É mais fácil esquecer um rosto do que uma postagem no Facebook, diz estudo
Um estudo da Universidade de Warnick, no Reino Unido, revelou que a memória humana tem maior capacidade de se lembrar de palavras e construções sintáticas simples do que de imagens e frases complexas. Nos testes da pesquisa, publicada no Journal Memory and Cognition, os estudiosos retiraram diversos status de Facebook de pessoas comuns, sem imagens e sem o contexto da rede social, e comparou com frases retiradas de livro e também com rostos de diversas pessoas.
No primeiro teste, os pesquisadores perceberam que as frases retiradas de postagens no Facebook eram 150% mais lembradas do que as frases de livros. No segundo, quando as postagens eram comparadas aos retratos, a facilidade em lembrar dos primeiros crescia para 250%.
“Ficamos realmente surpresos quando quando percebemos que atualizações de status da rede social eram bem mais lembradas do que outros estímulos", disse Laura Mickes, pesquisadora do Instituto de Psicologia da universidade britânica. A pesquisadora completou: “Em escala, podemos comparar o tamanho dessa diferença com aquelas existentes entre pessoas com amnésia e pessoas com memória saudável"
Outros estudos também se aprofundaram em explicar as razões por trás disso: de acordo com a Universidade da Califórnia, as atualizações do Facebook são mais fáceis de memorizar porque são "pílulas" de informação que tem uma natureza "fofoqueira". Nossas mentes podem aceitar, armazenar e relembrar postagens das redes sociais com maior facilidade pois elas são mais espontâneas e próximas da oralidade. Na Califórnia, os estudos envolveram posts do Twitter e comentários em notícias onlines.
Christine Harris, uma das pesquisadoras norte-americanas, explicou que, de certo modo, as descobertas não são tão surpreendentes, se for considerado o quanto a vida social e a memória foram importantes para a sobrevivência dos humanos, sob uma perspectiva histórica. “Aprendemos sobre recompensas e ameaças dos outros. Então, faz sentido que nossas mentes torne-se mais atentas às atividades e pensamentos de outras pessoas e possa, assim, lembrar do conteúdo postado por eles”, afirmou ela.
“Nossa capacidade de linguagem não evoluiu para processas textos aprimorados e editados", observou Nicholas Christenfeld, outro pesquisador envolvido no estudo. De acordo com a pesquisa californiana, as tecnologias modernas permitiram que a linguagem escrita voltasse a se tornar mais próxima do estilo casual da comunicação pré-literatura.
“O Facebook é atualizado 30 milhões de vezes por hora e, por isso, é comum que seja visto como um conjunto de informações triviais que são instantaneamente esquecidas após a leitura e nosso estudo transforma essa visão". Tais resultados ajudarão a pensar no futuro de ferramentas educacionais, assim como a desenvolver novas possibilidades de comunicação e propagandas.
“Não estamos, é claro, sugerindo que os livros no futuro deverão ser escritos completamente por tweets e nem que editores irão se tornar desnecessários. Mas escritores e professores que usem PowerPoint perceberão os benefícios de usar um discurso mais natural, por exemplo", conclui Christine. Além, é claro de lembrar que é preciso ter cuidado sobre o que será postado no Facebook, pois será lembrado por muito tempo.
Fonte: Jornal O Extra
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