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Gasto Brasil já ultrapassa os 4 trilhões de reais em 2025

Gasto Brasil já ultrapassa os 4 trilhões de reais em 2025

Plataforma que monitora as despesas públicas revela aceleração recorde nos gastos; especialistas alertam para aumento da dívida e pressão sobre juros e inflação
Gasto Brasil já ultrapassa os 4 trilhões de reais em 2025
A marca de R$ 4 trilhões em gastos feitos pela União, por estados e municípios foi atingida este mês, aponta a plataforma Gasto Brasil, que reúne informações oficiais do Tesouro Nacional a partir do cruzamento de diferentes bases públicas. A plataforma é uma iniciativa de transparência da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).

O consultor da CACB e idealizador do Gasto Brasil, Cláudio Queiroz, afirma que a tendência é de um novo recorde até o fim do ano. “Já passamos dos R$ 4 trilhões em despesas públicas e a defasagem entre o que se arrecada e o que se gasta segue aumentando mês a mês”, afirma. “O Gasto Brasil mostra que o país está ampliando as despesas a um ritmo de 100 bilhões de reais por mês, enquanto a arrecadação cresce num compasso menor”, completa o consultor.

O estudo da CACB detalha áreas como a Previdência Social — atualmente, o principal componente das despesas. “É possível ver o quanto vem do regime geral e do regime próprio, tanto da União quanto de estados e municípios. É uma conta alta e que exige medidas de contenção já a partir de 2026”, alerta Queiroz.

A plataforma ainda permite comparar o tempo que quantias marcantes demoraram para atingir esses patamares. “Em 2018, o gasto de R$ 1,5 trilhão levou 155 dias para ser alcançado. Agora, em 2025, atingimos esse patamar em 116 dias. Ou seja, estamos antecipando o gasto em quase 40 dias”, detalha o consultor da CACB.

Segundo Queiroz, o ritmo dos gastos nunca foi tão acelerado. “Se em 2018 o país levou 104 dias para chegar à marca de 1 trilhão de reais em despesas, em 2025 essa marca foi atingida em apenas 77 dias”, compara.

Para o especialista, o retrato apresentado pelo Gasto Brasil serve como um alerta para a necessidade de controle fiscal. O país gasta mais e mais rápido, enquanto a arrecadação cresce em ritmo menor e a dívida aumenta. “O governo que assumir em 2027, seja ele qual for, vai precisar agir rápido. Será preciso cortar gastos e melhorar a gestão pública. A conta já chegou”, resume Cláudio Queiroz.

Impostos — Outro levantamento, o chamado “Impostômetro”, também atualizou seus números este mês. Segundo a plataforma, o país já atingiu 3 trilhões de reais em impostos arrecadados.

Assim, um trilhão de reais é o que separa tudo o que se arrecadou de tudo o que se gastou até agora. E esse déficit pode ser preocupante, alerta o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Ulisses Ruiz de Gamboa.
 
Para Ulisses Ruiz de Gamboa, o país vive um desequilíbrio estrutural entre arrecadação e despesa. “O gasto está crescendo muito além da capacidade de arrecadação. O resultado disso é o aumento do endividamento e a persistência da inflação”, explica o economista.

Ele destaca que essa tendência vem se consolidando durante o atual mandato presidencial. “O governo deve encerrar o terceiro mandato do presidente Lula com um aumento de cerca de 10 a 11% no endividamento em relação ao PIB”, calcula.

Apesar de afastar o risco de uma “crise à la Grécia”, o especialista alerta que o Brasil pode enfrentar problemas de insolvência no futuro, caso não haja controle sobre o ritmo das despesas. “O governo não vai quebrar, mas a trajetória é preocupante. Gastar acima do que se arrecada aumenta a dívida, pressiona os juros e impede que eles caiam mais rapidamente”, analisa.

O economista também lembra que, ao tentar equilibrar as contas, o governo tem recorrido ao aumento da carga tributária — o que acaba travando o crescimento. “Temos dois problemas: uma carga já muito elevada e uma despesa pública crescente. Isso desestimula o empreendedorismo e afeta o setor produtivo”, diz.

Segundo Ulisses Ruiz de Gamboa, o cenário para 2026 deve ser de inflação mais resistente e juros mais altos por mais tempo, mesmo com alguma melhora na atividade econômica. “Há um lado positivo, que é a expansão do consumo e o desemprego baixo, mas o custo vem em forma de inflação persistente e necessidade de maior ajuste fiscal”, conclui.

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