Rádio Acesa FM VR: Mancha de óleo afeta fornecimento de água

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mancha de óleo afeta fornecimento de água

Pelo menos cinco cidades do Sul Fluminense cortadas pelo Rio Paraíba do Sul precisaram interromper a captação e o fornecimento de água devido à mancha formada por cerca de oito mil litros de óleo diesel que vazaram, na noite de domingo, de dutos da empresa Transpetro localizados na cidade de São José do Barreiro (SP). O vazamento - que, segundo o Inea (Instituto Estadual do Ambiente, provocou uma mancha de 30 quilômetros de extensão - causou a interrupção do abastecimento de água em Resende, Porto Real, Volta Redonda, Pinheiral e Barra Mansa devido à presença do combustível nos rios Formoso, Sesmaria e Paraíba do Sul. No município de Quatis, as estações de Ribeirão Lima e Lavapés continuaram operando; porém, a que fica no Paraíba do Sul - e é responsável por 60% da captação e distribuição em Quatis - foi paralisada, prejudicando o fornecimento em toda a cidade.

Além do risco de os moradores ficarem sem água nas torneiras, outros transtornos puderam ser observados durante o dia: em Porto Real, as aulas no período da tarde foram canceladas nas escolas municipais, e a captação deveria ser retomada à meia-noite; Barra Mansa, por sua vez, anunciou na tarde de hoje (07) que as aulas seriam interrompidas nesta quarta-feira nas 69 unidades da rede municipal de ensino, que atendem a 29 mil estudantes. Em Quatis, as aulas foram interrompidas na terça, e só devem ser retomadas nesta quarta-feira.

A mancha pôde ser vista na tarde de hoje em Volta Redonda e era monitorada pelo Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), que instalou barreiras de contenção nas duas margens do Paraíba do Sul devido à flutuação do material - o que provocou a parada da ETA (Estação de Tratamento de Água) do Belmonte, que fica à margem esquerda do rio, por volta das 15h50. A expectativa era de que a captação fosse retomada às 22 horas.

Nota

A Transpetro confirmou através de nota que o vazamento foi realizado pela ação de criminosos, que provocaram o vazamento do produto ao danificarem uma válvula para furtar óleo diesel. A companhia esclareceu ainda que continua mobilizando todos os recursos necessários no intuito de conter os impactos para a população e o meio ambiente decorrentes dessa ação. Os trabalhos de contenção do produto estão sendo realizados em parceria com a Defesa Civil dos municípios.

Ainda de acordo com a nota, desde o início da ocorrência, a empresa mobilizou os Centros de Defesa Ambiental da Petrobras do Rio de Janeiro e São Paulo, além do Centro de Resposta a Emergência da própria Transpetro.  Cerca de 100 homens foram mobilizados para diminuir os prejuízos ambientais, com uso de barreiras de contenção e barreiras absorventes. Um helicóptero, barcos de apoio, caminhões a vácuo e caminhões-tanque, entre outros equipamentos, estão sendo utilizados.

Resende e Volta Redonda

O presidente da Amar (Agência de Meio Ambiente de Resende), Wilson Oliveira Ribeiro de Moura, explicou as ações realizadas pela Transpetro no município.

- O produto atingiu o Rio Formoso e, em seguida, o Sesmarias, onde desde segunda-feira estão sendo realizadas as barreiras de contenção. Caminhões trabalham em três pontos, nas proximidades da Universidade Estácio de Sá, do Resende Shopping e da Avenida Presidente Kennedy, onde o Rio Sesmarias desagua no Paraíba do Sul. A empresa está trabalhando sem paralisações, mas a interrupção na captação de água foi a melhor opção para reduzir os impactos.

A captação na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Belmonte, em Volta Redonda, foi interrompida na tarde de segunda-feira (6), conforme declaração do gerente de tratamento de água e esgoto do Saae, Patrick James Kent.

- Optamos por fechar as captações pois o diesel, além de ter um odor forte, é contaminante. Uma possível entrada do produto na estação resultaria em ações de assepsia que demorariam cerca de 48 horas. Estamos aproveitando a paralisação para limpar as calhas. Nesse momento precisamos da colaboração da população, já que gastos demasiados podem resultar em falta d'água - alertou. - Hoje temos 48 milhões de litros d'água nos reservatórios da cidade, que não são suficientes para abastecer a cidade por 24 horas. O cenário aponta que o abastecimento deve ser emergencial, priorizando hospitais, unidades de saúde e escolas - garantiu.

