>> Com informações apuradas durante a Flup, entre 19 e 30 de novembro de 2025, levantamento aponta a literatura como uma das principais práticas culturais nas periferias do Rio de Janeiro;
>> O estudo revela um público leitor diverso, majoritariamente feminino, que lê em média oito livros por ano; romances são o gênero mais apreciado, enquanto obras de sociologia, política e história consolidam o interesse por temas críticos e contemporâneos;
>> A pesquisa, encomendada pela Flup e realizada in loco pela Agência Galo, reafirma o papel da Flup como observatório da produção cultural e do comportamento leitor nas periferias do Rio.
>> O estudo revela um público leitor diverso, majoritariamente feminino, que lê em média oito livros por ano; romances são o gênero mais apreciado, enquanto obras de sociologia, política e história consolidam o interesse por temas críticos e contemporâneos;
>> A pesquisa, encomendada pela Flup e realizada in loco pela Agência Galo, reafirma o papel da Flup como observatório da produção cultural e do comportamento leitor nas periferias do Rio.
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| Mame-Fatou Niang mediou o encontro entre Conceição Evaristo e Mireille Fanon na Flup 2025. Foto: Hildemar Terceiro |
A pesquisa encomendada pela Flup 2025 e desenvolvida pela Agência Galo contou com respondentes provenientes de diversos territórios tidos como periféricos, dentre eles Madureira, Bangu, Realengo, Campo Grande, Acari, Irajá, Guadalupe, Marechal Hermes, Rocha Miranda, Cascadura, Piedade, Jacarepaguá e cidades da Baixada Fluminense, como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, São João de Meriti e Mesquita. O público feminino foi o mais representativo nas respostas, somando 71,07% (mulheres cis e trans).

Com relação à faixa etária, a Flup demonstra um equilíbrio na diversidade de frequentadores. A maior parte dos respondentes da pesquisa (31,7%) declara ter entre 30 e 39 anos. Já o segundo grupo de maior representatividade (25%) declarou ter entre 40 e 49 anos, bem próximo ao terceiro grupo destacado (24,5%), com idade entre 20 e 29 anos. Na sequência estão os grupos com idades entre 50 e 59 (12,8%), 10 e 19 anos (3,3%) e 60 a 69 anos (2,7%).
A Flup 25 foi apresentada pelo Ministério da Cultura e Shell. Teve patrocínio master da Shell, patrocínio da Motiva (por meio do seu Instituto), do Instituto Cultural Vale e Itaú Unibanco, via Lei Federal de Incentivo à Cultura. O apoio foi da Fundação Ford e Imaginable Futures. Realização: Suave, Na Nave, Ministério da Cultura, Governo Federal.
Os mais lidos
Assim como na edição da pesquisa realizada em 2024, os romances literários continuam no topo da lista de preferências entre os respondentes. Em 2025, o gênero lidera com nota média de 3,66, em escala de 1 (mínimo) a 5 (máximo). Na sequência são indicadas obras relacionadas a sociologia e política (3,50) e história (3,49). Poesia (3,22) e filosofia (3,18) também se destacam. Biografias (2,98), crônicas e humor (2,98), artes (2,94) e ficção científica (2,69), HQ/mangá (2,30), policial (2,24), fanfic (1,94) e autoajuda (1,91) compõem, nesta ordem, o restante do ranking.

A pesquisa também revelou que 59% dos entrevistados conhecem escritores, poetas, rimadores e outros artistas dos territórios onde moram, corroborando os dados do levantamento de 2024 quando respondentes indicaram protagonistas em suas respectivas localidades. “A produção artística periférica é reconhecida e valorizada por quem vive nesses territórios”, afirma Júlio Ludemir, idealizador e curador geral da Flup. “O desafio está em garantir que essa criação, ao atravessar fronteiras e alcançar novos públicos, gere retorno real para seus autores e comunidades, evitando a recorrente apropriação cultural das periferias por grupos elitizados”, observa. “Os processos formativos ao longo do ano e o evento em si, com seus debates e shows e outras atrações, são parte desse esforço de devolver à própria comunidade reconhecimento e valor daquilo que ela produz”, completa.
Influências e motivação
Ao serem convidados a qualificar, em uma escala de 1 a 5, o quanto gostam de ler, 66% dos respondentes da pesquisa atribuíram a nota máxima (5), enquanto 20% deram nota 4, e 11% nota 3, e 2% a nota 2. Apenas 1% atribuiu nota 1, demonstrando que a grande maioria dos frequentadores da Flup é realmente ávida pela leitura.
O levantamento também indica uma rotina literária consistente: os participantes relataram ter lido, em média, 8 livros nos últimos 12 meses. A leitura permanece ativa, com 82% afirmando estar atualmente lendo algum livro, motivados principalmente pelo gosto pessoal (71%), estudos (19%), trabalho (4%) e outras razões, incluindo a religião (2%). Quanto ao formato, o livro físico domina as preferências, citado por 79%, enquanto 19% optam pelo modelo digital e 2% pelos audiolivros.

