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Andreas Soos/AFP
Como pode uma aeronave simplesmente desaparecer do radar, a exempo do
que ocorreu com o avião da EgyptAir, que voava de Paris para o Cairo na
madrugada desta quinta-feira (19)?
Segundo o especialista em
aviação Alex Macheras, a aeronave, um Airbus A320, é regularmente usada
para voos de curta duração e tem um "excelente histórico de segurança".
Ian Petchenik, do site Flightradar24, explica que aeronaves são
monitoradas por sinais de rádio que são enviados por meio do
transponder.
"Há inúmeras maneiras de um avião simplesmente
desaparecer do radar. Mas a esta altura não sabemos quase nada sobre
este voo específico", afirma.
O Airbus A320 sumiu 20 minutos
antes do horário previsto para o pouso. Segundo a companhia aérea, a
aeronave voava a 11,3 mil metros de altitude sobre o mar Mediterrâneo às
21h45 de Brasília na quarta-feira (2h45 do Cairo), quando perdeu
contato com o radar.
A empresa informou que 56 passageiros, 7 tripulantes e 3 seguranças estavam no voo MS804.
Equipes de resgate egípcias e gregas foram enviadas para a última posição conhecida da aeronave.
Segurança
Segundo especialistas, aeronaves modernas como o Airbus estão equipadas
com vários dispositivos eletrônicos que comunicam ao controle em terra
sua localização.
Mesmo com um defeito grave, haveria tempo para o
piloto agir e informar o controle sobre eventuais problemas. E, quando
os aviões enfrentam problemas graves, isso deveria deixar pistas.
Se todos os motores falham ao mesmo tempo, por exemplo, o piloto ainda
deveria ser capaz de planar por quilômetros, com tempo suficiente para
enviar um pedido de ajuda pelo rádio. E seria possível ver a descida do
avião pelo radar.
Em caso de sequestro, os pilotos podem enviar
códigos emergenciais especiais, como, por exemplo, quando alguém tenta
invadir a cabine de controle.
Se tivesse havido uma súbita
despressurização na cabine, por causa de uma janela quebrada, por
exemplo, a tripulação poderia mergulhar o avião para reduzir a altitude,
mas o avião não deveria se desintegrar.
Normalmente, o
desaparecimento súbito de aviões do radar sugere uma súbita falha
catastrófica em pleno ar, ou uma ação externa extrema, como um ataque ou
uma explosão provocada por uma bomba.
Contato
No caso
do Airbus 320 da EgyptAir, controladores de tráfego gregos falaram com
os pilotos quando o avião se encontrava sobre a ilha de Kea, e não houve
relato de problemas. Este teria sido o último contato feito pela
aeronave, cerca de dez minutos antes do desaparecimento.
Depois
disso, há informações controversas. Citando um comunicado da EgyptAir, o
jornal estatal egípcio al-Ahram disse que o Exército egípcio recebeu
uma chamada do avião comunicando problemas por volta das 04:26 do
horário local - ou seja, duas horas depois de o voo desaparecer.
Mas, logo depois, o Exército negou a informação e disse que este sinal não foi recebido.
Mistério
A situação inicialmente lembra a de dois outros acidentes: a queda do
voo 447 da Air France e o desaparecimento do MH370 da Malaysian
Airlines.
O avião da Air France, que fazia a rota entre o Rio de
Janeiro e Paris, desapareceu em junho de 2009 quando sobrevoava o
Atlântico. Os investigadores levaram anos para encontrar todas as peças e
descobrir exatamente o que aconteceu.
Já o caso do MH370 é bem
mais misterioso: as primeiras peças foram encontradas apenas no ano
passado e o avião não foi localizado até hoje.
Mas há outros incidentes recentes na região que podem indicar possíveis explicações para o desaparecimento do avião.
Em março, um avião da EgyptAir foi sequestrado e desviado para o
Chipre. O sequestrador acabou se rendendo e os reféns foram liberados.
Em outubro, um avião russo que ia do balneário de Sharm el-Sheikh caiu na península do Sinai matando 224 pessoas a bordo.
A Rússia e o Egito afirmam que a queda foi causada por um explosivo -
militantes do grupo autodenominado Estado Islâmico dizem que explodiram a
aeronave.