Tudo levava a crer, no princípio do século XXI, que poderosas
energias estavam nos conduzindo ao sucesso mundial (taxa de crescimento
maior que a média mundial, baixo desemprego, moeda estável, fortes
exportações etc.). Novamente, no entanto, os anos de opulência
econômica, consumista e especulativa não significaram opulência cultural
e educacional. Ficamos na superfície e esquecemos da essência do
progresso humano consistente. Rapidamente todo o futuro vai de
desmantelando, como se fosse um castelo de areia. Somos um país sem
futuro que só vive do presente, mas ancorado no passado medonho que o
persegue: selvagerismo, teocratismo, autoritarismo, segregacionismo,
ignorantismo, parasitismo e desigualitarismo. São essas, dentre outras,
as criaturas malignas que habitam nosso subsolo, salpicado de fanatismo e
populismo de todo tipo. O cenário trágico se fecha quando agregamos a
tudo isso a ignorância auto-satisfeita (veja R. Argullol, El País
de 10/5/14, p. 35), que contempla, década após década, a derrocada do
país e apaticamente nada faz contra a destruição dos jovens talentos que
sempre foram nossa esperança (quem não aprende com a sua história,
tende a repetir os mesmos erros).
Não usufruímos nada do Renascentismo (séculos XV e XVI) porque fomos colonizados sob o império da cultura feudal da Idade Média. Não nos modernizamos e muito menos nos emancipamos com o Iluminismo (dos séculos XVII e XVIII), porque a elite dominante deliberou manter a cultura colonialista precedente, mesmo após a independência do Brasil, que se deu em 1822 (ano em que nos tornamos liberais e escravagistas ao mesmo tempo; sendo duas coisas que se excluem, protagonizamos um paradoxo inigualável em todo planeta). Nunca desfrutamos de liberdade plena, porque na maior parte da nossa existência fomos conduzidos por regimes de exceção (militares). E agora não estamos navegando na onda da globalização do mercado porque a ignorância da massa (veja Ortega y Gasset: edição de 2013) controlada pelas elites não nos permite ser competitivos internacionalmente. De outro lado, fica cada vez mais evidente que as benesses da globalização não foram feitas para todos (os super-ricos globais estão acumulando a quase totalidade da riqueza gerada pelos mercados mundializados – veja Bauman: 2014).
O problema seria nossa colonização teocrática e autoritária, nossas elites parasitárias, o capitalismo concentrador mundial, os políticos, a corrupção, a ditadura, o ignorantismo, o segregacionismo? Minha primeira conclusão: não podemos ser complacentes com os donos do poder, seja o interno, seja o internacional. A postura desavergonhada se generalizou como grama daninha e a economia consolidou sua apropriação da política e da justiça (embora existam alguns conflitos em certos momentos). Estamos arruinando, de novo, as possibilidades de construir uma sociedade moderna, culta, honesta e competitiva. Em lugar da escandinavização (melhora da qualidade de vida, da escolaridade e da renda per capita, tal qual a elite “escandinavizada”: Noruega, Finlândia, Islândia, Holanda, Coreia do Sul etc.), o que o horizonte nos mostra é a africanização (mais miséria, menos escolaridade, mais desorganização social, menos esperança, menos empregos, menos exportações, mais indignação, mais populismo e, sobretudo, mais violência, incluindo-se a fascista).
Não usufruímos nada do Renascentismo (séculos XV e XVI) porque fomos colonizados sob o império da cultura feudal da Idade Média. Não nos modernizamos e muito menos nos emancipamos com o Iluminismo (dos séculos XVII e XVIII), porque a elite dominante deliberou manter a cultura colonialista precedente, mesmo após a independência do Brasil, que se deu em 1822 (ano em que nos tornamos liberais e escravagistas ao mesmo tempo; sendo duas coisas que se excluem, protagonizamos um paradoxo inigualável em todo planeta). Nunca desfrutamos de liberdade plena, porque na maior parte da nossa existência fomos conduzidos por regimes de exceção (militares). E agora não estamos navegando na onda da globalização do mercado porque a ignorância da massa (veja Ortega y Gasset: edição de 2013) controlada pelas elites não nos permite ser competitivos internacionalmente. De outro lado, fica cada vez mais evidente que as benesses da globalização não foram feitas para todos (os super-ricos globais estão acumulando a quase totalidade da riqueza gerada pelos mercados mundializados – veja Bauman: 2014).
O problema seria nossa colonização teocrática e autoritária, nossas elites parasitárias, o capitalismo concentrador mundial, os políticos, a corrupção, a ditadura, o ignorantismo, o segregacionismo? Minha primeira conclusão: não podemos ser complacentes com os donos do poder, seja o interno, seja o internacional. A postura desavergonhada se generalizou como grama daninha e a economia consolidou sua apropriação da política e da justiça (embora existam alguns conflitos em certos momentos). Estamos arruinando, de novo, as possibilidades de construir uma sociedade moderna, culta, honesta e competitiva. Em lugar da escandinavização (melhora da qualidade de vida, da escolaridade e da renda per capita, tal qual a elite “escandinavizada”: Noruega, Finlândia, Islândia, Holanda, Coreia do Sul etc.), o que o horizonte nos mostra é a africanização (mais miséria, menos escolaridade, mais desorganização social, menos esperança, menos empregos, menos exportações, mais indignação, mais populismo e, sobretudo, mais violência, incluindo-se a fascista).
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