Imóvel construído em 1861 é o mais rico exemplar neoclássico do município
Foi inaugurada na noite desta sexta-feira, 15, a reforma do Palácio Barão de Guapy e sua integração ao Parque Centenário e à Avenida Beira Rio - área denominada Corredor Cultural. A entrega oficial deste importante monumento histórico-cultural faz parte das comemorações dos 189 anos de Barra Mansa, celebrado no último dia 03.
O Palácio Barão de Guapy não passava por uma reforma de grande dimensão desde a década de 1980. As obras atuais foram iniciadas no fim de 2017, por meio de convênio entre a Prefeitura e o Ministério das Cidades firmado em 2015, através de emenda parlamentar ao Orçamento Geral da União.
Avenida Beira Rio
Paralelamente, a Prefeitura executou a urbanização da Avenida Beira Rio, atrás da Câmara Municipal. Após as intervenções, se transformou em um espaço de eventos, como o carnaval, roda de samba e encenação de espetáculos teatrais infantis, além de consolidar a gastronomia dos foods trucks. Tudo isso com a oportunidade de contemplação do Rio Paraíba e da Ponte dos Arcos.
Parque Centenário
Já o Parque Municipal Centenário, o Jardim das Preguiças, que também compõe o conjunto de obras, recebeu intervenções em seu interior e entorno. As calçadas foram alargadas, o terminal de coletivo transferido para a Avenida Beira Rio, os postes passaram por vistoria, assim como a rede de iluminação elétrica, os bancos reformados, o piso recuperado e as espécies arbóreas identificadas. O processo envolveu as Secretarias de Manutenção Urbana e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
A inauguração contou com a presença da vice-prefeita Fátima Lima; do deputado federal Delegado Antônio Furtado; deputado estadual Marcelo Cabeleireiro; prefeito de Porto Real, Alexandre Serfiotis; prefeito de Resende, Diogo Balieiro; ex-deputados Ademir Melo e Deley de Oliveira; demais secretários municipais; vereadores; representantes do Tiro de Guerra e lideranças da cidade. Músicos da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa (OSBM) se apresentaram no evento.
Arquitetura valorizada pelo requinte no tratamento das fachadas
O presidente da Fundação Cultura Barra Mansa, Marcelo Bravo, lembrou que o Palácio Barão de Guapy completou no dia 03 de outubro, 160 anos de existência, sendo o mais rico exemplar neoclássico do município.
De acordo com Bravo, a arquitetura do imóvel é valorizada pelo requinte no tratamento das fachadas, com a presença de vãos em arco pleno e pilastra com capitel. A cobertura da fachada é arrematada em toda sua extensão por balaústres e um frontão triangular decorado com o Brasão Imperial.
“Ao longo dos anos, o prédio sofreu várias intervenções que afetaram sua forma original. Primeiro foram construídos dois anexos laterais no pavimento térreo, com suas coberturas servindo de terraço para o pavimento superior. Posteriormente, o pavimento superior foi ampliado ocupando os terraços laterais”, ressaltou Bravo.
O Palácio abrigou a Câmara Municipal desde sua inauguração até o ano de 2005 e a Prefeitura Municipal entre os anos de 1914 a 1984. Atualmente sedia a Biblioteca Municipal Adelaide Franco e a Fundação de Cultura no pavimento térreo. Já o antigo plenário da Câmara Legislativa, no pavimento superior, é dotado de uma pinacoteca composta por quadros a óleo que retratam personalidades da política local e nacional.
Origem
A denominação do prédio é uma homenagem a Joaquim José Ferraz de Oliveira, o Barão de Guapy, que exerceu em Barra Mansa os cargos de juiz de paz, vereador e presidente da Câmara na época em que o prédio foi inaugurado. O Palácio está incluído entre os bens do Setor Especial Histórico de Barra Mansa, protegidos pela Lei Complementar Nº10, de 03 de setembro de 1992. Também faz parte dos Bens Tombados pelo INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural).
