Estudo do Instituto de Segurança Pública mostra que, por dia, seis mulheres foram vítimas de Violência Psicológica em crimes cometidos na internet
Dados inéditos da 19° edição do Dossiê Mulher, divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), revelam dados detalhados dos casos de feminicídios registrados em 2023. Entre os autores, 42 alegaram ter cometido o crime após uma briga e 20 devido à não aceitação do fim do relacionamento; além disso, 17 foram motivados por ciúmes da companheira ou ex-companheira e 6 por desconfiança de traição - totalizando, juntos, 83% dos casos. É importante destacar que, em comparação com o ano passado, o estado do Rio contabilizou uma queda de 11% nos feminicídios, com 99 vítimas em 2023, contra 111 em 2022.
Essas e outras estatísticas estão disponíveis no Dossiê Mulher 2024, estudo produzido de forma pioneira há 19 anos pelo ISP. O principal objetivo do Dossiê é fornecer estatísticas oficiais para a criação de políticas públicas, focadas na proteção, acolhimento e atendimento das mulheres vítimas e de todos que são atingidos por essas violências.
- O enfrentamento do feminicídio e a proteção integral da mulher são prioridades do nosso governo, que tem uma Secretaria da Mulher trabalhando de forma transversal com as demais secretarias, com a Patrulha Maria da Penha e as delegacias de Atendimento à Mulher. O lançamento do Dossiê Mulher reafirma o nosso compromisso de incentivar ações de proteção, acolhimento e atendimento de todas as mulheres, especialmente das que são vítimas dessa grave violência - disse o governador Cláudio Castro.
Ao analisar a dinâmica desses crimes, é possível observar que em mais de ⅓ dos casos, o uso da arma branca, como a faca, foi predominante, seguido por arma de fogo. Cerca de 85% das mulheres foram vitimadas dentro de uma residência, quase metade possuíam entre 30 e 59 anos e 62% eram negras. Os companheiros e ex-companheiros aparecem como os principais autores, responsáveis por cerca de 80% das mortes.
– A história do Dossiê Mulher converge com a história do Instituto de Segurança Pública, principalmente quando falamos sobre pioneirismo. É muito importante lembrar que o Rio de Janeiro foi o primeiro estado brasileiro a divulgar dados sobre violência contra a mulher e fazemos isso há 19 anos ininterruptos. A 19ª edição vem com análises novas, fruto da dedicação e do amadurecimento intelectual de pesquisadoras e policiais em sistematizar e traduzir, de forma cada vez mais rica, os números oficiais da segurança pública – afirmou Marcela Ortiz, presidente do ISP.
O feminicídio é um crime que afeta todo o núcleo familiar da mulher vítima. 67 mulheres eram mães, e 40 desses filhos eram menores de idade na época do crime. Um dado alarmante é que em 15 ocasiões, os filhos testemunharam a morte de suas mães. Uma informação sensível é que, das 99 vítimas, 56 já haviam sofrido algum tipo de violência doméstica antes do crime e não denunciaram o agressor. Quando olhamos para o autor desses crimes, 57% deles possuíam algum tipo de antecedente criminal, sendo que mais de ⅔ eram por violência doméstica. Após o cometimento do crime, 70% dos autores foram presos (em flagrante, após investigação policial ou entrega voluntária). Pela primeira vez, o Dossiê Mulher analisou o consumo de álcool ou drogas pelos agressores. Dos 103 autores de feminicídios, 21 eram usuários de drogas e de álcool, 15 de drogas e 15 de álcool.
- A Secretaria da Mulher vem trabalhando de forma transversal e com ênfase na prevenção, pois precisamos provocar uma mudança da raiz cultural que estimula a objetificação e desumanização das mulheres. Para trabalhar melhor os dados e integrá-los com os da Saúde e Educação, criamos o Observatório do Feminicídio em parceria com a UFRJ. Toda mulher fluminense tem o direito de ser respeitada e de viver em paz. Estamos aqui para lutar todos os dias por esse direito – disse a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar.
