Foto:Ubirajara Machado/MPT |
Quinhentos e noventa e três trabalhadores foram resgatados, num prazo de 40 dias, em situação de condições análogas à escravidão. Esse foi o resultado da Operação Resgate IV, divulgado na manhã desta quinta (29), durante coletiva de imprensa na sde do Ministério Público do Trabalho (MPT), em Brasília/DF. As ações foram realizadas entre 19 de julho e 28 de agosto, em 15 estados e no Distrito Federal, e contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Este número é 11,65% maior do que o de resgatados da operação realizada em 2023 (532). Os estados com mais pessoas resgatadas foram Minas Gerais (291), São Paulo (143), Pernambuco (91) e Distrito Federal (29). Quase 72% do total de resgatados trabalhavam na agropecuária, outros 17% na indústria e cerca de 11% no comércio e serviços.
Na coletiva, o diretor-geral substituto da PRF, Alberto Raposo, destacou a importância de operações conjuntas: “Graças à integração entre as instituições públicas é possível alcançar resultados positivos mais expressivos”. Em 2022, a PRF deu suporte em ações que ajudaram a resgatar 700 pessoas da condição de trabalho análogo à escravidão. Em 2023 esse número chegou a 1.300 resgatados.
Raposo deixou registrado que o órgão está à disposição para todas as outras operações que vierem, com a esperança de que um dia não seja mais necessário, quando este cenário de exploração esteja extinto definitivamente. O representante da PRF destacou ainda o número de emergência 191 como uma extensão dos canais para denúncias.
O subprocurador-geral do Trabalho Fábio Leal, do Ministério Público do Trabalho (MPT), aponta que a Operação Resgate IV constitui importante marco no esforço interinstitucional de erradicação do trabalho em condições análogas à escravidão. O Ministério Público do Trabalho, com sua participação, assegurou os direitos coletivos e individuais das trabalhadoras e trabalhadores resgatados.
RESGATE- Alguns casos chamaram a atenção neste ano, como o resgate de uma trabalhadora idosa, com 94 anos de idade, em Mato Grosso. É a pessoa mais idosa a ser resgatada no Brasil. Ela trabalhou por 64 anos sem salário, sem estudar e sem constituir família. No início da ação fiscal, ela cuidava da patroa, uma senhora com 90 anos adoecida com Alzheimer. Foi garantido à trabalhadora o usufruto da casa onde morava, com todas as despesas pagas pela família da empregadora, incluindo a contratação de cuidador de idoso para ela, além do recebimento de um salário mínimo por mês.
A Operação Resgate é uma ação conjunta de combate ao trabalho escravo e tráfico de pessoas no Brasil, movida pelo esforço de seis instituições: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
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