Rádio Acesa FM VR: Na mira de brasileiros, Portugal atrasa vistos

domingo, 1 de outubro de 2017

Na mira de brasileiros, Portugal atrasa vistos

Com uma população  envelhecida e vagas ociosas nos cursos superiores, Portugal tem  investido com muito sucesso na atração de alunos estrangeiros quantidade de brasileiros querendo estudar em Portugal disparou em  2017, e os serviços consulares já têm dificuldade para dar conta dos  pedidos de visto.

Estudantes relatam  problemas e espera de mais de dois meses para a obtenção dos documentos,  o que fez com que muitos deles perdessem -ou ainda estejam perdendo- as  primeiras semanas de aulas do ano letivo português, que começa em  setembro.

Yohana Pereira Ramos, 22, passou por isso. Estudante de  administração em Curitiba, ela optou por um intercâmbio no Instituto  Politécnico de Viana do Castelo, no Norte de Portugal. Seu visto levou  60 dias para ficar pronto e ela acabou perdendo as três primeiras  semanas de aula."Eu acho que perdi bastante, pelo que os professores  falaram. Um menino da minha sala vai tirar cópia das matérias e me  passar, mas eu perdi bastante coisa", lamenta.

No Consulado Geral  de Portugal em São Paulo, a quantidade de pedidos de vistos feitos por  estudantes bateu todos os recordes em 2017.

Até 25 de agosto, foram cerca de 4.100 pedidos, mais do que o total de 2016.

O  consulado ainda não disponibilizou o comparativo atualizado com os anos  anteriores, mas os números registrado até maio já davam a dimensão do  crescimento.

Apenas no consulado paulista, nos primeiros cinco  meses de 2017, o volume de pedidos para estudos de até um ano foi 148%  maior do que o mesmo período de 2016.

Em comunicado oficial, o  consulado reconhece a demora, mas diz estar trabalhando com as  universidades para dar celeridade aos casos.

"Por conta do número  extraordinário de pedidos e do fato das cartas de aceitação só nos serem  enviadas após um processo de seleção -que depende internamente das  universidades- fazendo com que centenas de pedidos deem entrada num  espaço de tempo muito reduzido, não tem sido possível responder com a  agilidade com que desejaríamos", diz o texto.

Nas redes sociais dos consulados, há diversos relatos de quem perdeu aulas, dinheiro e passagens de avião.

Para  não excederem o limite de faltas, alguns estudantes têm optado por  viajarem para Portugal como turistas. Eles assistem a algumas semanas de  aula e voltam para o Brasil para buscar o visto.

Essa é uma opção  que encarece bastante o intercâmbio, já que agosto e setembro são meses  de alta temporada na Europa, quando as passagens aéreas são mais caras.

Embora o recorde de pedidos tenha ocorrido em 2017, brasileiros também relatam atrasos ocorridos em 2016.

Aprovado  para um mestrado, Samuel Figueira Cardoso, 23, esperou por três meses  até seu visto ficar pronto no ano passado. A demora fez com que ele  perdesse o semestre e por pouco não perdeu também sua bolsa de estudos.

"A  minha coordenadora foi muito boa. Se ela não intercedesse por mim junto  aos outros professores, eu teria perdido a bolsa, que é financiada pela  União Europeia", conta Samuel, que estuda na Universidade do Porto.

A demora na emissão dos vistos já é motivo de preocupação para alguns setores do Parlamento português do aumento dos relatos de atrasos, as deputadas Carla  Cruz e Paula Santos (Partido Comunista Português) enviaram um ofício ao  governo afirmando que "esta situação tem consequências muito nefastas  para os cidadãos afetados, mas também para as universidades  portuguesas".<br />

Com  uma população envelhecida e vagas ociosas nos cursos superiores,  Portugal tem investido com muito sucesso na atração de alunos  estrangeiros, inclusive com alguns programas de estudos ministrados em  inglês.

A facilidade de ter os diplomas válidos em toda a União  Europeia, além do baixo custo de vida e de taxas acadêmicas  relativamente mais baratas do que em outros países europeus são os  principais fatores de atração.

Os brasileiros têm, além do idioma  em comum, um incentivo a mais: mais de 20 universidades portuguesas já  aceitam o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para o acesso à  graduação.<br />
Com isso, os estudantes  internacionais, sobretudo os brasileiros, já respondem por uma fatia  significativa em muitos cursos universitários.

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