Rádio Acesa FM VR

quinta-feira, 28 de março de 2013

Os empresários Heraldo Bichara e Aline Santana - pais do menino João Felipe, de seis anos, assassinado na segunda-feira pela manicure Suzana de Oliveira - não compareceram hoje à 88ª DP (Barra do Piraí). Eles eram esperados pelo delegado titular da unidade, José Mário Salomão de Omena, para prestar depoimento.

Segundo o policial, o advogado da família informou que eles não compareceriam devido a questões emocionais. Eles foram intimados a depor às 10 horas, mas, como não apareceram, serão intimados novamente, segundo a polícia.

- Dependemos do depoimento da família para dar prosseguimento às investigações, porém o advogado deles informou ser inviável o comparecimento dos pais do João hoje na delegacia - explicou o delegado, destacando que eles serão novamente intimados para depor, no máximo, até a próxima segunda-feira.

O delegado explicou, ainda, que a intenção é esclarecer a motivação do crime.

- Só necessitamos de uma confirmação. A forma de execução do crime já demonstra ira. O que precisamos entender agora é o que motivou a manicure [a matar a criança]. Fica claro que houve algum desentendimento, que desencadeou o ódio dela a ponto de ela cometer essa atrocidade - disse o delegado.

Ainda de acordo com o policial, há pelo menos cinco pessoas a serem ouvidas, entre familiares e funcionários do hotel onde o crime aconteceu. A prisão em flagrante dá prazo de dez dias para que o processo seja concluído pelo delegado. Posteriormente o prazo poderá ser prorrogado, caso o juiz determine a prisão preventiva.

Versões

Quanto às versões dadas pela ré confessa, Omena ressaltou que ainda não há nenhum indício consistente de que ela tenha recebido ajuda de alguém. O delegado ressaltou que não descarta nenhuma hipótese, e vem investigando todos os dados fornecidos por Suzana.

- Todas as versões dadas por ela foram checadas, independente de haver possibilidade de execução ou não. Nada foi descartado, porém nenhuma delas foi fundamentada - justificou Omena. O delegado acredita na premeditação do crime, e considerou Suzana fria, cínica e inteligente.

- Fica claro que Suzana queria dividir a culpa. Ela esteve na delegacia no momento da comunicação do sumiço do garoto, e saiu logo depois. Ela não contava que fôssemos chegar até ela rápido. Outro aspecto é a premeditação do crime. Ela alugou o quarto de hotel antes de ligar para o colégio do menino, o que mostra que ela já havia planejado tudo. Suzana demonstrou ser inteligente - ainda que tenha este recurso usado para o mal -, fria, com domínio emocional e de cinismo inigualável - considerou o delegado.

Divulgação
Suzana de Oliveira é ré confessa do assassinato de João Felipe
Complexo penitenciário de Bangu : Suzana de Oliveira é ré confessa do assassinato de João Felipe

Foto
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) divulgou na manhã de hoje a primeira foto de Suzana já com o uniforme da instituição penitenciária para onde ela foi transferida na tarde de ontem, no Complexo de Gericinó, em Bangu. A imagem mostra Suzana com os cabelos curtos, já que no presídio não é permitido o uso de apliques.  Ela aparentava estar abatida. A secretaria ainda não divulgou se a mulher foi colocada junto com as demais presas.

Delegado exime escola de culpa

O delegado João Omena disse que não vê infração penal no que diz respeito ao Instituto de Educação Franciscana Nossa Senhora Medianeira - escola onde João Felipe estudava -, nem ao Hotel São Luíz - onde o crime foi cometido.

O policial explicou que cabe à Polícia Civil apurar as infrações penais e culpabilidades de cunho criminal, e que não identificou associação do colégio no crime.
- Os funcionários do colégio não poderiam prever a intenção de Suzana em cometer o crime, por isso não podem ser penalizados como cúmplices sob forma culposa (sem intenção). Suzana foi convincente e arquitetou o plano de forma muito perspicaz. Ela tinha detalhes e era de confiança da família devido ao convívio que teve na casa e, portanto, ninguém poderia desconfiar dela. O colégio cometeu o que chamamos de erro invencível, e portanto não há como responsabiliza-los penalmente - explicou Omena.
Em relação ao hotel, o delegado fez a mesma consideração, alegando que não haveria como prever que Suzana cometeria um assassinato dentro do quarto do estabelecimento.

‘Atitudes hostis', segundo vizinha

Uma das vizinhas de Suzana - que morava em uma vila na Rua Cristiano Otoni, no Centro de Barra do Piraí -, a aposentada Maria Zélia Guimarães, de 60 anos, contou ao DIÁRIO DO VALE que a jovem não era querida pelos demais vizinhos. Segundo ela, a manicure - que morava sozinha no local há cerca de três anos - não conversava com ninguém e tinha atitudes hostis.
- A Suzana não falava com ninguém daqui, nem bom dia ela dava. Ela sempre arrumava confusão a troco de nada, era "barraqueira" e não respeitava ninguém. Estava sempre se gabando das coisas caras que comprava, e desfazia de todo mundo - contou.

Maria Zelia disse ainda não se esquecer do momento em que a polícia foi à casa da vizinha e encontrou João Felipe morto.

- Nunca vou me esquecer daquela cena. Essa mulher é um monstro. Vi quando os policiais chegaram aqui e tiraram o menino da mala. Eles acharam o tênis dele queimado, escondido em cima do armário, e as roupinhas dele rasgadas junto com o lençol. Não consigo nem dormir ou comer direito, minha saúde piorou depois de segunda-feira. Estou muito chocada - relatou, emocionada, a aposentada.

Outros vizinhos disseram não terem visto Suzana chegar com a criança e confirmaram que ela não tinha amigos na vila. O imóvel onde Suzana morava foi pichado com palavrões e xingamentos e está fechado desde a sua prisão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua mensagem. Entre em contato com a nossa redação através do WhatsApp (24) 9 9914-5825