Rádio Acesa FM VR: Greve dos caminhoneiros continua

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Greve dos caminhoneiros continua

Um grupo menor em comparação com o primeiro dia de greve – 60 caminhoneiros -, segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), continuou nesta terça com as paralisações parciais da Rodovia Presidente Dutra (BR-116). Eles decidiram nesta terça à noite em assembleia, por volta das 20 horas, que a greve continuará até hoje, às 16 horas. Hoje, a intenção do grupo era interromper o fluxo total dos veículos no sentido Rio durante a noite, quando o movimento é reduzido. Durante o dia, a pista permaneceu desobstruída nos dois sentidos, exceto no período da manhã, quando, por volta das 10h30, um grupo interrompeu o fluxo de todos os veículos no sentido Rio.

O dia dos grevistas começou hoje, com uma assembleia às 9 horas, que decidiu pela permanência do movimento. Logo após, os caminhoneiros iniciaram o direcionamento dos veículos de carga para o acostamento, na altura do quilômetro 276, no sentido Rio de Janeiro. Por volta das 10h30, um grupo interrompeu o fluxo de todos os veículos no mesmo sentido. Alguns grevistas teriam cortado a mangueira de ar de um caminhão, dificultando a passagem dos veículos, e causando congestionamento de 1,5 quilômetro.

Por volta das 15 horas, um grupo de caminhoneiros atravessou para o lado da pista sentido São Paulo para interromper a passagem de um motorista que estava participando da greve, porém decidiu retomar as atividades. Um grevista tentou parar o caminhão, mas não teve sucesso na investida. Com o veículo em movimento, ele subiu na porta e acabou caindo em seguida. O manifestante não se machucou com a queda.

Por volta das 15h45, o caminhoneiro de 28 anos que tinha sido detido na 90ª DP (Barra Mansa), por cortar a mangueira de ar de um veículo na altura do Km 270, foi liberado e retornou para a manifestação. Ele contou que o proprietário do caminhão apontou aleatoriamente o culpado pelo corte.

- Não fui responsável pelo ato. Estava ali apenas para deslocar os caminhões para o acostamento. Fui algemado para a delegacia. Prestei depoimento e fui liberado. Tenho que esperar para ver se o dono do caminhão vai retirar a queixa – falou.

Um homem também foi levado para a delegacia por desacato a um policial, por volta das 13 horas. Segundo manifestantes, ele teria se alterado e falado algumas palavras agressivas para o agente.

Uma nova assembleia foi realizada às 16 horas, optando pela continuação da greve. No período, as tentativas de paralisação dos caminhoneiros não foram bem sucedidas. No fim do dia, o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Volta Redonda e da região Sul Fluminense, líder do movimento, Francisco Wilder, foi convocado a comparecer à PRF de Resende, onde participou de uma reunião para esclarecer as regras de ocupação da rodovia.

Grevistas

Francisco Wilde explicou que iniciou a liberação dos caminhões que estavam no estacionamento por volta das 23h30 de ontem.

- Nossa intenção era continuar, porém a chuva intensa não colaborou com as manifestações. Foi por uma questão de segurança que optamos por parar de interromper a passagem dos veículos de carga que estavam neste trecho. Além disso, o ambiente estava propício para as práticas criminosas, como saque de carga. A pouca visibilidade também influenciou na decisão, já que algum caminhoneiro poderia atropelar os grevistas. Com a velocidade indicada para circulação na rodovia, o condutor não consegue frear em tempo hábil para não provocar um acidente. Foi por todos esses motivos que decidimos retomar o movimento nesta manhã – disse.

Francisco também completou que a dispersão ao fim da paralisação de ontem não terminou de forma pacífica. Ele contou que a PRF utilizou granadas e efeito moral, gás lacrimogênio e munição de borracha para retirar os grevistas da pista.

- Desde o início, o nosso objetivo não é obstruir a Via Dutra totalmente. Sabemos do acordo e queremos apenas ocupar o acostamento. O congestionamento causado é fruto dos caminhoneiros que param de maneira irregular na faixa da esquerda, destinada a passagem dos carros de passeio e ônibus. Foi um tumulto desnecessário, já que nenhum manifestante estava armado ou praticando atos de vandalismo contra o patrimônio e a polícia – justificou.

Força de Choque

O policial rodoviário responsável pela operação de segurança, José Roberto de Lima, explicou a ação do órgão para dispersar os manifestantes.

- Ontem por volta das 20 horas, um grupo de grevistas estava tentando obrigar aos caminhoneiros a aderirem à greve. Ninguém pode participar de uma manifestação se não desejar. Com a ação, eles acabam paralisando totalmente a passagem de veículos. Existe uma ordem judicial que estipula que os protestos não podem interromper a rodovia, sendo passível de sanção para os sindicatos. Isso não acontece somente aqui na região. É uma prática adotada em todo o território nacional – frisou.

Uma força de choque, segundo o policial, foi montada para impedir a paralisação da rodovia. Lima confirmou a versão dos manifestantes e afirmou que foram usadas granadas, gases e munições de borracha.

- Ninguém ficou machucado com as nossas ações. A única ocorrência registrada foi uma grávida em trabalho de parto que estava presa no congestionamento. Nossa equipe intercedeu na situação e a levou para um hospital em Resende. Os policiais ficaram na altura do quilômetro 276 a noite inteira. Não queremos agir com força, mas o movimento precisa ser organizado – acrescentou.

Dificuldades

O caminhoneiro Edvaldo Estevão falou que a PRF não está colaborando com o movimento dos motoristas de carga.

- Eles precisam compreender que os estudantes conseguiram parar a rodovia. Por que os usuários diretos da pista não podem se manifestar de forma semelhante? O único local que não está parando direito é aqui. Poucas horas que ficarmos interrompendo a rodovia, o comércio já sentirá as consequências. Precisa começar a faltar arroz e feijão nos pontos de revenda para que as pessoas se atentem para a importância da nossa profissão e do serviço prestado - disse.

Para o caminhoneiro Adriano Hermes, a manifestação pacífica parece que não surte efeito para as conquistas dos trabalhadores. Ele reafirmou que o movimento não deseja violência, porém os policiais não colaboram para o protesto da categoria.

- Estamos aqui avisando para os caminhoneiros que o objetivo não é paralisar a rodovia. Estamos querendo que todos os veículos sejam desviados para o acostamento. Queremos visibilidade, não paralisação do fluxo de veículos de passeio. Se não for com pressão não vamos conseguir, já que os policiais pedem para que os motoristas sigam viagem com os seus veículos – argumentou.

A PRF, por meio de um agente, explicou que o fim da fila de caminhões no acostamento estava próximo de uma curva. O policial ainda completou que, em uma pista de alta velocidade, um veículo parado após uma curva pode ocasionar um acidente com muitas vítimas. Um policial que também participava da ação disse que uma paralisação dentro da cidade não tem nada de semelhante com um protesto promovido na rodovia. Além de não permitir a ocupação da pista, ele falou que necessita garantir a segurança dos manifestantes.

O caminhoneiro Bruno Reis falou que os comércios localizados próximo ao local da paralisação aproveitaram para vender os produtos com preço acima do normal.

- Ontem tivemos que comprar marmitex por R$18,00. Nossa participação na economia do país é muito grande. A maior parte dos caminhoneiros dorme apenas três horas por dia. Não é uma vida fácil. Temos que enfrentar, além dos perigos das estradas, os preços altos de pedágio, eixo suspenso e alimentação. Nossas reinvindicações precisam ser aceitas para a situação mudar – enfatizou.

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