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O sono nas grandes cidades, um desafio para a nossa saúde

O sono nas grandes cidades, um desafio para a nossa saúde

O remédio para isso, receita Paulo Saldiva, é tornar as cidades mais humanas e disciplinar a distinção entre trabalho e o tempo que temos para cuidar da nossa saúde
O sono nas grandes cidades, um desafio para a nossa saúde
A qualidade, assim como a quantidade do sono nos grandes centros urbanos é o tema desta coluna do professor Paulo Saldiva, que não tem dúvidas em afirmar que todos nós, habitantes das grandes cidades, temos o sono prejudicado, e aqui ele aproveita a deixa para falar um pouco sobre a fisiologia do sono, que não se restringe somente a um apagar da consciência para o descanso do corpo, mas obedece a um ciclo que segue diversas fases, do sono mais leve ao mais profundo. Alguns fatores, no entanto, como aponta ele, contribuem para um sono irregular. O ruído urbano é um deles, ainda que muitas vezes não nos apercebamos disso conscientemente. “Os nossos órgãos auditivos, que captam o som externo, estão funcionando e estão estimulando o sistema nervoso, mas a gente filtra isso do ponto de vista consciente, fisiologicamente a gente é percebedor disso. A iluminação das cidades é outro fator que pode perturbar o nosso sono.

Saldiva explica que precisamos passar algumas horas no escuro, para que a retina possa informar o sistema nervoso sobre essa condição, o que é essencial para secretar alguns hormônios, principalmente a melatonina. “Para você secretar melatonina em quantidade suficiente para induzir ao sono, você precisa passar um momento no escuro. Eu desconfio que a maior parte de nós passa muito pouco tempo no escuro por causa do regime de trabalho, da própria luz elétrica, e a gente leva o sol para cama, lendo ou vendo televisão. Mas tem o fator físico das cidades. Para chegarmos aos nossos lugares – de trabalho, de estudo – temos que acordar cedo, ficamos privados de sono, e também chegamos mais tarde, porque o congestionamento à tarde é uma coisa que todo mundo já passou bem por isso.” Além disso, lembra o colunista, “o ambiente urbano é um ambiente desafiador. Nós temos ansiedade, seja pelo regime de trabalho, nós temos ansiedade por ter tarefas que se avolumam, que temos que fazer a todo momento. Nós temos até medo, né? Medo dessa violência urbana que nos amedronta e que a gente assiste todo dia nos noticiários […] E, com isso, a gente vai ter não só um cansaço no dia seguinte, nós vamos poder dormir o mesmo número de horas, mas nos sentimos muito cansados, porque não repousamos o cérebro à noite, e nós vamos ter também problemas no sono irregular. Ele prejudica o controle da pressão arterial, prejudica o controle da glicemia, uma série de fatores que são importantes para manter a nossa saúde”. O remédio para isso, segundo Saldiva, é fazermos as cidades mais humanas e disciplinar a distinção entre trabalho e o tempo que se tem para cuidar de si mesmo.

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