Atuação resulta em solução definitiva para o abandono de 98 vagões que há anos causavam riscos à saúde e ao meio ambiente no município
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Vagões abandonados em pátio desativado em Itatiaia deverão ser totalmente removidos / Foto: reprodução |
Segundo relatos da comunidade, os vagões estavam estacionados de forma irregular há vários anos no trecho entre os quilômetros 202 e 204 da Linha Rio x São Paulo, próximo à ponte que liga os bairros Jardim Itatiaia e Vila Pinheiro. No local, acumulavam-se lixo, entulho e água parada, sem qualquer ação de limpeza, vigilância ou contenção. O cenário favorecia a proliferação de mosquitos-da-dengue, roedores, cobras e outras pragas urbanas, além de levantar suspeitas de uso do espaço por traficantes de drogas.
Falhas — Após análise da denúncia, o MPF abriu investigação com o objetivo de apurar os potenciais danos ambientais e os riscos à saúde pública. A malha ferroviária, operada sob concessão pela MRS Logística S.A., é de responsabilidade da empresa, inclusive no que diz respeito às estruturas auxiliares. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), por sua vez, tem a função de fiscalizar a concessionária.
Durante diligências realizadas no local, o MPF confirmou a gravidade da situação, amplamente conhecida pela população. Os vagões, dispostos de forma inadequada em um ramal paralelo da ferrovia, apresentavam evidente estado de abandono: tampas abertas, ausência de cobertura, iluminação ou sinalização, com fácil acesso para qualquer pessoa. O trecho não possuía características técnicas de um pátio ferroviário e encontrava-se tomado por vegetação, dutos obstruídos e ausência total de manejo ambiental.
Esforço institucional articulado garantiu solução definitiva — Para reverter o cenário, o MPF promoveu articulações junto à MRS e à ANTT, enviando ofícios com exigência de explicações, planos de ação e providências concretas. Foram ainda requisitadas informações e vistorias às secretarias municipais de Meio Ambiente, Saúde, Ordem Pública e à Defesa Civil de Itatiaia. Apesar de a ANTT ter declarado que não havia vedação legal à permanência dos vagões e de a MRS ter inicialmente negado a existência de riscos, o MPF considerou a situação incompatível com o interesse público e representativa de falha na prestação de um serviço público essencial.
Em videoconferência realizada em março de 2025, com a presença de representantes da MRS Logística S.A., foi informado que 19 dos 98 vagões já haviam sido retirados. Na ocasião, a empresa comprometeu-se formalmente a concluir a remoção total até agosto de 2025.
Conclusão da retirada — Em 27 de maio de 2025, a MRS apresentou ao MPF documentação e registros fotográficos comprovando a retirada integral dos vagões. Com isso, o órgão entendeu que a apuração alcançou seu objetivo, com a solução definitiva do problema.
Segundo o procurador da República em Resende Cleber de Oliveira Tavares Neto, responsável pelo caso, “a atuação institucional demonstra como a articulação entre órgãos públicos e a firme cobrança da legalidade podem produzir resultados concretos para a sociedade, especialmente em temas que impactam diretamente a saúde, o meio ambiente e a segurança da população.”
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