Meses antes da cúpula do clima em Belém, o Rio de Janeiro é o estado anfitrião do evento global Forecasting Healthy Futures Global Summit, que começa amanhã, 8 de abril, e ocorre até a quinta-feira, dia 10, no Sheraton Gran Rio Hotel. O congresso reunirá líderes mundiais e brasileiros de diversos setores para catalisar ideias e soluções voltadas à mitigação do impacto do aquecimento global na saúde humana. A conferência está alinhada com o país anfitrião da COP, para garantir que as propostas dos participantes possam influenciar diretamente a agenda de ação e os elementos de negociação da COP.
Durante 3 dias, representantes de governos, pesquisadores e empresários de diferentes áreas, profissionais de saúde e instituições financeiras de desenvolvimento irão tratar de temas que viabilizem sistemas de saúde resilientes e permitam esforços imediatos de resposta para salvar vidas nos países mais vulneráveis do mundo, de acordo com os eixos temáticos:
Dia 1 (8 de abril) – "Inspirando inovação em clima e saúde": As discussões abordarão os impactos na saúde e as oportunidades para a conservação da biodiversidade e a reforma do uso da terra, soluções baseadas na natureza para a saúde, incluindo oceanos, florestas, agricultura e água, bem como novas descobertas de pesquisas e insights de jovens pesquisadores e inovadores.
Dia 2 (9 de abril) – "Capacitando defensores da saúde": Este dia será focado em exigir ações urgentes contra as mudanças climáticas, reformas políticas significativas e parcerias público-privadas para uma adaptação eficaz e proteção da saúde em locais vulneráveis.
Dia 3 (10 de abril) – "Simpósio conjunto sobre finanças climáticas para a Saúde": O último dia do FHF Global Summit será coorganizado pelo Banco Asiático de Desenvolvimento e promoverá o acesso equitativo ao financiamento para a adaptação do setor de saúde, além de explorar novas abordagens para priorizar e monitorar investimentos em resiliência climática e melhoria da saúde.A equipe de Saúde da COP30, liderada pela Dra. Mariângela Simão, também estará no evento, com foco no desenvolvimento da agenda de saúde para a cúpula. Na programação do dia 8 de abril haverá uma palestra da Dra. Agnes Soares da Silva, Diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, chamada "Perspectivas do Brasil: Direção da COP30 e reforço da equidade e inclusão no setor de saúde."
Kelly Willis, que lidera o Forecasting Healthy Futures, destaca a importância dos temas da edição brasileira da conferência. “Um dos nossos principais objetivos é aumentar o investimento em estratégias inovadoras de adaptação climática que protejam nossa saúde dos impactos do aquecimento global. A agenda climática global subestimou o impacto do aquecimento global na saúde humana. Recursos são urgentemente necessários hoje para ajudar as comunidades vulneráveis a responder às ameaças imediatas à nossa saúde causadas pelas mudanças climáticas e para construir sistemas de saúde mais resilientes ao clima, adequados para o futuro”, destaca.
Anteriormente, o evento aconteceu nos Emirados Árabes Unidos e no Azerbaijão, quando esses países foram sedes da Conferência das Partes da ONU. Foto: Divulgação.
Ondas de calor extremo, inundações, secas e tempestades têm impactos profundos na saúde humana. De doenças respiratórias e problemas cardíacos à propagação de doenças transmitidas por vetores, como malária e dengue, e eventos climáticos que afetam a segurança alimentar e hídrica, nossa saúde está sendo atacada pelo aquecimento global. Os eventos climáticos extremos também afetam a saúde mental e colocam uma enorme pressão sobre os sistemas de saúde.
De acordo com o relatório The Cost of Inaction (O custo da inação), publicado pelo Banco Mundial em 2024, a mudança climática já está agravando doenças, aumentando a frequência de eventos climáticos extremos e afetando sistemas alimentares — e esses impactos tendem a piorar. O documento aborda os impactos da mudança climática na saúde em países de baixa e média renda (LMICs) e o custo econômico da inação. Entre 2026 e 2050, espera-se que a mudança climática cause entre 4,1 bilhões e 5,2 bilhões de casos de doenças e 14,5 a 15,6 milhões de mortes nesses países. As regiões mais afetadas serão África Subsaariana (SSA) e Sul da Ásia (SA), que juntas suportarão quase 70% do total de casos e mortes. O custo econômico estimado dessas consequências varia entre 8,6 trilhões e 20,8 trilhões de dólares até 2050.
“Nosso objetivo é acelerar os esforços em andamento para garantir que o financiamento climático adequado e equitativo esteja disponível para investimentos em adaptação nos países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas na saúde e à degradação da biodiversidade”, finaliza Willis.
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