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Elevação de casos de feminicídio reforça a necessidade do autocuidado emocional, diz psicanalista

Elevação de casos de feminicídio reforça a necessidade do autocuidado emocional, diz psicanalista

Elevação de casos de feminicídio reforça a necessidade do autocuidado emocional, diz psicanalista
Nos últimos anos, infelizmente, estudos estatísticos e o noticiário, mostram uma crescente nos números de feminicídios no Brasil. A violência contra a mulher sobe em média, 1,6% a 2% a cada ano, sendo 1,4 mulheres mortas em cada grupo de 100 mil, conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

O trágico resultado é consequência, do elevado índice de mulheres violentadas e brutalmente assassinadas. Uma realidade que chama a atenção para o absurdo e tamanha crueldade sofrida pelas vítimas, muitas oriundas de violência doméstica, que, em sua grande maioria, vivem relações tóxicas que, podem terminar em tragédias ou deixar sequelas psicológicas profundas.

Essas relações abusivas podem acontecer com qualquer um. Olhando pelo aspecto da saúde mental, quem sofre com esse tipo de relacionamento pode apresentar sintomas de depressão, ansiedade e alterações de humor, além de transtornos alimentares, queda de cabelo, insônia, problemas respiratórios, problemas de pele e fobia social.

Sabemos que qualquer interação entre duas pessoas é complexa. Nenhuma será equilibrada o tempo todo. Seja em uma relação de trabalho, amor, amizade, irmãos ou pais e filhos, tendemos a depositar muita confiança e muitas expectativas nas ações e atitudes do outro.

Mas, com o tempo e, conforme vamos aprofundando a conexão, alguns sentimentos nada agradáveis podem surgir e as máscaras cairem.

O encantamento pode dar lugar a medos, mágoas, tristezas e rejeições. E isso acontece porque o tóxico é atraído por pessoas de baixa autoestima, submissos, dependentes e fáceis de serem controladas.

Usam de sedução e boa conversa para manter sua presa envolvida  em suas artimanhas. Além da ridicularização e do desdém, através de mentiras, ofensas e manipulações. Em situações mais agudas, o desrespeito chega à violência física e ao assasinato de fato.

Analisando os casos, temos relatos de mulheres que, em uma tentativa frustrada de melhorar a relação, se anulam para viver e agir conforme o desejo do parceiro. E se iludem, pois agradar  e mudar o outro passa a ser uma missão impossível.

O medo de denunciar os abusos, medo de se expor, medo de sofrerem ainda mais violência ou julgamentos, impede essa mulher de denunciar e se afastar do seu agressor, empurrando-as para um destino trágico.

Sabemos que relacionar-se não é uma tarefa fácil. Mas, pegar para si a responsabilidade de zelar pela paz a dois também não é uma solução. Bem como, fechar os olhos e dar desculpas para permanecer no ambiente violento, sem denunciar, e dar a outro a permissão para toxicidade e violência.

É preciso resgatar o amor próprio e a autoestima. Além disso, o abusador, provavelmente, age assim por já ter sido abusado, mas suas dores não podem justificar suas atitudes. Já a vítima, precisa entender que tipo de interação exerce na dupla e porque ainda está consumindo esse sofrimento.

Enfim, a autoavaliação e o amor próprio são peças chaves para se curar de uma relação tóxica. Perceber e dar um basta é uma urgência para conseguir sair de uma situação onde se está como refém da dor. Não permitir, em hipótese alguma, a perpetuação de abusos físicos ou emocionais que interferem no equilíbrio físico e emocional, é um ato de autocuidado.

Buscar ajuda, principalmente, de um profissional de saúde mental para que possa fortalecer a personalidade, fortificar a coragem e resgatar a autoestima é fundamental. Além de denunciar, logo na primeira ameaça de agressão física ou psicológica, aos órgãos competentes. Não se pode esperar acontecer uma tragédia, como tantas que temos presenciado. Precisamos dar um basta ao feminicídio ou qualquer outro tipo de violência contra a mulher. 

 Dra. Andréa Ladislau /  Psicanalista

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