Jovens namorados trocam
olho no olho por mensagens de celulares
O
tilintar do aparelho celular é constante. São mensagens rápidas como
"oi" ou "onde você está?". Pode ser também o aviso da
chegada de uma imagem como o prato de macarrão instantâneo que será saboreado
ou a foto do dedão do pé. O amor entre jovens namorados hoje é bem mais mãos no
teclado do que mãos entrelaçadas.
As
possibilidades e rotinas do amor conectado são tantas que até sentimentos típicos
de romance, como sentir saudade a toda hora e ficar aguardando surpresas, estão
em transformação.
"Sinto
saudade, mas não posso dizer que fico com saudaaaade por não ver meu namorado
durante a semana. A gente está conectado o tempo todo, consegue se ver por
vídeo, receber fotos a qualquer momento. Até fazer surpresas é meio sem
graça", diz Julia Dallana Aznar, 16.
As
relações "on-line" também parecem dar mais liberdade aos casais, que
se permitem curtir baladas cada um com sua turma ou até mesmo na mesma festa,
mas cada um com seu grupo de amigos. A regra, porém, é estar sempre conectado.
Adriano
Vizoni/Folhapress
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As
amigas Giulia, Julia e Aline (a partir da esq.), adeptas do namoro via
celular
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"É
normal que cada um tenha tempo para se divertir com outras pessoas pelo menos
uma vez na semana, sem que isso magoe ninguém. É tranquilo", afirma Aline
Pereira Fernandes, 17.
Para
Aurélio Melo, psicólogo e professor da Universidade Mackenzie, o "mundo
subjetivo" das pessoas diante da tecnologia está mudando rapidamente e
atingindo principalmente os jovens.
"Os
pensamentos, os sentimentos, as relações estão se transformando nesta geração.
Quando eles falam que não sentem saudade é porque o virtual, de certa maneira,
está substituindo o contato. Eles se sentem próximos pela tecnologia",
afirma.
FOTO OU
VÍDEO
Além das
mensagens instantâneas, a troca de fotografias e as conversas por vídeo são uma
constante dos namoros modernos. A imagem substitui, muitas vezes, uma resposta
escrita. Por dia, são dez ou mais fotos trocadas.
"Quando
ele me pergunta o que estou fazendo, tiro uma foto da TV ou da lição do colégio
e mando. Conversar por vídeo é mais à noite, já fiquei quatro horas com a
câmera ligada", conta Aline.
Mas o excesso de comunicação também pode gerar novas maneiras de conflito.
Mas o excesso de comunicação também pode gerar novas maneiras de conflito.
"A
internet é boa e ruim ao mesmo tempo. É ótimo ter como falar a qualquer hora
com meu namorado, mas isso também faz com que a gente brigue mais. Também
perdemos muitas horas 'stalkeando', fuçando o que outro fez nas redes sociais,
o que curtiu", declara Julia.
Giulia
Schiavon Santana, 18, diz que a maioria de suas discussões com o namorado
acontece por trocas de mensagens pelo celular. "Às vezes, a gente não
entende o que o outro quis expressar e vira uma confusão."
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