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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

De Brasília, mas carioca: Hora Legal é calculada no Rio há cem anos sem usar relógio
Ricardo Carvalho, chefe da Divisão de Serviço da Hora Ricardo Carvalho, chefe da Divisão de Serviço da Hora.

Do cuco ao digital, o tique-taque das horas sincronizado é velho conhecido dos brasileiros. Nos últimos cem anos, do Oiapoque ao Chuí, todos se guiam pela Hora Legal de Brasília que — acredite — na verdade, é carioca. Mesmo assim, boa parte da engenharia por trás do seu cálculo ainda se esconde entre os segundos.

— Há todo um estudo por trás disso. Não é um simples relógio, sempre calculando o tempo — explica Ricardo Carvalho, chefe da Divisão de Serviço da Hora, do Observatório Nacional do Rio, que envia a Hora Legal para todo o país.

A hora de Brasília ser feita no Rio é apenas uma das muitas curiosidades a respeito do tempo. Ao todo, nove relógios — sendo sete de césio e dois de hidrogênio — calculam o horário do Brasil. A pulsação dos elementos, estimulados eletronicamente, mede cada um dos segundos. Uma outra máquina determina a média entre esses relógios, através de um cálculo algoritmo, para fechar e transmitir a Hora Legal de Brasília.

Tanto cuidado por trás de inúmeras contas e máquinas é explicado. Um relógio comum, ajustado uma única vez para medir a hora brasileira poderia se atrasar com o passar do tempo. As máquinas movidas à pulsação do césio e do hidrogênio, segundo o especialista, atrasam apenas um segundo a cada dez milhões de anos.

— Um relógio de pulso, analógico, deveria ser ajustado todos os dias para estar sempre na hora certa. Conforme o dia passa, os segundos vão se desregulando — explica Ricardo.

Depois de todos os cálculos, as informações são enviadas para a sala de transmissão. Também é nesta sala que, curiosamente, está o único equipamento dentro da Divisão da Hora do Observatório Nacional onde é possível descobrir a hora de Brasília, e não é um relógio: é a voz oficial, a mesma que fala através do telefone 130, gravada há cem anos, segundo a segundo.

— São tantas máquinas aqui, com contas e números, que não percebemos: não temos um relógio sequer dentro da Divisão! — brinca o especialista, que não usa nem de pulso.

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