É possível comprovar a aceleração do Universo?
Com informações da APS - 21/10/2014
A observação direta da aceleração do Universo pode ser obtida medindo
variações de velocidade em nuvens de hidrogênio
intergalácticas.[Imagem: APS/Alan Stonebraker/Wikimedia Commons/Diceman
Stephen West]
Hipóteses não comprovadas
Depois dos
questionamentos lançados sobre a inflação pós-Big Bang, agora é a vez de os astrofísicos tentarem se livrar dos incômodos ligados à aceleração cósmica.
O principal suporte observacional para a teoria da aceleração do Universo vem de dados coletados de supernovas.
Em 1998, astrônomos detectaram que algumas supernovas emitem uma luz
fraca demais - portanto, estão mais distantes de nós do que seria
esperado. Isso implica que o Universo está se acelerando, e não
desacelerando, como as interações gravitacionais normais levavam a
prever.
No entanto, esta conclusão pressupõe tanto a validade da relatividade
geral de Einstein, quanto uma hipótese não comprovada - a de que o
Universo seria homogêneo - a fim de derivar equações que relacionam a distância à velocidade e à luminosidade.
Três pesquisadores chineses afirmam agora que é possível escapar
dessas indefinições usando radiotelescópios, que podem fornecer uma
"observação mais direta" da aceleração do Universo medindo variações de
velocidade em nuvens de hidrogênio intergalácticas.
Eles propõem algumas modificações na coleta de dados desses
radiotelescópios, que seriam necessárias para alcançar uma medição da
aceleração suficientemente precisa.
Medição direta da aceleração do Universo
Hao-Ran Yu e seus colegas da Universidade Normal de Pequim e da
Universidade de Toronto (Canadá), afirmam que é possível fazer uma
medição direta da aceleração - se ela estiver mesmo ocorrendo -
observando nuvens de hidrogênio muito densas.
Essas nuvens, situadas entre as galáxias, são detectadas porque
absorvem emissões de rádio vindas de quasares situados por detrás delas
em relação à Terra. A velocidade dessas nuvens pode ser então medida
pela observação do desvio para o vermelho do hidrogênio em um
comprimento de onda muito preciso, de 21 centímetros.
Como a linha de absorção de 21 centímetros é muito estreita em
comparação com as linhas de emissão das galáxias, torna-se possível
observar mudanças de velocidade muito pequenas.
Os pesquisadores lembram que rastreios já programados pelos
radiotelescópios vão medir a velocidade de centenas de milhares de
nuvens de hidrogênio.
Se esses rastreios receberem as adaptações propostas pelo trio, bem
como tiverem um aumento na frequência observacional de cada nuvem, dizem
os físicos chineses, então eles poderão detectar acelerações
cosmicamente relevantes - de cerca de um milímetro por segundo por ano -
em observações realizadas ao longo de uma década.
Se tudo isto for feito, e se a esperada aceleração for realmente
detectada, então mais um dos fundamentos da cosmologia moderna poderá
passar da incômoda classe de hipótese para a categoria dos fenômenos
diretamente observados.