Sobre as obras
O ponto de partida para projetar o entorno do Palácio Barão de Guapy foram os questionamentos em relação ao uso da praça. A Prefeitura, através da Fundação Cultura, buscou reflexões sobre o fluxo, a dinâmica e a permanência dos cidadãos no entorno do prédio histórico. “Entendemos que deveríamos possibilitar uma contemplação da arquitetura. Assim, criamos espaços livres para a fruição de atividades artísticas e culturais e buscamos como referência os desenhos originais que remetiam a um tapete de vegetação nobre, conduzindo os visitantes de forma solene a se aproximarem ao imóvel. Jardins e canteiros em formas geométricas ornavam a silhueta urbana daquele território no mais clássico formato de paisagismo existente à época. Apesar da suntuosidade daquela arquitetura, o prédio e a praça sofreram profundas modificações, sendo impossível retomar o desenho original tal qual era no século XIX”, explicou Bravo.
Equipes da Secretaria de Planejamento Urbano e da Fundação Cultura buscaram inspirações que aproximaram o projeto desenvolvido da elegância neoclássica que envolve o patrimônio. Uma das referências foi o formato dos canteiros do Parque Municipal Centenário, com paisagismo original do século XIX assinado por Auguste François Marie Glaziou. No novo projeto os canteiros com silhuetas orgânicas e arredondadas constituem-se arquibancadas naturais para a contemplação do prédio e de espetáculos de teatro, música e cultura popular que ali terão acolhidas certas.
Corredor Cultural Luiz Paulo Pereira de Paiva
Durante a solenidade, o prefeito Rodrigo Drable sancionou uma lei que foi votada no dia 08 na Câmara, que leva o nome do artista local Luiz Paulo Pereira de Paiva, popularmente conhecido como ‘Gordo’. Ele foi um dos principais nomes da música de Barra Mansa e de toda a região Sul Fluminense, de meados dos anos 70 até 2015, ano de seu falecimento.
Gordo começou a tocar muito cedo, fazendo bailes como baterista. O interesse pelo violão e guitarra veio logo em seguida, assim como pelo contrabaixo. O artista é oriundo de uma geração talentosa e gigantesca de músicos que ajudaram a escrever a história cultural local ao lado de Neném Bacalhau, Bonfá, Os Batokens, The Brothers, Blue Angels e tantos outros grupos e artistas.
Foi ao montar a sua “Academia de Música Instrumental” que Luiz Paulo se tornou ainda mais relevante no cenário musical, pois ali começara a ensinar e a gravar os primeiros registros de artistas da região. “Vamos ao Gordo!” era como os adolescentes sedentos por se tornarem músicos diziam pelos corredores dos colégios, pelas lojas de disco, pelas ruas. Se você quisesse entrar nesse mundo tinha de passar por lá.
No andar de cima funcionava a escola de música e no debaixo um pioneiro estúdio de gravação, em sociedade com o primo e grande músico Aurélio (também professor na escola) e Serginho Swing (vulgo Etiópia) – vindouro de uma das famílias mais musicais da cidade, irmão dos já citados Neném, Bonfá e Missica.
Para além de “escola/estúdio”, estabeleceu-se naquele endereço da Rua Bernardino Silva, 430 (ao lado da escadaria do Floresta e de frente para o Morro do Cruzeiro), um verdadeiro ponto de encontro de todo músico que estivesse em atividade.
Fosse para aprender um instrumento, fosse para gravar sua música, fosse para conversar sobre instrumentos, colher informação, conhecer pessoas do ramo, interagir e viver a música. Se você precisasse de um músico pra sua banda, ali naquele celeiro você certamente encontraria.
Em meados dos anos 90 a Academia de Música passou por uma reforma para melhorar a qualidade das gravações. Surgia ali então o único estúdio de gravação da região a usar o computador como ferramenta de trabalho, tendo assim evoluído do gravador de rolo, passando pelas fitas digitais, até o computador.
Gordo tornou-se uma referência como o catalisador de movimentos musicais, incentivador de várias gerações de artistas, músicos, professores de música, bandas e o primeiro nome em gravação para artistas de toda a região.
Seu estúdio gravou os primeiros registros de praticamente todas as bandas de rock das cidades; artistas da música Gospel; instrumental; cantores de MPB; Jingles e diversos músicos de renome nacional.
Emprestou seu dom e qualidade musicais a projetos como “Pôr do Sol”, o quarteto instrumental “Sem Palavras” e as bandas de rock “Vemaguete 67” e “Guerrilheiros do Absurdo”, dentre outros.
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