![]() |
Veto aos celulares contribui para que os professores recuperem o protagonismo nas salas de aula / Foto: Fotomontagem Jornal da USP com imagens de: Tomaz Silva/Agência Brasil |
A proibição do uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos em salas de aula virou lei em todo o País. Em dezembro de 2024, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sancionou a Lei Estadual 18.058/24, que veta o uso desses aparelhos nas escolas da rede estadual. Pouco depois, em janeiro de 2025, foi a vez de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionar a Lei Federal 15.100/25, estendendo a medida a todo o território nacional. As novas legislações têm como objetivo principal melhorar a concentração dos alunos e fortalecer o vínculo entre estudantes e professores. Elas determinam que celulares, tablets, relógios inteligentes e outros dispositivos com acesso à internet só podem ser utilizados em atividades pedagógicas autorizadas pelos professores ou por alunos com necessidades especiais que dependam da tecnologia assistiva.
Apesar de gerar polêmica, a proibição busca responder a preocupações crescentes com o impacto do uso excessivo de telas na saúde física e no desempenho escolar dos jovens. Médicos e especialistas em saúde mental têm alertado para riscos como lesões por esforço repetitivo, fadiga ocular, prejuízos no desenvolvimento motor e impactos no convívio social.
![]() |
Vivian Batista da Silva – Foto: Arquivo pessoal |
Para Vivian Batista, professora da Faculdade de Educação (FE) da USP e diretora da Escola de Aplicação na mesma instituição, esse uso exacerbado da tecnologia interfere também na aprendizagem, já que o processo de aprender decorre de interações. Ela conta que, caso uma pessoa passe muito tempo em frente às telas, as interações ficam em segundo plano.
Segundo a docente, a presença constante de respostas rápidas e prontas na internet pode criar uma falsa impressão de aprendizado, mas, na realidade, os alunos não aprendem desse jeito. Para ela, o desafio de aprender está em cultivar a construção ativa do conhecimento, algo que exige esforço, reflexão e troca com colegas e professores.
Uso consciente
Ainda assim, a especialista pondera que os dispositivos eletrônicos não devem ser vistos como vilões. Em sua visão, a tecnologia pode favorecer a aprendizagem e promover interações positivas, desde que bem conduzida por educadores preparados e utilizada de maneira consciente pelos estudantes.
“O celular não é bom ou mau por si só. Tudo depende do uso que se faz dele, porém parece que ainda precisamos aprender como lidar com isso. Não é possível que o celular substitua o professor, nem a escola, enquanto espaço físico e de relações”, ressalta.
Para a diretora da Escola de Aplicação da USP, a chave está em garantir que o protagonismo da sala de aula continue sendo do educador. “Não há celular, não há dispositivo que possa substituir um professor. É o professor quem decide, regula as aprendizagens e compreende as necessidades de cada aluno”, defende.
*Sob supervisão de Cinderela Caldeira
0 Comentários