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RF2 realiza reunião para acordo de regularização fundiária da comunidade do Horto (RJ)

RF2 realiza reunião para acordo de regularização fundiária da comunidade do Horto (RJ)

MPF atua para garantir soluções consensuais que viabilizem a permanência da comunidade e a proteção socioambiental da área
RF2 realiza reunião para acordo de regularização fundiária da comunidade do Horto (RJ)
O Ministério Público Federal (MPF) participou de uma reunião, no último dia 9, da Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), para dar início à fase final de regularização fundiária da comunidade do Horto Florestal, localizada no Jardim Botânico, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Representantes das instituições interessadas e dos moradores discutiram pontos para uma solução consensual a ser construída em conjunto com o Jardim Botânico e o Governo Federal e mediada pela Justiça Federal e pelo MPF.

Os presentes concordaram sobre questões apontadas no relatório final elaborado pelo Grupo de Trabalho Técnico (GTT), em abril deste ano, que recomendou a permanência da comunidade na área. O consultor jurídico da Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR), José Leite dos Santos, apresentou diretrizes que estão sendo consideradas na elaboração do termo de acordo e relatou a realização de reuniões para o alinhamento dos órgãos do Governo Federal.

Na ocasião, o procurador regional dos Direitos do Cidadão adjunto do MPF no Rio de Janeiro, Julio José Araujo Junior, ressaltou que “as partes devem manter o foco das discussões na construção do acordo coletivo com as bases comuns e pacificadas, deixando para um segundo momento outras questões que exigem maior aprofundamento da discussão, como realocação e regras de convivência”. O MPF atua desde 2021 no caso sob a perspectiva coletiva, sempre buscando proteger direitos e interesses da comunidade do Horto, considerando o direito à moradia e às políticas habitacionais.

O presidente do Jardim Botânico, Sérgio Besserman Viana, concordou com a permanência da maior parte das famílias da comunidade do Horto. Já o advogado da Associação dos Moradores do Horto (AMAHOR), Rafael da Mota Mendonça, defendeu a necessidade de manter a conciliação na questão central e que as situações devem ser tratadas em blocos, primeiro as famílias que permanecerão no local, seguido da especificação quanto à formalização da regularização de posse das famílias e, por fim, a confecção de termo coletivo de convivência. Além disso, apontou que devem ser tratados os casos relativos à realocação das famílias que se encontram em área de risco. A Defensoria Pública da União (DPU) também participou da reunião representando os moradores.

Os representantes do Município do Rio de Janeiro informaram sobre a avaliação da situação das famílias com indicação de realocação por estarem situadas em área de risco, comprometendo-se a apresentar, até o final do mês de outubro, o laudo de risco.

A busca por uma solução consensual também foi apontada pelo superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Brasília, Andrey Schlee, que afirmou não haver objeções do seu órgão ao relatório elaborado pelo GTT. A Secretária Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas (SNDS), Kenarik Boujikian, destacou que o termo coletivo de acordo deve ser apresentado em até dez dias antes da próxima reunião de conciliação, que ocorrerá em novembro.

Dessa forma, o juiz federal relator, César Manuel Granda Pereira, determinou a realização de uma nova reunião para que todos os interessados possam dialogar sobre a minuta de termo de acordo coletivo a ser formalizado pela Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR). O documento deverá prever a forma e o conteúdo da regularização dos imóveis na comunidade do Horto.

Reunião do MPF com os moradores – no último dia 20 de setembro, o MPF realizou reunião com moradores do Horto Florestal, na sede do órgão no Rio de Janeiro, para dar transparência ao processo de regularização fundiária da comunidade. O objetivo foi informar às mais de 600 famílias que vivem na área sobre o andamento das tratativas junto ao Governo Federal e ao Jardim Botânico.

Na ocasião, o procurador Julio Araujo esclareceu que “o objetivo do MPF estabelecer bases para a conciliação em processos, protegendo todos os bens jurídicos envolvidos”, destacou.

Histórico – Em abril deste ano, o Grupo de Trabalho Técnico (GTT) sobre o Horto Florestal do Rio de Janeiro recomendou, em seu relatório final, a permanência da comunidade em área do Jardim Botânico. O documento acatou a recomendação do MPF e apontou como diretrizes para uma solução conciliatória a implementação de mecanismos que limitem a expansão da comunidade do Horto, mitiguem os riscos ambientais e promovam a integração das famílias às ações de preservação e educação ambiental em curso na região.

A área da comunidade do Horto Florestal é propriedade do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o que impossibilita a transferência da titularidade das unidades residenciais de forma privada aos moradores. No entanto, o relatório indica a necessidade de composição para que as famílias permaneçam na posse dos respectivos imóveis e seja estabelecido um termo de convivência com regras a serem observadas pelas partes envolvidas, particulares e Poder Público.

A história das famílias residentes no Horto se confunde com a do próprio Jardim Botânico, uma vez que os primeiros residentes da área se estabeleceram justamente por conta de sua construção. A área hoje abriga 621 famílias, muitas delas com vínculos com o instituto ambiental ou descendentes de antigos funcionários.

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