Violência Psicológica
Pelo terceiro ano consecutivo, a Violência Psicológica superou as demais, correspondendo a 36% do total de casos registrados em território fluminense. Caracterizada por abusos destinados a exercer controle por meio de comportamentos coercitivos, essa forma de agressão, somente em 2023, vitimou 51.019 mulheres, o equivalente a cerca de 140 casos por dia — um aumento de 17% em relação ao ano anterior.
Analisando detalhadamente esse crime, 60% das vítimas tinham entre 30 e 59 anos. Metade das agressões foram perpetradas por companheiros ou ex-companheiros, e o mesmo percentual ocorreu dentro de residências, o local mais comum para esse tipo de delito. Em 2023, também foi registrado um recorde de casos de Violência Psicológica em ambiente virtual, com 2.157 vítimas, 24% a mais do que em 2022. Entre os delitos associados a essa forma de violência, o crime de ameaça foi o mais recorrente, com 43.333 vítimas, correspondendo a 85% das ocorrências.
Outros delitos
Cerca de 141 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de violência doméstica e familiar no estado do Rio de Janeiro em 2023, ou seja, 389 por dia. Mais de 22 mil dessas mulheres denunciaram que foram vítimas de violências simultâneas - 38% de violências Psicológica e Moral, 22% de Física e Psicológica e 13% de Física e Moral.
Dentre os crimes de Violência Sexual, o estupro se destacou com o maior número de vítimas mulheres, 4.759, seguido pela importunação sexual, com 2.227 vítimas, e assédio sexual, com 298. A Região Metropolitana concentrou 71% dessas vítimas, seguida pelas Baixadas Litorâneas, com 7%.
Em relação aos estupros, houve uma redução de 3% em 2023, quando comparado com o ano anterior. Uma informação que chamou a atenção é a redução no tempo que as vítimas de estupro e estupro de vulnerável levaram para denunciar seus agressores, com 59% registrando o crime em até uma semana após o ocorrido, e 83% em até um ano - o que pode ser um reflexo do fortalecimento da confiança nas instituições policiais e na rede de apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Ao analisar os estupros de vulnerável, é possível identificar que 85% das vítimas tinham até 17 anos de idade, 46% dos agressores eram do círculo de conhecidos dessas mulheres e meninas, e 72% dos casos aconteceram dentro de uma residência.
Entre os crimes que compõem a Violência Física, as mulheres foram as maiores vítimas de lesão corporal dolosa, seguido pela tentativa de homicídio e tentativa de feminicídio. A Região Metropolitana concentrou a grande maioria dos casos (72%) e a maior parte dos crimes de tentativa de feminicídio (91%), feminicídio (72%) e lesão corporal dolosa (67%) foram classificadas sob a Lei Maria da Penha.
Na seção “Saiba também”, o Dossiê Mulher disponibiliza um panorama sobre duas iniciativas de prevenção do Governo do Estado do Rio de Janeiro voltadas ao enfrentamento à violência contra a mulher: Programa Patrulha Maria da Penha - Guardiões da Vida e o aplicativo Rede Mulher. Em 2023, cerca de 22 mil mulheres foram atendidas pelo programa Patrulha Maria da Penha, um aumento de 61% em relação ao ano anterior - 77% dos atendimentos estavam relacionados à fiscalização de medida protetiva. Entre setembro de 2022 e dezembro de 2023, 228 despachos foram gerados pelo aplicativo Rede Mulher - a maior parte ocorrendo às quintas e sextas-feiras, entre 13h e 23h. A maior parte dessas ocorrências eram alertas da rede mulher (80%).
Pela primeira vez, o Dossiê Mulher analisa os dados sobre as ligações recebidas pelo Disque Denúncia relacionados a violência contra a mulher. Entre 2019 e 2023, 5.380 denúncias foram registradas. A Região Metropolitana concentrou 86% das chamadas e a maior parte aconteceu entre 12h e 16h.
É importante ressaltar que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Mulher (SEM) realiza, em parceria com a Secretaria de Educação, palestras nas escolas para seus alunos e, com o programa SerH, conversa com os homens sobre masculinidades saudáveis. Outras importantes ações da SEM são as conscientizações sobre violência contra a mulher nos estádios de futebol e a campanha "Mexeu com uma, mexeu com o Rede Mulher", que divulga o app Rede Mulher, uma ferramenta que salva vidas. Além disso, o Ônibus Lilás, que oferece atendimento psicológico, jurídico e social, voltou a rodar no Estado completamente renovado para chegar a locais mais afastados de áreas urbanas.
