Testamos: divertido, PlayStation VR ainda precisa superar barreira do preço
Quem
visitar a Brasil Game Show, um dos maiores eventos de games da América
Latina, em São Paulo, pode ter a chance de experimentar o PlayStation
VR, óculos de realidade virtual do PlayStation 4. O acessório permite
que o usuário jogue títulos em 360 graus com toda a imersão possível
pela tecnologia e está disponível para os visitantes do evento no
estande da Sony.
Nesta segunda-feira, 5, último dia de BGS, o Olhar Digital
testou o dispositivo. Entre os games disponíveis ao público para teste,
fomos convidados a conhecer o Rez Infinite, um jogo do gênero “corrida
infinita” (endless runner) com elementos psicodélicos, gráfico pixelado e
mecânicas dos famosos jogos “de navinha” da época do Atari.
Na demo de quase 5 minutos a que tivemos acesso, você
controla uma nave eletrônica, voando sempre para a frente. No caminho,
naves inimigas surgem na sua frente atirando mísseis e tentando te
destruir. Pressionando e soltando o X no DualShock, você deve marcar e
disparar contra os inimigos, mirando apenas com o movimento do headset
de realidade virtual, que lhe permite ver o ambiente em todas as
direções possíveis.
Em termos de imersão, o PSVR não deixa a desejar. Embora os
gráficos de Rez sejam bem simples, é possível sentir como se você
estivesse dentro daquele mundo virtual de verdade. A julgar pela
demonstração, gráficos fotorrealistas com essa tecnologia devem ser
ainda mais impressionantes. É claro que a experiência pode mudar de
acordo com o game e com o estúdio, mas Rez certamente é um exemplo que
deu certo em termos de como usar a tecnologia a favor de uma mecânica
interessante.
Já o headset, em si, é muito confortável e leve. Não há
qualquer limitação nos movimentos da cabeça e, mesmo bem firme, sem
folgas ou espaços sobrando, você não sente como se o PSVR estivesse
apertado demais. O encosto dos olhos e a distância podem ser ajustados, o
que também favorece os jogadores com algum tipo de deficiência visual
leve (miopia ou hipermetropia, por exemplo), que não podem usar seus
óculos de grau enquanto jogam em realidade virtual.
Resumidamente, a experiência com o PSVR é extremamente
divertida e empolgante. O que incomoda, porém, é um fator externo ao
gameplay: o preço. Ainda sem valor ou data de lançamento definidos para o
Brasil, o headset começa a ser vendido nos EUA em outubro por US$ 400. O
acessório chega a custar ainda mais caro do que um PS4, que pode ser
encontrado por US$ 350 em algumas lojas norte-americanas.
Se em dólar o preço assusta, a projeção de venda do
dispositivo no Brasil (mais de R$ 1.500 em conversão direta) é ainda
mais difícil de engolir. Continua sendo mais barato do que o Oculus
Rift, por exemplo, mas caro demais para o que deveria ser “apenas” um
acessório, e que mais parece um novo videogame a julgar pelo valor.
Com um preço tão alto, o PSVR corre o sério risco de não se
popularizar. E se isso acontecer, o interesse dos estúdios em criar
games compatíveis também pode ser abalado. Resultado: jogadores que
pagaram um valor absurdo pelo acessório e que mal podem jogá-lo porque
não há títulos suficientes para a plataforma. Mais ou menos o que
aconteceu com o Kinect no fim de sua vida útil.
É claro que isso pode mudar com o lançamento do prometido “PS4 Neo”,
suposta nova versão do console da Sony com mais poder de processamento
para rodar games melhores em realidade virtual. A Microsoft também
planeja algo nessa linha com o já anunciado Project Scorpio para o ano
que vem. Só os consumidores, porém, é que vão determinar se a realidade
virtual é essa revolução que a indústria imagina ou se é apenas mais um
investimento furado.