Boas notas em português e matemática na escola influenciam salário futuro

Estudos brasileiros já provaram que, quanto maior for o número de anos de escolaridade, maior será a renda do indivíduo no mercado de trabalho. Mas uma pesquisa da Fundação Itaú Social foi um pouco além disso e mostrou como notas boas em língua portuguesa e matemática, durante a trajetória escolar, podem influenciar o aumento nos salários dos estudantes brasileiros após eles deixarem o Ensino Médio.
O estudo “A Relação entre o Desempenho Escolar e os Salários no Brasil” conseguiu identificar e quantificar essa relação entre desempenho e salário a partir da análise das notas de duas gerações de estudantes no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), utilizando dados da Prova Brasil.
Os dados mostram que o aumento de 10% na nota de proficiência em língua portuguesa é responsável por um salário 5% maior, em média, cinco anos depois que o estudante concluiu a Educação Básica e está no mercado de trabalho. Já em matemática, uma elevação de 10% na proficiência origina, em média, um salário 4,6% maior no mesmo período.

Metodologia

As gerações acompanhadas pelo estudo são nascidas em 1977-78 e em 1987-88. Foram observados três etapas da vida dos indivíduos: dos 4 aos 5 anos (infância); dos 17 a 18 anos (fase escolar) e dos 23 aos 24 (mercado de trabalho). Para reunir informações de fases tão distintas, foram utilizados diferentes bancos de dados. Um deles foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos anos de 1982, 1992, 1995 e 2005. As duas últimas edições (2000 e 2010) do Censo Demográfico, realizado pelo mesmo órgão, também embasaram a pesquisa.
As informações do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), dos anos de 1995 e de 2005 também serviram como fonte para o estudo.
Os três bancos de dados foram necessários para os pesquisadores pudessem definir grupos de jovens que nasceram no mesmo estado e que tivessem a mesma cor e com pais com a mesma escolaridade. Após a fixação dos perfis, foram calculados a média salarial e o desempenho de cada grupo. Dessa forma, foi possível acompanhar a trajetória das gerações no decorrer do tempo por meio das coortes e não seguindo exatamente os mesmos indivíduos.
“Os dados mostram que existe uma relação positiva e estatisticamente significativa entre o desempenho das avaliações e o salário futuro no mercado de trabalho”, explica Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e consultor da Fundação Itaú Social. Ele e Andréa Zaitune Curi, da Fundação Getúlio Vargas, são os autores do estudo.
Para ele, a pesquisa é importante para mostrar que não é somente o acesso à Educação que é importante, mas sim a qualidade do sistema.