Personalidade pode ter impacto direto no desempenho escolar
É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Instituto Ayrton Senna
Fonte: Jornal Nacional (12 de abril de 2014)
Um grupo de crianças está desenvolvendo suas competências não
cognitivas, mas pode chamar também de competências socioemocionais.
Complicou? Tatiana Filgueiras, coordenadora de Avaliação e
Desenvolvimento do Instituto Ayrton Senna, traduz. “São dois nomes novos
para falar de coisas muito conhecidas nossas, como responsabilidade,
compromisso, abertura, perseverança e criatividade”, explica.
O Instituto fez uma pesquisa inédita no Brasil para entender como essas
características influenciam no aprendizado das crianças. Descobriu que
quem tem organização, foco e responsabilidade, por exemplo, pode
aprender até 30% mais de matemática em um ano letivo.
Quando a disciplina é o português, as competências socioemocionais mais
importantes são o protagonismo e a abertura. Tatiana explica essas duas
características: “Abertura é característica do aluno que é mais
curioso, mais aberto ao erro, mais aberto ao novo e que não tem medo de
errar. Protagonismo é o menino que se sente no controle da própria vida,
ele não é vítima dos acontecimentos”.
Para ficar ainda mais claro, vamos a um exemplo prático. Adriana
Monteiro, de 13 anos, é o protagonismo e a abertura em pessoa. Ela fala
da importância da leitura. “Ler é abrir novas portas. Eu me sinto livre
quando começo a ler”, diz a adolescente.
Comprovadas pela pesquisa, essas características ajudam no
desenvolvimento dos alunos na escola. Mas não dá para ensinar foco ou
protagonismo em sala de aula. Ou, pelo menos, não dá para fazer essas
características em uma aula comum.
Por isso, em uma escola estadual de São Paulo muitas das aulas são na
sala de leitura. Não se trata de uma biblioteca, mas sim de um espaço de
integração de toda a escola, onde muitas das explicações são dadas
pelos próprios alunos.
“Melhora muito, porque eles falam a mesma linguagem. Algumas vezes eu
explico de uma forma e tem aluno que não consegue entender. Então, o
colega explica e ele entende”, afirma a professora de matemática
Patrícia Cruz Dias.
Para os pesquisadores, estimular de forma correta essas
características, por meio da escola, da família e da comunidade, pode
ser uma poderosa ferramenta para melhorar a educação no país.