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Jovem devorado por leoa após entrar em jaula tinha sonho de ser domador

Jovem devorado por leoa após entrar em jaula tinha sonho de ser domador

Jovem devorado por leoa após entrar em jaula tinha sonho de ser domador
Triste e lamentável o episódio do jovem que morreu ao entrar na jaula de uma leoa, em João Pessoa. O rapaz de 19 anos, tinha um sonho de ser domador de leões na África e, de acordo com histórico familiar e relatos, apesar da idade, sua função cognitiva correspondia a uma criança de 05 anos, por conta dos atrasos e do diagnóstico de Esquizofrenia.

Essa tragédia no zoológico reacende a discussão sobre a necessidade de estruturação de políticas de saúde mental. Seria uma tragédia anunciada?

 Uma coisa é certa: mais um fim trágico de uma dor que ninguém viu. Uma dor que tem nome: “adoecimento emocional”.

A Esquizofrenia é uma condição clínica que precisa de acompanhamento regular, de acolhimento, de suporte social ou familiar. E fica o alerta: estamos nos tornando um exército de adoecidos emocionais. O número de pessoas com saúde mental debilitada, já é assustador e ainda, em pleno século XXI, esbarramos em preconceitos e tabus.

Além disso, a vulnerabilidade e o desamparo, essa doença mental se apresenta da forma mais comum que é a demência. No Brasil, estima-se que há cerca de 1,8 milhão de esquizofrênicos. Mas, o número de casos aumenta assustadoramente, principalmente entre jovens e crianças, e segue afetando a vida adulta, comprometendo o equilíbrio emocional do indivíduo. No entanto, como existem muitos estigmas em relação à doença, pouco se fala sobre as causas, os sintomas e tratamentos.

Ou seja, a falta de informação e compreensão em relação aos episódios esquizofrênicos, entre pacientes e familiares, tende a demorar a busca pelo acompanhamento adequado.

É uma desordem cerebral que deteriora a capacidade das pessoas para pensar, dominar suas emoções, tomar decisões e relacionar-se com os demais. As causas desse transtorno mental não se resumem a um único fator. Cada pessoa pode vivenciar situações diversas ao longo da vida que poderão servir de gatilho, como por exemplo: desnutrição materna e depressão pós-parto; gravidez indesejada; crescimento anormal do feto; perdas emocionais fortes e precoces; histórico de abusos físicos e mentais; repetitivas experiências psicológicas negativas; abuso de substâncias; histórico genético, entre outros.

Por ser uma doença psiquiátrica, ela provoca alterações na forma de pensar, sentir e se comportar socialmente, devido a desconexão frequente com a realidade. Se manifesta alterando a percepção do indivíduo e seu comportamento, através de dificuldades motoras, desconfiança excessiva e diminuição da produtividade, além de mudanças da própria perspectiva e pensamentos abstratos.

Isso acontece porque existe uma ruptura com a vida de forma geral. Porém, não é uma doença incontrolável ou um atestado de insanidade para o resto da vida. Como o estigma que o nome do transtorno carrega é grande, infelizmente, na maioria dos casos, é o seu círculo social que se recusa a acolhê-los, intensificando os episódios de surtos e alucinações.

Enfim, uma história de dor que poderia estar sendo contada de outra forma, se a Esquizofrenia fosse acolhida de maneira diferente. Afinal, ela se cura não só através do auxílio da medicina, mas principalmente, através da informação, do atenção e do estímulo de contato do paciente com o mundo externo, sem preconceitos ou julgamentos. Uma vez que, se sente integrado, o esquizofrênico pode ter ainda mais chances de aprender a lidar com a confusão mental e corresponder às interações a seu redor.                                                                                  
A Dr.ᵃ Andréa Ladislau é psicanalista. — Foto: divulgação

A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o jovem por quase dez anos, disse que o fim foi brutal: “foi construído ao longo de anos de negligência”.

 

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