Este é o convite que o Fogo Cruzado te faz hoje: assista à campanha de lançamento da nossa plataforma Futuro Exterminado e reflita sobre o impacto da violência armada para milhares de famílias brasileiras.
Futuro Exterminado é uma plataforma interativa que reúne dados sobre crianças e adolescentes vítimas de violência armada nas regiões metropolitanas onde atuamos: Belém, Salvador, Rio de Janeiro e Recife. São 303 crianças entre 0 e 11 anos e 1.682 adolescentes entre 12 e 17 anos baleados na nossa série histórica. No último ano, 27 crianças ou adolescentes foram atingidos por armas de fogo, em média, por mês nessas localidades.
A plataforma não é um conjunto de dados frios. É um memorial. Cada ponto no mapa representa uma vida que deveria estar crescendo, estudando, sonhando. A nova versão oferece dados georreferenciados, permitindo que qualquer pessoa navegue e conheça detalhes sobre cada caso: nome, idade, local e circunstâncias em que a vítima foi atingida.
Os números revelam a dimensão real da tragédia. Em 2025, registramos 282 crianças e adolescentes, de 0 a 17 anos, baleadas, dessas 173 morreram, 22% foram atingidos durante operações policiais e 15% foram vítimas de balas perdidas.
A geografia da violência é clara: a Baixada Fluminense e a Zona Norte da capital do Rio concentram 11% dos casos de todas as regiões que monitoramos, e 50% dos casos do Grande Rio. Na Zona Sul, área que vai do Catete ao Leblon, apenas dois casos foram registrados, representando menos de 1% dos casos em todas as regiões, e 3% dos casos do Grande Rio. Em Salvador, Fazenda Coutos e Baixa de Quintas registraram quatro casos cada. Mais da metade (50,2%) dos casos de adolescentes baleados nas quatro regiões que monitoramos foram registrados no Grande Recife.
A plataforma permite filtrar casos por região, período e circunstância: se foi durante operação policial, se foi bala perdida, se aconteceu dentro de casa ou no caminho da escola. Cada filtro revela novos padrões de uma política de segurança que fracassa sistematicamente em proteger quem mais precisa de proteção.
Acesse, conheça essas histórias, navegue pelos dados, compartilhe. Cada vida tem um nome e cada nome importa.
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Diogo Santos é mestrando em Comunicação
Digital e Cultura de Dados na FGV, com pesquisa sobre estratégias para
reduzir a vitimização de jovens na América Latina. Cofundador do
Observatório da Branquitude. |



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