Essas e outras estatísticas estão disponíveis no Dossiê Mulher 2024, estudo produzido de forma pioneira há 19 anos pelo ISP. O principal objetivo do Dossiê é fornecer estatísticas oficiais para a criação de políticas públicas, focadas na proteção, acolhimento e atendimento das mulheres vítimas e de todos que são atingidos por essas violências.
- O enfrentamento do feminicídio e a proteção integral da mulher são prioridades do nosso governo, que tem uma Secretaria da Mulher trabalhando de forma transversal com as demais secretarias, com a Patrulha Maria da Penha e as delegacias de Atendimento à Mulher. O lançamento do Dossiê Mulher reafirma o nosso compromisso de incentivar ações de proteção, acolhimento e atendimento de todas as mulheres, especialmente das que são vítimas dessa grave violência - disse o governador Cláudio Castro.
Ao analisar a dinâmica desses crimes, é possível observar que em mais de ⅓ dos casos, o uso da arma branca, como a faca, foi predominante, seguido por arma de fogo. Cerca de 85% das mulheres foram vitimadas dentro de uma residência, quase metade possuíam entre 30 e 59 anos e 62% eram negras. Os companheiros e ex-companheiros aparecem como os principais autores, responsáveis por cerca de 80% das mortes.
– A história do Dossiê Mulher converge com a história do Instituto de Segurança Pública, principalmente quando falamos sobre pioneirismo. É muito importante lembrar que o Rio de Janeiro foi o primeiro estado brasileiro a divulgar dados sobre violência contra a mulher e fazemos isso há 19 anos ininterruptos. A 19ª edição vem com análises novas, fruto da dedicação e do amadurecimento intelectual de pesquisadoras e policiais em sistematizar e traduzir, de forma cada vez mais rica, os números oficiais da segurança pública – afirmou Marcela Ortiz, presidente do ISP.
O feminicídio é um crime que afeta todo o núcleo familiar da mulher vítima. 67 mulheres eram mães, e 40 desses filhos eram menores de idade na época do crime. Um dado alarmante é que em 15 ocasiões, os filhos testemunharam a morte de suas mães. Uma informação sensível é que, das 99 vítimas, 56 já haviam sofrido algum tipo de violência doméstica antes do crime e não denunciaram o agressor. Quando olhamos para o autor desses crimes, 57% deles possuíam algum tipo de antecedente criminal, sendo que mais de ⅔ eram por violência doméstica. Após o cometimento do crime, 70% dos autores foram presos (em flagrante, após investigação policial ou entrega voluntária). Pela primeira vez, o Dossiê Mulher analisou o consumo de álcool ou drogas pelos agressores. Dos 103 autores de feminicídios, 21 eram usuários de drogas e de álcool, 15 de drogas e 15 de álcool.
- A Secretaria da Mulher vem trabalhando de forma transversal e com ênfase na prevenção, pois precisamos provocar uma mudança da raiz cultural que estimula a objetificação e desumanização das mulheres. Para trabalhar melhor os dados e integrá-los com os da Saúde e Educação, criamos o Observatório do Feminicídio em parceria com a UFRJ. Toda mulher fluminense tem o direito de ser respeitada e de viver em paz. Estamos aqui para lutar todos os dias por esse direito – disse a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar.
Violência Psicológica
Pelo terceiro ano consecutivo, a Violência Psicológica superou as demais, correspondendo a 36% do total de casos registrados em território fluminense. Caracterizada por abusos destinados a exercer controle por meio de comportamentos coercitivos, essa forma de agressão, somente em 2023, vitimou 51.019 mulheres, o equivalente a cerca de 140 casos por dia — um aumento de 17% em relação ao ano anterior.