Além disso, a pesquisa investigou as influências que despertam o hábito da leitura. Entre os fatores avaliados em uma escala de 1 a 5, é percebido um certo equilíbrio nas categorias: eventos literários (3,5), faculdade (3,46), escola (3,25), amigos (3,07), internet (3,02) e a família (2,98), respectivamente. O panorama difere da pesquisa anterior, realizada em 2024, em diferentes territórios por a Flup já tinha ocorrido. Nesse contexto, as escolas se destacaram como a principal influência apontada.
“Os dados evidenciam aquilo que conhecíamos: o hábito de leitura é uma prática associada ao interesse pessoal, mas, inegável, resultado também de estímulos educacionais e sociais, reafirmando a necessidade de políticas públicas e ações como a Flup e outros espaços de formação e incentivo à literatura”, afirma Ludemir. “Não à toa, o público frequentador da Flup leu, em média, oito livros nos últimos 12 meses”, celebra o curador geral do evento.
Quando indicam um ou mais canais que utilizam para se informar e consumir conteúdos ligados à literatura, 41% selecionaram o Instagram como a principal fonte. Também apareceram nas respostas o Youtube (13%), blogs e sites em geral (13%), o TikTok (7%) e o WhatsApp (2%). A opção “outros”, que representa demais canais, inclusive analógicos, foi marcada por 25% dos respondentes.
Foco na literatura
A pesquisa solicitou que os respondentes classificassem, por ordem de interesse, um ou mais atividades culturais que os atraem. A literatura ocupa o primeiro lugar, citada por 51% dos respondentes. Em seguida, aparecem a música (39%), filmes ou séries (35%) e as exposições de arte (33% do público). Rodas de samba foram a escolha de 26%, seguidas de dança (23%), visitas a museus (22%), artesanato (18%), teatro (15%) e podcasts (8%). Outras práticas culturais incluem rodas de jongo (7%), batalhas de passinho ou rimas (6%), saraus ou slams (4%) e HQs (2%).

Flup 2025
A iniciativa que acontece ao longo de quase todo o ano com ações formativas, debates e encontros com grandes nomes da cultura, já ocupou territórios como Morro dos Prazeres, Vigário Geral, Mangueira, Babilônia, Vidigal, Cidade de Deus, Maré, Biblioteca Parque, Museu de Arte do Rio, Providência e Circo Voador. Neste ano chegou ao Viaduto de Madureira, com autores, artistas e pensadores do Brasil, África, Caribe, América do Norte e Europa, como Michelle Alexander, Ana Maria Gonçalves, Mireille Fanon Mendès-France e Steve McQueen, além de shows de Sandra Sá, Mano Brown, Luedji Luna, Jonathan Ferr, Mart’nália e Majur. A iniciativa também integrou a temporada França-Brasil, reafirmando seu papel como espaço de celebração da literatura e da diversidade cultural das periferias.
Sobre a Shell - Há 112 anos no país, a Shell Brasil é uma companhia de energia integrada, com participação nos setores de Petróleo e Gás, Soluções Baseadas na Natureza, Pesquisa & Desenvolvimento e Trading, por meio da comercializadora Shell Energy Brasil. A companhia está presente ainda no segmento de Biocombustíveis por meio da joint-venture Raízen, que no Brasil também gerencia a distribuição de combustíveis da marca Shell.
A Shell Brasil trabalha para atender à crescente demanda por energia de forma econômica, ambiental e socialmente responsável, avaliando tendências e cenários para responder ao desafio do futuro da energia.



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