato dos Metalúrgicos, "Walmir foi atingido nas costas, à tarde, num dos locais de concentração dos trabalhadores". Segundo seu relato, William foi baleado no pescoço, à noite, na estação de resfriamento de água por tiros que teriam partido do escritório central da CSN. Além dos mortos, cerca de cem feridos completou o saldo da operação militar contra os grevistas.

Depois do ocorrido, os grevistas radicalizam o movimento, decidindo por mantê-lo até o dia 20. Nesse ínterim, várias vozes do governo Sarney e do movimento grevista trocaram acusações, o que levou o então ministro da Indústria e Comércio, Roberto Cardoso Alves, ameaçar de fechar a empresa. Em 22 de novembro a população de Volta Redonda, atendendo aos apelos de sindicalistas e outros representantes da sociedade civil, dá um "abraço" simbólico em torno dos 12 quilômetros da Usina Presidente Vargas como forma de mostrar apoio ao movimento. Dois dias depois, após nova assembleia, os operários decidiram pelo fim da greve, após o esgotamento do movimento e da repercussão internacional que ele havia atingido devido a intervenção do Exército. Devido à repressão do Exército, o movimento sindical passou a se referir à greve de 1988 como o Massacre de Volta Redonda.

Após a conquista de parte das reivindicações, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e líder grevista Juarez Antunes foi eleito prefeito de Volta Redonda em 15 de novembro. A greve teve repercussão nacional, sendo os mortos homenageados por sindicatos e militantes de esquerda em todo o país.

Em 1° de maio de 1989 foi inaugurado o Memorial 9 de Novembro, um monumento projetado por Oscar Niemeyer em homenagem aos três trabalhadores mortos na greve de 1988. Foi implodido no dia seguinte por elementos de extrema-direita ligados ao Exército. A explosão foi tão intensa que quebrou os vidros do escritório central da CSN e de prédios vizinhos. A pedido de Niemeyer, o monumento não foi restaurado e permanece até hoje com as marcas da explosão. Anos mais tarde, o ex-capitão do Exército Dalton Roberto de Melo denunciou o general Álvaro de Souza Pinheiro como mandante do atentado ao monumento. Pinheiro, assim como os responsáveis pela ação militar contra os grevistas, jamais foi punido. O general que ordenou a retomada da fábrica, José Luiz Lopes da Silva, foi nomeado ministro do Superior Tribunal Militar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

As famílias dos trabalhadores mortos, por sua vez, receberam uma indenização calculada nos moldes previstos pela lei. Segundo Vanderlei Barcelos, a esposa de um deles morreu como consequência do alcoolismo e da depressão adquiridos após a perda do marido. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada em outubro de 1999, o general Lopes da Silva afirmou que do ponto de vista militar a ação do Exército foi bem sucedida. Segundo Barcelos, isso revela que ele já previa a morte de trabalhadores antes mesmo do início da operação militar. Ele não acredita que a direção da CSN, que pediu à Justiça a reintegração de posse da usina, endossasse tal comportamento.

Em 1993, a empresa foi privatizada pelo governo do então presidente Itamar Franco, que já havia demitido 70% dos funcionários da empresa. Antes da privatização, outras greves haviam eclodido na CSN, embora a repressão não tenha sido tão violenta quanto em 1988. Apesar de seu peso nas eleições de 1988, a greve permanece relativamente esquecida pela população nos dias atuais. Segundo uma pesquisa recente, 27% dos volta-redondenses nunca ouviram falar da greve.

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