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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Estratégias para os jovens
 Publicação: segunda-feira, 24 de junho de 2013


Entrevista - Tiago Santana - Superintendente estadual de Políticas para a Juventude

Volta Redonda sediou na quarta-feira (19), o Encontro Regional dos Conselhos Municipais da Juventude. Organizado pela Coordenadoria da Juventude do município, o evento contou com a presença de Tiago Santana, superintendente estadual de Políticas para a Juventude. Também participaram Adrielle Saldanha, presidente do Conselho Estadual da Juventude, e Alessandro Melchior, presidente do Conselho Nacional da Juventude. Em entrevista ao FOCO REGIONAL, Tiago Santana comentou as políticas para a juventude que já foram colocadas em prática e concordou que questões como primeiro emprego e qualidade da educação ainda são um grande desafio para este segmento da população.
FR – Quando se fala de políticas públicas para a juventude se trata de um leque tão grande que há impressão de que a própria juventude tem dificuldades para compreender. O que se busca afinal?TS – Política para juventude é algo novo no país. Só em 2003 o governo brasileiro passou a discutir e trabalhar de forma específica para o jovem, vendo ele de forma estratégica para o desenvolvimento do país. Foi criada a Secretaria Nacional da Juventude com a responsabilidade de articular as ações de governo para este contingente. É uma política necessariamente transversal. Não tem uma característica uniforme, é constituída como se fosse um mosaico, porque o jovem tem inúmeras demandas e possibilidades. Então o desafio da política para a juventude é buscar na pluralidade a singularidade das demandas emanadas deste contingente diverso. Às vezes parece não ser fácil distinguir, mas é justamente nestas diferenças da juventude que se pode criar uma agenda mais efetiva para se alcançar a resolução dos seus problemas.
FR – Desde a década passada quais os avanços que de fato correram em políticas para a juventude no país?TS – Houve sim, tanto de programas e projetos quanto de iniciativas e ambientes próprios para a juventude – o que também é importante. Do ponto de vista de programas e projetos, com a orientação e o empenho do governo federal, ficou mais fácil, nas prefeituras e nos governos dos estados, conceber ações estratégicas para a juventude, pois até então isso era algo dentro da educação, dentro da cultura, ou seja, dentro das inúmeras secretarias. Com uma formulação própria, com conteúdo sobre o quadro da juventude brasileira, fica mais fácil construir programas e projetos específicos. Podemos citar o Projovem, o Prouni e outros programas federais que estão nos estados e municípios e orientaram estes a criarem seus próprios programas. O estado do Rio, por exemplo, tem um grande programa, que é o Centro de Referência da Juventude. O nosso desafio agora é ampliar este programa para além da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Inclusive, Volta Redonda já manifestou interesse em ter um destes centros, o que está sendo discutido com a Kika Monteiro, coordenadora da Juventude na cidade. De outro ponto de vista, a participação política do jovem hoje é mais consolidada. Temos visto estas recentes manifestações dos jovens nas ruas, coisa que há dez, quinze anos atrás não era natural. As demandas para a juventude daquela época eram outras. Hoje, algumas continuam na pauta, mas o ambiente de participação e mobilização da juventude é muito mais favorável do que quinze anos atrás.
FR – Em relação a alguns aspectos que afligem a juventude, como primeiro emprego e qualidade de educação, ainda há um grande desafio pela frente, não?TS – Sim, ainda há. Embora sejam políticas específicas, elas fazem parte de uma integralidade, de um pensamento de governo, de uma ação de desenvolvimento. Afinal, se o jovem é o futuro ele também é o presente. Ele precisa de política presente para alcançar o futuro. Imagino que, durante estes últimos dez, doze anos, já fundamentamos os marcos legais necessários para criar uma nova cultura, para permitir que o jovem possa ficar mais tempo na escola, mas também para que tenha oportunidade de qualificação que dê empregabilidade e renda, vindo a surtir efeito futuramente. Parece estar ainda muito distante esta efetivação, mas acho que já demos passos largos para construir um ambiente em que teremos estes jovens cidadãos plenos de direitos, diferente das gerações passadas, as dos meus pais e as dos meus avós.
FR – Como vocês ligados diretamente às políticas para jovens refletem sobre a violência sofrida por este contingente, inclusive impulsionada pelas drogas?TS – A violência é um problema da sociedade brasileira. Os governos federal, estaduais e municipais têm que estar juntos para pensar em soluções para o problema. E a juventude está no centro deste debate. As condições de pobreza, de vulnerabilidade social contribuem, mas a juventude está exposta a este ambiente de violência, de tráfico de drogas, do domínio armado em determinados territórios e comunidades. Para enfrentar isso é preciso continuar com este investimento em programas e projetos setoriais e estratégicos, que garantam proteção para a juventude. Mas também é necessário emancipar ela como agente social que também pode ajudar a resolver estes problemas. Destaco uma grande ação, à qual Volta Redonda está também sendo incorporada, que é o Plano Nacional de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, do governo federal. Sabemos que a juventude negra é a mais exposta a esta condição de violência. O governo está empregando esforço, a articulação de vários serviços, com estados e municípios, no sentido de proteger e dar oportunidade a esta juventude. Até porque não adianta só proteger se não construir oportunidade. Em resumo, a violência é um grande problema, mas com esta articulação que a Secretaria Nacional da Juventude oferece já vejo possibilidade de construirmos uma cultura de paz para esta juventude e dando mais instrumentos de emancipação social a ela.

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