Analisando detalhadamente esse crime, 60% das vítimas tinham entre 30 e 59 anos. Metade das agressões foram perpetradas por companheiros ou ex-companheiros, e o mesmo percentual ocorreu dentro de residências, o local mais comum para esse tipo de delito. Em 2023, também foi registrado um recorde de casos de Violência Psicológica em ambiente virtual, com 2.157 vítimas, 24% a mais do que em 2022. Entre os delitos associados a essa forma de violência, o crime de ameaça foi o mais recorrente, com 43.333 vítimas, correspondendo a 85% das ocorrências.
Outros delitos
Cerca de 141 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de violência doméstica e familiar no estado do Rio de Janeiro em 2023, ou seja, 389 por dia. Mais de 22 mil dessas mulheres denunciaram que foram vítimas de violências simultâneas - 38% de violências Psicológica e Moral, 22% de Física e Psicológica e 13% de Física e Moral.
Dentre os crimes de Violência Sexual, o estupro se destacou com o maior número de vítimas mulheres, 4.759, seguido pela importunação sexual, com 2.227 vítimas, e assédio sexual, com 298. A Região Metropolitana concentrou 71% dessas vítimas, seguida pelas Baixadas Litorâneas, com 7%.
Em relação aos estupros, houve uma redução de 3% em 2023, quando comparado com o ano anterior. Uma informação que chamou a atenção é a redução no tempo que as vítimas de estupro e estupro de vulnerável levaram para denunciar seus agressores, com 59% registrando o crime em até uma semana após o ocorrido, e 83% em até um ano - o que pode ser um reflexo do fortalecimento da confiança nas instituições policiais e na rede de apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Ao analisar os estupros de vulnerável, é possível identificar que 85% das vítimas tinham até 17 anos de idade, 46% dos agressores eram do círculo de conhecidos dessas mulheres e meninas, e 72% dos casos aconteceram dentro de uma residência.
Entre os crimes que compõem a Violência Física, as mulheres foram as maiores vítimas de lesão corporal dolosa, seguido pela tentativa de homicídio e tentativa de feminicídio. A Região Metropolitana concentrou a grande maioria dos casos (72%) e a maior parte dos crimes de tentativa de feminicídio (91%), feminicídio (72%) e lesão corporal dolosa (67%) foram classificadas sob a Lei Maria da Penha.
Na seção “Saiba também”, o Dossiê Mulher disponibiliza um panorama sobre duas iniciativas de prevenção do Governo do Estado do Rio de Janeiro voltadas ao enfrentamento à violência contra a mulher: Programa Patrulha Maria da Penha - Guardiões da Vida e o aplicativo Rede Mulher. Em 2023, cerca de 22 mil mulheres foram atendidas pelo programa Patrulha Maria da Penha, um aumento de 61% em relação ao ano anterior - 77% dos atendimentos estavam relacionados à fiscalização de medida protetiva. Entre setembro de 2022 e dezembro de 2023, 228 despachos foram gerados pelo aplicativo Rede Mulher - a maior parte ocorrendo às quintas e sextas-feiras, entre 13h e 23h. A maior parte dessas ocorrências eram alertas da rede mulher (80%).
Pela primeira vez, o Dossiê Mulher analisa os dados sobre as ligações recebidas pelo Disque Denúncia relacionados a violência contra a mulher. Entre 2019 e 2023, 5.380 denúncias foram registradas. A Região Metropolitana concentrou 86% das chamadas e a maior parte aconteceu entre 12h e 16h.
É importante ressaltar que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Mulher (SEM) realiza, em parceria com a Secretaria de Educação, palestras nas escolas para seus alunos e, com o programa SerH, conversa com os homens sobre masculinidades saudáveis. Outras importantes ações da SEM são as conscientizações sobre violência contra a mulher nos estádios de futebol e a campanha "Mexeu com uma, mexeu com o Rede Mulher", que divulga o app Rede Mulher, uma ferramenta que salva vidas. Além disso, o Ônibus Lilás, que oferece atendimento psicológico, jurídico e social, voltou a rodar no Estado completamente renovado para chegar a locais mais afastados de áreas urbanas.
Acesse o Dossiê Mulher 2024 completo e outros dados sobre a violência contra a mulher no site do ISP.
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