Em meio ao envelhecimento populacional, Itapira no interior de São Paulo, inova com sistema humanizado de alerta rápido, garantindo socorro em minutos e dignidade na terceira idade
O programa, que utiliza a mesma tecnologia de ponta empregada na proteção de vítimas da Lei Maria da Penha, oferece um plano de socorro e proteção imediata para idosos que foram vítimas de violência, abandono ou que necessitam de auxílio emergencial por questões de saúde. Basta um toque no celular para que um grupo de agentes treinados seja acionado, garantindo um tempo de resposta que é um verdadeiro salva-vidas.
Tecnologia a Serviço da Dignidade
O Botão Guardião funciona como um sistema de alerta rápido. Ao ser acionado, o dispositivo envia um sinal de socorro para a Guarda Civil Municipal (GCM), que desloca a viatura mais próxima ao local.
A implementação do serviço para a terceira idade teve início em março de 2023, após reuniões estratégicas envolvendo Delegados, o Ministério Público e a Juíza da Comarca. A Delegada responsável pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), a delegada Gilmara Natália Batista dos Santos, é a responsável por analisar os casos de violência contra idosos e, verificando a necessidade e a capacidade de uso, solicitar a Medida Protetiva e o aplicativo do Botão Guardião para a pessoa assistida.
Atualmente, 21 idosos estão cadastrados no serviço. A maior parte das ocorrências registradas são principalmente relacionadas a Medidas Protetivas contra filhos, o que sublinha a importância do programa no combate à violência intrafamiliar.
Tranquilidade em menos de cinco minutos: a história de Maria
Para Maria Aparecida Jesus da Silva, de 78 anos, o Botão Guardião do Idoso é sinônimo de paz de espírito. Maria vive uma realidade de vulnerabilidade, pois divide sua casa com a irmã de 70 anos, que possui deficiência mental. A preocupação com a segurança, especialmente em situações de emergência, era constante.
A moradora de Itapira experimentou a eficácia do sistema em um momento de susto. Ao retornar da igreja, ouviu um barulho estranho no fundo da casa e, tomada pelo medo, acionou o dispositivo. “Fiquei com medo e apertei o botão. Em poucos minutos, a Guarda já estava aqui”, relata Maria.
Embora a ocorrência tenha se revelado um falso alarme — o barulho vinha de uma cachorrinha que havia se escondido no local —, a rapidez da resposta da Guarda Municipal (GCM) foi crucial. “Hoje eu fico mais segura, sabendo que, se acontecer qualquer problema, eu tenho como pedir ajuda rapidamente. O Botão Guardião do Idoso me deixa segura”, afirma. A história de Maria e sua irmã de 70 anos ressalta o papel essencial do programa em amparar aqueles que mais precisam de apoio e atenção.
Preparo e Humanização no Atendimento
O sucesso do programa depende diretamente do preparo dos agentes. Para o atendimento específico à população idosa, foram treinadas 16 GCMs Femininas. Elas são responsáveis pelo primeiro acolhimento, explicando o funcionamento do programa e instalando o aplicativo no celular da pessoa assistida. Essa abordagem humanizada é crucial, especialmente em situações de vulnerabilidade. Segundo a comandante da Guarda Municipal, Zaccariotto, o Botão Guardião do Idoso é uma importante ferramenta de proteção que vai além da tecnologia. “O dispositivo garante atendimento ágil e mais segurança aos idosos, especialmente em situações de risco ou emergência. Nossa Guarda tem realizado um trabalho importante para os idosos, que tanto fizeram pela nossa sociedade. Pensamos sempre em oferecer mais dignidade a todos”, destacou a Comandante.
Além do suporte tecnológico, Itapira também investe em ações de bem-estar e prevenção. O local chamado “Vida Mais” oferece atividades como dança, natação e computação, além de palestras informativas sobre o Botão Guardião, promovendo a autonomia e a qualidade de vida na terceira idade.
O Envelhecimento e a Necessidade de Cuidado
A iniciativa de Itapira é um exemplo de política pública que acompanha a tendência demográfica global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lidera a Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), uma estratégia global para melhorar a vida das pessoas idosas, suas famílias e comunidades.
Especialistas em geriatria e gerontologia apontam que o envelhecimento populacional exige uma "geriatrização" do sistema de saúde e a adoção de cuidados de longa duração e equipes multidisciplinares. O plano de Itapira, ao oferecer uma resposta rápida e focada na segurança e saúde, atende a essa necessidade de forma inovadora, garantindo que a perda de força e mobilidade não signifique a perda da capacidade de se defender e de ser socorrido.
O projeto também possui um efeito dissuasório notável. Quando uma Medida Protetiva é emitida, o suposto agressor é informado sobre a existência e a rapidez do Botão Guardião. A rapidez da resposta e a certeza da prisão em caso de descumprimento fizeram com que o número de chamados por descumprimento de protetivas caísse, mostrando que a tecnologia, quando bem aplicada, é uma ferramenta poderosa para a prevenção e a garantia de direitos.
Um Módulo da Muralha Digital Sentry
A tecnologia do Botão Guardião é um módulo integrante da plataforma Muralha Digital Sentry, um sistema de segurança mais amplo que a cidade utiliza. Essa integração permite que o monitoramento e a resposta sejam feitos de forma coordenada, rápida e eficiente.
É importante ressaltar que o Botão Guardião não se restringe apenas aos idosos e vítimas da Lei Maria da Penha. O aplicativo também é utilizado em diversas outras áreas do município, como escolas, creches, entidades assistenciais, comércios, sítios e chácaras, demonstrando o compromisso de Itapira com a segurança de toda a sua população.
A Muralha Digital Sentry integra diversos módulos como reconhecimento facial, clone nacional, alarmes patrimoniais, gestão de ocorrências, portal OCR, ferramentas de análise e outros. Esses recursos são utilizados por municípios para qualificar o fluxo de informações, apoiar investigações e auxiliar no direcionamento de equipes operacionais.
A plataforma está presente em mais de 140 cidades brasileiras em grandes projetos estaduais, como o Vigia Mais MT e o Projeto Paredão, no Amazonas. Opera mais de 12 mil câmeras que registram diariamente milhares de veículos. Esses dados são cruzados automaticamente com bases públicas e privadas, fornecendo subsídios às forças de segurança para tomada de decisão.



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