Barra Mansa


O diretor-executivo do Saae (Sistema Autônomo de Água e Esgoto), Horácio Guimarães Junior, afirmou que a autarquia interrompeu na manhã de hoje a captação de água da ETA (Estação de Tratamento de Água) São Sebastião e da ETA Nova, responsáveis por 80% do abastecimento de água no município. - Ontem (segunda-feira) já tínhamos interrompido a captação de água da ETA Floriano. A mancha chegou a Barra Mansa por volta das 10 horas de ontem. Não podemos apontar a hora ou dia que retomaremos a captação de água no município. Não temos como dimensionar o impacto. Peço que as pessoas economizem água, já que uma caixa d'água consegue abastecer uma residência por aproximadamente 24 horas - ressaltou.

A Secretaria Municipal de Educação anunciou na tarde de terça-feira, através de nota, que decidiu suspender as aulas de todas as escolas da rede municipal de ensino nesta quarta-feira.

Porto Real


A Prefeitura de Porto Real informou no início da noite que a captação de água voltaria ao normal à meia-noite, porém o sistema de abastecimento só retornará à normalidade após 48 horas. Já o odor do diesel na água permanecerá por 72 horas, mas a população poderá consumi-la mesmo assim. Durante o dia, técnicos fizeram exames a cada duas horas no material colhido do rio.

Mais cedo, o secretário de Meio Ambiente, Carlos Machado, esclareceu que os órgãos responsáveis percorreram durante a manhã o trecho do Rio Paraíba do Sul que corta a cidade.

- O objetivo é colher amostras da água e fazer a análise do material. A mancha de óleo chegou a Porto Real na noite de ontem e segue rio adentro. Mas há resíduos impregnados às margens do Paraíba. Estamos monitorando vários trechos até que a situação se normalize - frisou.

Segundo ele, o serviço de abastecimento de água é feito por duas estações de tratamento no Centro e em Freitas Soares.

- As estações de bombeamento atendem ainda ao comércio e indústrias instaladas na cidade, bem como toda a rede de educação e saúde do município. A principal fonte de captação de água para consumo da população é o Rio Paraíba do Sul. O prazo para o retorno da captação é hoje à noite, porém o sistema só será normalizado após 24 horas - justificou.

Carlos afirmou que a preocupação dos órgãos é garantir o abastecimento das unidades de saúde, maternidades e hospitais do município.

- Caso seja necessário vamos captar água de um reservatório em Bulhões, que não estabelece ligação com o Paraíba. Pedimos que a população economize o gasto de água, já que é provável que, nas próximas horas, as caixas d'água comecem a esvaziar - completou.

Em função do pedido da Secretaria de Meio Ambiente, as aulas no período da tarde de hoje foram canceladas nas escolas da rede municipal de ensino. O motivo, segundo os órgãos responsáveis, foi a diminuição no volume de água no reservatório.

A secretária de Educação de Porto Real, Maria Elisa Coutinho, afirmou que os alunos tiveram aula durante a manhã, porém após a baixa no reservatório a situação teve que ser modificada.

- Para saber se teremos aula amanhã, precisamos do parecer do Meio Ambiente. Se a captação voltar ao normal, poderemos abrir as escolas sem problemas - falou.
A prefeitura de Pinheiral informou, em nota, que o fornecimento de água no município deveria ser suspenso a partir das 20h de hoje, e que não havia previsão para o retorno do abastecimento.

Inea monitora mancha de óleo no Paraíba do Sul

Técnicos do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) sobrevoaram hoje toda a extensão do Rio Paraíba do Sul até a cidade paulista de São José do Barreiro, onde ocorreu o vazamento de óleo no domingo. Segundo a presidente do órgão, Marilene Ramos, a empresa está sendo notificada a tomar todas as medidas de controle ambiental necessárias para minimizar os transtornos causados pelo acidente. A aplicação de multa não está descartada, dependendo da legislação ambiental e da agilidade da empresa em solucionar os problemas resultantes do vazamento.

Após o sobrevoo, os técnicos estimaram que mancha de óleo estava com aproximadamente 30 quilômetros de extensão, a partir de Porto Real. De acordo com eles, a camada já estava bastante fina e superficial e em processo de degradação - em evaporação, quando atinge a coloração prateada. O Centro de Informações e Emergências Ambientais do Inea e a Superintendência Regional do Médio Paraíba (Supmep) continuavam monitorando a implementação das medidas de contenção e de recolhimento do combustível ao encargo da empresa.

A Transpetro cavou canais para drenagem do óleo e poços superficiais para contenção próximo ao local do vazamento. O combustível será recolhido por sucção por caminhões a vácuo e o terreno do entorno terá que ser descontaminado posteriormente.

A possibilidade de a mancha de óleo atingir a estação de Santa Rita, onde é feita a transposição para o Rio Guandu, em Piraí, está descartada. Apesar disso, medidas preventivas como a instalação de barreiras de contenção e de absorção na estação e ao longo do percurso da mancha de óleo no Rio Paraíba foram providenciadas.

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