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CPMI do INSS investiga a suspeita de pastores com desvios de aposentados

CPMI do INSS investiga a suspeita de pastores com desvios de aposentados

Organizações associadas à Igreja Batista da Lagoinha, redes ligadas ao pastor André Valadão, e a Igreja Sete Church, vinculada ao pastor César Beluci

CPMI do INSS investiga a suspeita de pastores com desvios de aposentados
As investigações sobre o esquema nacional de descontos indevidos em aposentadorias começam a revelar movimentações financeiras atípicas que teriam circulado entre entidades e empresas ligadas aos núcleos das fraudes do INSS e diversas instituições religiosas.

Segundo documentos enviados à CPMI por órgãos como COAF e Receita Federal, empresários e sócios de entidades como Amar Brasil, CONAFER e CBPA realizaram transferências de recursos para líderes religiosos, igrejas e organizações religiosas, em valores e frequências que chamaram atenção.

Requerimentos protocolados ampliam frentes de apuração

Foram protocolados requerimentos para verificar se recursos desviados de benefícios do INSS — por meio de filiações fraudulentas, mensalidades indevidas e serviços não contratados — foram posteriormente repassados a instituições religiosas, entre elas:

Organizações associadas à Igreja Batista da Lagoinha, redes ligadas ao pastor André Valadão, e a Igreja Sete Church, vinculada ao pastor César Beluci.

Outro requerimento busca esclarecer operações relacionadas a possíveis estruturas financeiras paralelas, como o chamado Clava Forte Bank, sob suspeita preliminar de atuar como meio para “esquentar” valores provenientes das fraudes.

Os parlamentares querem saber se os recursos foram destinados a ações legítimas, como doações ou manutenção institucional, ou se serviram como camuflagem para lavagem de dinheiro, hipótese mencionada de forma inicial em reporte enviado pelo COAF.

Transferências identificadas nos documentos da CPMI

Os dados já analisados pela Comissão apontam repasses expressivos:

1. Núcleo “Golden Boys” → Sete Church (Pastor César Beluci)

R$ 694 mil transferidos para a Sete Church, localizada em Alphaville, Barueri (SP).

2. Núcleo das fraudes → Pastor Péricles Albino Gonçalves

R$ 200 mil enviados ao pastor da Igreja Evangélica Campo de Anatote, também em Barueri (SP).

3. CBPA → Network → Fundação Boas Novas e membros da família Câmara

A entidade CBPA, também investigada, repassou R$ 1,9 milhão à empresa Network.

Deste total:

    R$ 11 mil foram destinados à Fundação Boas Novas, presidida pelo pastor Jônatas Câmara, irmão do deputado Silas Câmara;

    R$ 37 mil foram transferidos para Heber Tavares Câmara, filho do parlamentar;

    R$ 146 mil foram destinados a Milena Câmara, filha de Silas e advogada da CBPA;

    R$ 9 mil foram enviados ao próprio deputado Silas Câmara, que preside a Frente Parlamentar Evangélica.

    Além disso, a empresa Conektah, que também recebeu recursos da CBPA, repassou mais R$ 37 mil a Heber Tavares Câmara.

Associação dos Aposentados do Brasil (AAB) e igrejas no Distrito Federal

Outra frente em apuração envolve a AAB – Associação dos Aposentados do Brasil, que atua no mesmo ecossistema das entidades investigadas.

A AAB possui como sócios fundadores de igrejas evangélicas em Brasília, entre eles:

Dogival José dos Santos, presidente da AAB e fundador da Primeira Igreja Pentecostal Cristo a Esperança / Cruzada Nacional de Evangelismo, em Ceilândia (DF);

Lucineide dos Santos Oliveira, presidente da Igreja Evangélica Pentecostal Ministério Visão de Deus, no Recanto das Emas (DF).

As conexões entre essas igrejas, seus dirigentes e entidades que integram o esquema de descontos indevidos justificam aprofundamento das investigações.

Próximos passos

A CPMI aguarda:

    Aprovação da Quebra de sigilos bancários e fiscais de empresas e entidades envolvidas;
    Relatórios de Inteligência Financeira - RIFs sobre transações destinadas a igrejas e fundações religiosas;

    Oitiva de líderes religiosos citados em relatórios oficiais;
    Verificação aprofundada sobre a possível atuação do Clava Forte.

Importante reforçar que nenhuma instituição religiosa está prévia ou automaticamente acusada, mas que qualquer instituição que recebeu recursos provenientes de entidades sob investigação deverá prestar esclarecimentos, garantindo transparência e proteção aos aposentados lesados.

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