Órgãos de jovem morto por traficante é captado em hospital de Nova Iguaçu

Em gesto solidário, família do jovem Kauan Galdino Florêncio Pereira optou pela doação

Foi realizada neste sábado, dia 4, no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), na Baixada Fluminense, a captação de órgãos do jovem morto por traficante no Rio de Janeiro. 

 

Foram doados fígado e rins de Kauan Galdino Florência Pereira, de 18 anos, após decisão da família em saber da falência encefálica confirmada por médicos da unidade hospitalar nesta sexta-feira, dia 3.

 

Segundo a investigação, Kauan, que era jogador de futebol amador, se desentendeu com um traficante, que já foi identificado pela polícia, após pisar no pé do criminoso na madrugada do réveillon em Queimados, na Baixada Fluminense.

'Tinha dois sonhos: ser jogador e paraquedista'
Ainda antes de saber da morte do filho, o motorista de aplicativo Renato Pereira, fez um desabafo. Ele lembrou dos últimos momentos em que esteve com o filho e contou que, no primeiro minuto de 2025, Kauan recebeu uma mensagem do Exército, onde havia se alistado, indicando que ele iria para uma Brigada de Infantaria Paraquedista.

“Ele passou a virada com a gente. Quando entrou 2025, ele recebeu uma mensagem no telefone dizendo que ele iria para um batalhão para ser paraquedista. Meu filho começou a dançar e pular de alegria. Ele tinha dois sonhos: ser jogador e paraquedista”, contou Renato.

Ainda de acordo com o pai, por volta das 3h, o filho foi para a casa de um tio materno e de lá seguiu para um baile.

“Como ele é jovem, emocionado, ele disse que iria para a casa do parente dele. Eu ainda pedi: ‘Meu filhinho, não vai. Não vai, por favor’. Mas ele é jovem. Ele foi. Depois, bateram lá no portão de casa dizendo que o meu filho tinha sido baleado. Eu saí desesperado e fui para a UPA (de Queimados). 

 

Cada um fala uma coisa, mas ninguém sabe de fato o que aconteceu. O que sabemos é que o bandido deu um tiro à queima-roupa no meu filho. Atirou num menino estudioso. Fizeram uma covardia com um menino que é bobão, quieto, que só tinha tamanho.”

Polícia investiga se traficante que teria atirado foi morto
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) vai investigar se o traficante 'Testa de Ferro', suspeito de atirar em Kauan, foi morto por determinação do Comando Vermelho (CV).

Testa de Ferro seria chefe do tráfico de drogas da comunidade São Simão e teria disparado contra o rapaz após um desentendimento por conta de um pisão no pé.

O g1 e a TV Globo apuraram que os chefes da facção criminosa teriam se irritado com a decisão do traficante e, para evitar "problemas", teriam determinado a execução do criminoso.

Foto: Reproduçãoo hospital em que estava internado na quinta-feira, dia 2

O traficante 'Testa de Ferro' (à esquerda) é suspeito de atirar no jogador amador Kauan Galdino (à direita), na noite do réveillon.

 

Doação de órgãos

Em 2024, mais de 1.300 pessoas ganharam vida nova após transplantes de órgãos sólidos e córneas no Estado do Rio de Janeiro. O gesto solidário das famílias ao dizer sim à doação ajudou no aumento do número de procedimentos este ano em 16% para órgãos sólidos e 9% para córneas, de acordo com o programa RJ Transplantes.

Rins, fígados, coração e pulmões foram os órgãos mais doados no estado, beneficiando mais de 800 pacientes que aguardavam na lista de espera.

“Quem doa o órgão de um familiar está ajudando a salvar a vida de alguém em um momento de perda. As equipes do RJ Transplantes tiveram diversas capacitações no ano passado para acolher as famílias neste momento da maneira mais humanizada possível. Doar órgãos é um ato de amor, um gesto solidário”, disse a diretora administrativa do RJ Transplantes, Priscila Paura.