Ação pede indenizações por danos morais e materiais e propõe plano de acolhimento a migrantes retidos
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União e Latam são processadas por morte de imigrante em aeroporto / Foto: Aeroporto Internacional de Guarulhos |
A DPU atribui à causa o valor de R$ 10 milhões e pede indenizações por danos morais, individuais e coletivos, além de danos materiais. A ação também pede a adoção de um plano de acolhimento para os migrantes que aguardam autorização de entrada no país na área restrita do aeroporto de Guarulhos.
De acordo com o defensor regional de direitos humanos da DPU em São Paulo, Murillo Martins, a ação busca reparar a família do Evans e a coletividade dos migrantes inadmitidos, com pagamento de indenização coletiva para evitar que situações como a que aconteceu se repitam.
“Apontamos na petição que, a partir da investigação conduzida pela DPU, se identificou que os migrantes foram e são submetidos a situação degradante e que, no caso de Evans, resultou no extremo, que foi sua morte”, explica Murillo.
“A conclusão pela responsabilidade da União é tanto pela ausência de assistência aos migrantes retidos — e que estão nessa situação por conta de conduta da própria União, enquanto se aguarda o processamento da solicitação de refúgio — como pela demora no processamento da solicitação de refúgio, que fez com que ele ficasse muito tempo na área restrita”, diz ainda o defensor público federal.
Já contra a companhia aérea, a DPU denuncia a falta de assistência, tanto no momento em que Evans estava em área restrita, como depois do falecimento dele. Para a Defensoria Pública da União, a companhia sonegou informações ao hospital, o que resultou no enterro do imigrante de Gana sem que a família soubesse.
Além das omissões institucionais, a DPU destaca que o caso revela traços do racismo estrutural presente nas políticas migratórias e nos serviços públicos. Para o órgão, a negligência sofrida por Evans está diretamente ligada à sua cor e origem. “Será que suas queixas de saúde teriam sido ignoradas por tanto tempo, tivesse ele outra aparência?”, questiona um trecho da petição. A Defensoria considera essencial reconhecer a dimensão racial do caso para garantir justiça e evitar que episódios semelhantes se repitam.
Assinam a ação, além de Murillo Martins, os defensores públicos federais Natália Von Rondow, do Grupo de Trabalho Políticas Etnorraciais, e Ed Fuloni, do Grupo de Trabalho Migração, Apatridia e Refúgio, além das servidoras Laís Hayashi Seixas e Leticia Chemin Bulla, da Defensoria Regional de Direitos Humanos em São Paulo.
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